Dia Nacional do Reggae

Você sabia que o dia 11 de Maio é o “Dia Nacional do Reggae”? Instituído em 2012 através de Lei Federal, o Dia Nacional do Reggae teve a data escolhida em referência ao dia da morte do cantor e compositor jamaicano Robert Nesta Marley, também conhecido como Bob Marley, o responsável por difundir o ritmo pelo mundo. 

O reggae teve sua origem na Jamaica em meados do século XX, resultado da mistura de ritmos africanos, indígenas e europeus. Para além do ritmo lento e dançante, observa-se no reggae o sentido do pertencimento, da luta e da denúncia através de letras que falam de paz, amor e demonstram o descontentamento crítico com o mundo e a sociedade. O reggae recebe também a influência do rastafarianismo, uma religião africana que iniciou sua difusão em 1920 com a distribuição (inicialmente secreta) da Bíblia Negra e cuja divindade é um Deus negro chamado Jah.

No Brasil, a cidade de São Luís (Maranhão)  leva o título de capital nacional do reggae. O ritmo começou a ser difundido por aqui na década de 60, sendo Gilberto Gil um dos primeiros expoentes. 

Além de Gil, o Brasil tem um grande número de bandas e artistas que se dedicam ao gênero. Para conhecer alguns ou apenas curtir um som gostoso, sugiro que curtam a minha playlist de reggae nacional no Spotify. 

Chuvas

O homem construiu.

Para construir,

Cavou e desmatou

Aterrou, modificou

O homem se espalhou

Para se espalhar

Destruiu.

O homem lucrou

E para lucrar mais

Destruiu sem pestanejar.

Não foi só para morar

Nem só para comer.

Foi para acumular.

A chuva, choveu

O rio encheu

Encheu

Vazou

O que o homem construiu

A água encheu,a água levou.

Levou a casa grande e o barraco

Levou de quem se acha rico 

Levou do trabalhador

Levou de quem nem pensou em lucrar

Levou de quem destruiu e de quem preservou

Pois a natureza é cega em seu sofrimento

Sua fúria desconhece fronteiras

Chove aqui, seca acolá

Inunda aqui, incendeia ali.

Morre gente, morre bicho, morre planta.

O lucro de uns poucos 

É garantido pela tragédia de tantos. 

A culpa não é da água, da chuva

A culpa não é do Rio.

A culpa é de quem permitiu 

Que o progresso ferisse a Terra

De quem em nome do lucro

Do dividendo, da propina 

Disse amém aos desmandos

ao ecogenocídio

Passando boiada

Na canetada.

Na hora da tragédia

A bancada do boi

Nem dá um oi

A bancada da bala

Muda o assuntou ou se cala

E a bancada da Bíblia

Põe a culpa no imaginário pecado.

Pois a culpa é deles e eles colocam

Em quem quiserem.

Respiram impunidade. Transpiram maldade.

Sem arrependimentos, esquecem o povo

Hipócritas, eles seguem orando: 

Em nome do dinheiro, amém. 

Até o dia em que a natureza os atinja também. 

Samhain

Cubra a noite o céu soturno

Caia sobre nós o brilho noturno

Samhain traz o novo ciclo de luz

Que o argênteo brilho da lua traduz!

Abra-se sobre a Terra o portal dos mundos

Revelando o futuro e os desejos profundos

Unindo por fugaz momento o passado e o presente

Antepassados nos visitam neste momento veemente

Celebremos a última colheita!

Rigoroso o inverno nos espreita

Círculo aberto, alma pura

Os dons mágicos iluminam a noite escura

Sob o luar esperem o sol nascer

Entoem e cantem a alegria de viver

A luz já vai a madrugada romper

O Deus Sol morre, mas logo vai renascer!

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O conto do mar

Caminhavam pelo calçadão. Dezembro havia chegado sorrateiramente e com ele as noites quentes, as ruas lotadas e aquela alegria quase inexplicável dos finais de ano. Havia montes de areia macia próximos ao calçadão e ela sentia uma pontinha de inveja da liberdade das crianças que podiam sujar as roupas escorregando e voltando a subir – seria mágico poder brincar assim com o príncipe que a estava acompanhando naquela noite estrelada. Sentaram-se no que restara da plataforma de pesca, de onde conseguiam ver não apenas o céu iluminado, como também as luzes dos prédios da cidade e os navios que se preparavam para entrar ou sair do porto em direção a destinos desconhecidos. Havia um assunto pendente há algumas semanas: Sentimentos. Ela confessara a ele que não podia mais vê-lo apenas como um amigo, que havia algo mais – paixão. E ele, com a mesma delicadeza da brisa que os tocava, explicou-lhe os vários motivos pelos quais não era possível, naquele momento, corresponder a seus sentimentos. Ela não se surpreendeu. No fundo, acreditava que ele merecia uma garota mais interessante que ela. Sorriu e disse a ele que não se preocupasse pois estava acostumada ao sentimento de rejeição. Segurou as mãos dele. Uma pergunta estava ainda no ar – Sem a possibilidade de serem um casal, ela aceitaria ser treinada para ser sua submissa? Sua Baby Girl? Aceitaria continuar desbravando apenas os caminhos do prazer, deixando para trás os caminhos do sentimento? Naquele momento, sob o céu que inundava a cidade de estrelas, banhada pela brisa salgada do mar com a trilha sonora das ondas, ela disse o sim que jamais imaginara dizer: Sim. Ela aceitava continuar tentando conhecer aquele lado obscuro da paixão – o lado que segue por estradas escuras em busca do prazer sem culpa, sem amor e sem compromisso. Aceitava em partes por paixão, em partes por curiosidade, em partes por um senso de proteção – Sem amor, desilusão ou dor – pensava a garota cuja alma de tão partida já não era mais que um quebra cabeça de cacos de vidro.

Caminharam de volta ao carro que ele havia deixado no estacionamento de uma lanchonete fast-food. Ele a tocava com desejo – suas mãos a faziam esquecer o bom senso e entregar-se. Ele pegou uma corda – não muito fina, nem tão grossa e colocou em suas mãos para que tocasse. Ela estava deitada sobre as pernas dele e o observava enquanto ele desbravava seu corpo com uma das mãos e, com a outra, passava a corda pela pele dela, deixando-a sentir a textura e o cheiro. Ele juntou as mãos dela, prendendo-a pelos pulsos, sem, no entanto, imobilizá-la. Talvez por ser a primeira vez que experimentava ter uma corda em seu corpo, ele a deixou segurar, dando-lhe a segurança de poder retirar quando sentisse necessidade. Ele era um príncipe, um feiticeiro e um marinheiro que a havia prendido em seu convés. E ela se fazia mar para que ele a explorasse até a exaustão. Ele lhe ordenou que fechasse os olhos – ela desejava mergulhar no olhar dele, mas havia concordado em obedecer sem questionar – fechou os olhos e se concentrou na sensação áspera das cordas ao redor dos pulsos, no calor dos lábios dele que por vezes tocaram os dela, no calor da pele dele… E de repente numa explosão onde as estrelas se encontraram com o mar ela se perdeu. Sentiu que ele retirava as cordas de seus pulsos e a acariciava com delicadeza. Mostrou-lhe as marquinhas delicadas na pele onde a corda estava posicionada e, em seguida, direcionou as mãos dela, olhando-a com um fixamente – Ele não precisou falar nada para que ela se dedicasse a dar a ele a mesma sensação de mergulho no infinito. Sentiu quando ele se derreteu em suas mãos e relaxou. Recompuseram-se e foram embora. Ambos iriam trabalhar no dia seguinte, a vida precisava prosseguir com seus afazeres e excessos de tarefas. Ela seguiu saciada de uma sede que nunca soube que existia dentro dela. Ele seguiu sorrindo. Ela sorria também, assustada pela estrada que estava percorrendo – Ele seria o seu anjo obscuro, que a levaria conhecer sua parte mais secreta? Estaria preparada para crescer tão depressa, enterrando seus inocentes sonhos de princesa, já parcialmente destruídos?

 17/Dezembro/2017

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Nunca antes na vida

Nunca antes na vida

 O amanhecer fora tão luminoso

 Nunca houvera uma paixão a ser vivida

 Um olhar, um beijo pecaminoso

Uma trilha estreita a percorrer

 Uma única palavra, um único sentimento

De amor viver

Um último momento

O coração é virgem floresta

 Onde o pequenino arqueiro faz festa

E brincando nos fere

Quando suas setas de amor ele desfere

E o que a aurora diz?

Se um só nome pode me fazer feliz

E a luz do sol? E o calor do dia?

Ah, quando se ama, tudo é poesia!

A alma em ruínas

O corpo que arde de desejo

Lembranças de coisas pequeninas

 Saudades daquele beijo

Parece que até o pássaro a voar

Está seu nome a cantar

Parece que o vento está a sussurrar

 Lembrando-te que eu estou a te esperar.

(Poema sem data, escrito por volta de 2009)

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Sob a nascente aurora

Sob a nascente aurora

Mais uma vez ela chora

Após a longa noite não dormida

Recitando o nome dele como cantiga

Os pés descalços na areia macia

A face orvalhada por uma lágrima fria

O olhar distante de quem ama

E amando esquece que a vida é tênue chama

Ela traz  a lembrança dele no olhar

Ela traz a imagem dele no coração

Ela conhece o amor e a paixão

E só para ele se faz rosa a desabrochar

Ela não sabe para onde o vento a guiará

Ela não sabe se de amor morrerá

Mas ela sabe que sempre o amará

E quase morta de amor viverá

Ela não sabe onde ele está agora

Mas sonha vê-lo chegar a qualquer hora

E assim solitária caminha

E assim caminhando sonha

Ela sonha, ela espera, ela o chama.

E ele? Onde anda? Será que a ama?

Ela não esquece o dia em que o conheceu

Mas às vezes, pensa que ele a esqueceu.

(Poema antigo)

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meu coração magoado

Meu coração magoado,

Perguntou ao mar

Por que estou em lágrimas afogado?

Por que amar?

E o mar respondeu cantando:

O amor é como as ondas

Elas batem nas rochas, brincam na areia onde andas

São lindas, mas ferem de vez em quando

O mar sem ondas, não seria o mar

O coração sem amor

Não teria porque não teria calor

Esse é,minha jovem, o motivo do amor

Meu coração inconformado

Perguntou ao céu estrelado:

Por que amamos?

As estrelas responderam: Sem amor, sozinhos estamos

O Amor é o céu cintilante

É na vida o maior tesouro e sorte

É da alma um diamante

E se verdadeiro for, nos acompanha até a morte

Meu pobre coração partido

Perguntou ao lírio florido:

Ó bela flor, qual a cura para essa dor

Que chamamos Amor?

A linda flor assim disse:

O amo é belo e insondável

E traz muitas vezes dor inevitável

Que não se aplaca ou cura, apenas vive-se

Já sem esperança

O coração falou a uma criança:

Ah, lindo anjo que ainda pouco viveu

Não siga esse caminho meu

Do amor, mantenha distância segura

Pois sua dor não se cura

Seu brilho rapidamente se ofusca

E nos lança numa eterna busca

A bela criatura assim falou:

Nas trilhas do amor, há muito estou

Sigo seus passos, sigo seus rastros

O busco nas flores, no mar e nos astros

Pois do amor nós surgimos

E dele não adianta fugirmos

O amor está em tudo

E recusar-se a vivê-lo é recusar a vida, o mundo

Inconformada, perguntei ainda:

Mas não o temes? Não receias sofrer?

Ao que me respondeu: Receio não viver.

Cada lágrima de amor colore a vida, fazendo-a linda

O amor é arte, é aquarela

A vida é branca tela

Com ele, desenhamos paisagens

Ainda que chovam lágrimas nessas viagens.

(Poema antigo de minha autoria- sem data)

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o primeiro beijo

 O enlevo da alma

Se espelha

Nos olhares trocados

Se espalha

Pela pele, nos dedos entrelaçados

O coração pulsa, quase para

Dispara

Quando os lábios se tocam

E os olhos se cerram

Breves minutos de um sonho real

Ah, pudesse o tempo parar

Naquele momento em que você levou meu ar…

E agora sei: meu coração nunca mais será igual!

(E enquanto escrevo, posso sentir teu toque, teu olhar…Intensa ternura… Me sinto flutuar…E sei que ao dormir, com você irei sonhar…)

  31/10/2013

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Encubra o noturno manto

Encubra o noturno manto

Os mistérios que n’alma moram

As lágrimas que do olhar afloram

A tristeza que cala meu canto

Minha alcova é da tristeza recanto

De minha harpa só ressoaram

Breves notas de alegria que ficaram

Num passado distante, doce encanto

Jazem a um canto as partituras

Da canção que teu falar cantava

Que afugentava d’alma noites escuras

Registros de quem te amava

Sem sonhar as tristes agruras

Do silêncio pior que palavras duras

(Poesia sem data, suponho que 2015/2016)

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Um peixe boi e uma playlist

Eu comecei a estudar canto em 2012 e parei oficialmente em 2020, na pandemia. Nunca fui uma aluna excelente, mas tive bons momentos. O que me espanta é que durante anos, com diversos professores e colegas, cantei errado uma música e ninguém percebeu. Vejam bem, não era um errinho bobo. Era um baita erro: Na “Canção do Pescador” há um trecho cuja letra diz “se Deus quiser quando eu voltar do mar, um peixe bom eu vou trazer”. Por algum motivo, eu entendia e cantava “um peixe boi eu vou trazer” – Ignorando completamente a partitura (Que certamente trazia a letra correta) e a lógica (peixe boi vive no rio. Quem traria um peixe boi do mar?), eu passei bons anos da minha vida cantando errado. Até me deparar com os alunos da escola que trabalho cantando essa música com o nome de “puxada de rede” em uma apresentação da capoeira e descobrir que a letra correta fala sobre “peixe bom”. Quem nunca errou a letra de uma música, atire a primeira pedra.

Música é um tema que amo e que há tempos não aparece aqui nas postagens do blog, por isso decidi compartilhar com vocês, além da história da música do peixe boi…digo, peixe bom, algumas músicas que já fazem parte do meu dia a dia e do meu coração: Músicas para jogar capoeira (sim, como vocês podem perceber, tem sido um hiperfoco desde que eu voltei a praticar). São músicas muito ricas do ponto de vista rítmico e cultural, o que faz com que sejam muito gostosas de ouvir, mesmo quando não se está praticando o esporte. Vou deixar aqui o link das minhas favoritas e o link da minha playlist completa (a playlist completa cresceu tanto que dificilmente eu escuto inteira no mesmo dia).

  1. Marinheiro só
  2. Sabiá cantou
  3. Linda capoeira
  4. Viva a capoeira
  5. Mundo enganador
  6. Puxada de rede
  7. A maré a maré
  8. Canto na Areia
  9. É no balanço do mar
  10. Adeus Besouro
  11. Axé
  12. Capoeira é minha alegria

Minha playlist completa

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