Valeska – Considerações sobre o primeiro romance de uma autora e seus naturais erros.

Escrever sempre fez parte dos meus dias desde que em tenra idade comecei a entender a magia de unir letras e palavras para contar histórias – histórias que eu pretendia que, um futuro dia fossem tão boas e belas quanto as que eu lia. Os anos, passando depressa, sempre foram acompanhados de cadernos, rascunhos arremessados ao lixo ou guardados com zelo de quem admira a própria obra. Foi por volta do início dos anos dois mil que, pela primeira vez, arrisquei-me a escrever uma história mais longa, meu primeiro romance, Valeska. Por esta época, trabalhava em um bingo e era alvo de constantes brincadeiras por ter o costume de escrever, no verso das cartelas usadas e comandas, pequenos poemas. Valeska acabou sendo o resultado de uma brincadeira, colegas de trabalho me desafiavam a escrever um romance de temática LGBT com cenas “picantes”. Escrevi-o, de fato, incluindo alguns poemetos como parte do texto. Confesso que, nesta primeira obra, há algumas falhas de revisão e é com grande desgosto que, algumas vezes faço uma releitura e encontro erros dignos de quem, no afã inicial de criar diferentes mundos, publicava suas postagens sem revisar, escrevendo durante as madrugadas de trabalho em papéis dispersos e depois publicando em sites. Corrijo, é bem certo, tais erros na medida em que os vou encontrando, pois, ao passar os texto aqui para o blog, sinto que não revisei suficientemente. Outro erro, entretanto, é incorrigível e assolou-me, sem que eu percebesse, boa parte do início de minha “carreira”: Cometi o terrível engano de escrever sobre o amor, sem contudo tê-lo ainda conhecido. Em minh’alma, do amor só brotavam ecos das palavras lidas em clássicos romances e poesias, misturados certamente a alguns reparos dos olhos colocados aqui e ali, sem grande interesse ou emoção. Tudo tão insuficiente para falar verdadeiramente de amor – coisa que, somente anos depois, em dois mil e treze, eu perceberia, ao conhecer o “Bambino” que roubou meu coração – mas esta é uma outra história. Voltemos então a falar sobre Valeska. A história narrada é a de uma adolescente paulistana que vive uma paixão com sua melhor amiga e, num ato impensado, coloca tudo a perder. A personagem mantém um caderno, no qual escreve cartas poéticas. Os anos passam e o destino das desditosas amantes dá inúmeras voltas. Clichê com cenas demasiadamente explícitas, o romance, publicado de capítulo em capítulo no Recanto das Letras, foi responsável pelos primeiros contatos travados com outros escritores naquele site e também por chocar pessoas que na época me conheciam e, infelizmente, incapazes de separar a escritora da menina, passaram a me tratar como mulher feita, perdendo o recato nas conversas e os modos no tratamento, coisa que em absoluto eu não esperava, mas nem por isso, impediu-me de escrever logo em seguida meu segundo romance, Bianca, sobre o qual oportunamente falarei aqui. O fato é que tenho buscado organizar por data de publicação, meus poemas e textos em um caderno, numa tentativa de organizar minha produção literária e também de perceber as mudanças dos meus textos com o passar dos anos. Não me iludo crendo ser uma escritora de grandes e imortais obras, mas percebo que a qualidade do que escrevo melhorou sensivelmente com o passar dos anos, principalmente depois que eu passei a falar de amor conhecendo de fato todas as dores e alegrias de amar alguém de forma profunda e verdadeira – acredito mesmo que, caso o romance Valeska tivesse sido escrito sobre influência de um amor verdadeiro, certamente o desventurado casal teria tido outro final. Enfim, leitor e leitora, agora que já falei um pouco sobre meu singelo primeiro romance, deixo-os com um dos poemetos que a personagem Valeska escreveu para a amada Marjorie. Não reparem na singeleza das palavras e nem no mal-jeito do escrito, lembrem-se que, quem escrevia na época, tinha dezenove anos recém completos e o fazia num salão lotado, cheio de fumaça e, acima de tudo, com a alma ainda intacta, sem conhecer de fato o amor – como poderia em tais circunstâncias produzir uma poesia capaz de  arrancar lágrimas ou suspiros se nem eu mesma conhecia tais sensações? Ainda que hoje encontre tantos defeitos em meus antigos textos, não os renego, que seria de mim sem estes primeiros rascunhos? Ainda me dedicaria a escrever? Leria ainda com assiduidade? Como tudo, escrever requer prática e sentimento – e se aos dezenove anos eu ainda não os tinha, hoje, aos trinta e dois, vou adquirindo o primeiro e sentindo na alma as dores eternas de ter sido atingida pelo segundo.

Amor

Amor, palavra profunda
Amar é querer bem a alguém,
É querer este alguém sempre perto
É querer ser feliz, e querer mais ainda fazer feliz o ser amado
Amor
Sentimento difícil de disfarçar
Você fez o amor brotar em meu coração
Numa nuvem de paixão
Amo-te, mais e mais a cada momento

(Poema escrito em 2005, publicado em 2008)

 

Para quem desejar ler o livro completo: Valeska Capítulo 1

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Sobre a modernidade – Charles Baudelaire

Eu não conhecia o trabalho de Charles Baudelaire como crítico de arte e, considerando que não tenho por costume ler nada sobre o assunto, bem pouco posso falar sobre o conteúdo do livro em questão. Achei bem interessante a forma como Baudelaire analisa o conteúdo das obras, bem como sua escrita que demonstra que o autor, antes de se lançar a analisar uma obra, mergulha profundamente em seus pormenores. O livro, apesar de antigo, contém uma crítica que eu acredito aplicar-se bem aos dias atuais: o exagerado culto aos ‘mestres’ de determinada arte que torna ignorados, quase inexistentes, outros artistas ainda não famosos, porém de talento ímpar. Um bom livro, de linguajar fácil e texto conciso.

Buffy, a caça vampiros: A Irmandade. – Elizabeth Massie

Todo livro tem seus pontos fortes e fracos. No caso da Buffy, a história é simples demais, lenta demais – talvez a série, com todos os recursos audiovisuais, seja mais interessante e consiga prender a atenção com mais sucesso que o livro. Mas como eu disse no início deste texto, sempre procuro tentar encontrar pontos positivos nos livros que leio e, no caso de “A Irmandade”, o ponto forte é a possibilidade de discutir com os mais jovens a diferença entre feminismo (mulheres em igualdade de direito com os homens) e femismo (mulheres buscando superioridade de direitos em relação aos homens), bem como a questão do diálogo familiar e do quando o machismo pode levar uma adolescente a fazer coisas das quais depois irá se arrepender. Importante se atentar sobre o fato que, numa leitura sem acompanhamento ou debate, o jovem muito provavelmente não se dará conta dos detalhes acima citados, isso porque em nenhum momento a autora utiliza o espaço artístico para levantar tal discussão e elucidar as diferentes situações, o que é uma grande perda, uma vez que o texto divertido, leve e ao mesmo tempo um tanto tenso e misterioso, poderia ser utilizado como espaço de reflexão para os jovens.

Opinião pessoal: Se estiver com muita vontade de ler, dê uma busca em bibliotecas, sebos ou mesmo na internet antes de adquirir um exemplar. Caso pretenda presentear algum adolescente com a intenção de estimular a leitura, procure outros livros mais intensos (exceto se o adolescente em questão gosta da personagem e está com vontade de ler o livro).

 

Ornamentos na música erudita e popular

A postagem de hoje é dedicada especialmente aos que estudam música e sabem que nós, músicos, não temos férias. Pois é, Relendo alguns materiais do ano passado, encontrei este trabalho que eu tive que fazer ano passado para garantir nota no curso de música e decidi compartilhar com vocês! Espero que gostem bastante!

1- O que são ornamentos

1.1  Surgimento dos ornamentos.

2 – Ornamentos na música erudita e na música popular.

3- Os ornamentos na música erudita.

3.1 – Trinado ou trilo

3.1.1 – Trinado Simples

3.1.2 – Trinado Alterado.

3.1.3 – Trinado precedido de apoggiatura ou floreio.

3.1.4 – Trinado sucedido por apoggiatura ou floreio.

3.2 –  Mordente.

3.3 – Grupeto.

3.3.1 – Grupeto de ataque

3.3.1.1 – Grupeto superior

3.3.1.2 – Grupeto inferior

3.3.2 – Grupeto Medial

3.3.2.1 – Grupeto medial superior.

3.3.2.2 – Grupeto medial inferior.

3.4 – Appoggiatura, apojatura ou apogiatura.

3.4.1 – Apojatura longa ou expressiva.

3.4.2 – Apojatura breve.

3.4.3 – Acicatura.

3.4.4 – Apojatura irregular.

3.4.5 – Apojatura Sucessiva ou dupla.

3.4.5.1 – Apojatura sucessiva irregular.

3.5 – Floreio.

3.6 Portamento.

3.7 Cadenza ou cadência.

3.8 Arpejo.

3.9 Glissando.

3.9.1 Glissando diatônico.

3.9.2 Glissando cromático.

3.9.3 Glissando microtonal 

3.9.4 Glissando da série harmônica.

3.9.5 Glissando superior e inferior.

3.10 Trêmulo.

4 – Os ornamentos na música popular.

4.1 Slide.

4.2 Bend.

4.3 Hammer on.

4.4 Pull Of 

4.5 Vibrato.

4.6 Shake.

4.7 Trill 

4.8 Legato slide.

Bibliografia.

 1- O que são ornamentos

 Toda melodia é formada por notas musicais; quando um grupo de notas forma uma melodia, esse grupo passa a ser chamado de notas reais. Em alguns casos, no intuito de adornar ou enfeitar as notas reais de uma melodia, são acrescentadas notas ou mesmo grupos de notas, formando desenhos melódicos – essas notas ou grupos de notas são os chamados ornamentos. Vale lembrar que os ornamentos não são estritamente necessários na linha melódica, eles podem ser escritos na partitura por sinais gráficos ou pequenas notas, mas também podem ser improvisos acrescentados pelo executante, o que já foi relativamente comum na musica vocal antiga e na ópera. Portanto, é possível que os ornamentos sejam:

  1. Inteiramente improvisados – Ou seja, sem nenhuma informação na partitura.
  2. Indicados na partitura – O compositor indica com sinais gráficos a ornamentação que deseja incluir no trecho, mas não escreve as notas exatas.
  3. Grafados detalhadamente – O compositor escreve na partitura as notas exatas que deseja incluir no trecho.

1.1  Surgimento dos ornamentos

Os instrumentos de tecla antigos nem sempre apresentavam a sonoridade almejada pelos músicos, de modo que para evitar “lacunas” nos sons, os músicos acrescentavam notas inexistentes na partitura. A dificuldade de se traçar o histórico do uso de ornamentos na música decorre do fato de que, até o século XVII não era comum que eles fossem escritos – o que fazia com que em muitos casos a melodia original ficasse completamente diferente do que o compositor havia idealizado, a depender da ornamentação utilizada pelo interprete.  Seu uso decaiu durante os séculos XIX e XX, exceto no Jazz.

 2 – Ornamentos na música erudita e na música popular

Na música erudita, há nove tipos de ornamentos, cada um com características próprias sobre as notas que englobam: Trinado ou trilo, mordente, grupetto, apogiatura ou apojatura, floreio, portamento, cadência (cadenza), arpeggio ou arpejo e glissando.

Já na música popular os ornamentos consistem no uso de sistemas de execução com a intenção de extrair interpretações diferentes sobre o trecho musical. Neste caso, originaram-se na guitarra elétrica e são utilizados também no baixo elétrico. São eles: Slide,  bend, hammer-on, pull-of, vibrato, shake, trill, legato slide.

3- Os ornamentos na música erudita

 3.1 – Trinado ou trilo

 Indicado pelo sinal tr ou pelo sinal gráfico, consiste na alternância rápida de duas notas – a real e o grau conjunto superior ou inferior (este caso é bastante raro).

trinado ou trilo

trinado ou trilo 2

Em relação ao acento e a duração, salienta-se que o primeiro é sempre na nota real e a duração é equivalente a da nota real.

Há quatro tipos possíveis de trinado: Trinado Simples, trinado alterado, trinado precedido de apoggiatura ou floreio, trinado sucedido de apoggiatura ou floreio.

O trinado em geral começa e termina na nota real e sua velocidade é irregular, variando de acordo com a estética.

3.1.1 – Trinado Simples

Neste caso o trinado está acima de uma nota principal – ou seja, a nota principal será tocada revezadamente com a nota um intervalo de 2ª menor ou de segunda maior – um semitom ou um tom acima (dependendo da tonalidade na qual a música está escrita), assim, se há um trinado acima da nota dó, toca-se alternando dó e ré ou dó e ré bemol – salientando-se que o ré do trinado será bemol caso a tonalidade da música tenha o bemol como acidente fixo da nota ré, ou seja, os acidentes fixos da armadura alteram o trinado.

tr simples

3.1.2 – Trinado Alterado

Neste caso, haverá um sinal de alteração acompanhando o trinado, fazendo com que a nota acrescentada sofra essa alteração – vale salientar que os acidentes fixos na armadura de clave podem ser alterados com a utilização de um bequadro ao lado da notação do trinado se for o caso.

tral

3.1.3 – Trinado precedido de apoggiatura ou floreio

Também identificado por trinado com preparação, este tipo de trinado é aquele cuja nota principal está precedida de apoggiatura ou de floreio e, neste caso, o conjunto do trinado irá começar por ela. Exemplo – uma apoggiatura com a nota lá seguida por uma nota sol com trinado. Se a grafia fosse apenas o Sol com trinado, as notas tocadas seriam Sol e Lá. Com a nota Sol precedida pela apoggiatura, as notas tocadas serão Lá e Sol. O mesmo se aplica com o floreio, conforme pode-se ver na seguinte imagem:

tpaf

3.1.4 – Trinado sucedido por apoggiatura ou floreio

Também conhecido como trinado com resolução, o trinado sucedido por apoggiatura ou floreio é o que ocorre quando há uma apoggiatura ou floreio após a nota grafada com trinado e, neste caso o trinado acabará com as notas da apoggiatura ou do floreio. Assim,: um lá com um trinado acima, após a nota principal encontramos o floreio de lá-sol-lá-dó. Tocaremos: lá-si-lá-si-lá-si-…-lá-sol-lá-dó.

tsaf

Pode ocorrer um outro tipo de trinado, onde se misturam os dois últimos tipos demonstrados – ou seja, um trinado misto entre o precedido por apoggiatura ou floreio e o sucedido por apoggiatura ou floreio. Esse trinado também será chamado trinado com preparação e resolução. Vejamos:

tpr

 3.2 –  Mordente

Sinalizado por uma linha curva parecida com um M, o mordente pode ser superior ou inferior (também conhecido como mordente invertido),englobando a nota principal e uma sucessiva formando um intervalo de segunda maior ou menor de acordo com a tonalidade da música ou indicação na partitura. A diferença entre os dois é que o trinado mantém-se pelo tempo da nota principal, enquanto o mordente caracteriza-se por uma única e rápida alternância, utilizando-se apenas três notas, como pode se verificar na figura abaixo:

mordente

Na execução, o mordente terá uma parte do tempo da nota real, e o acento será na primeira nota do ornamento.

O mordente também pode ser duplo, ou seja, executado mais de uma vez. Neste caso, ele é grafado pelo sinal gráfico repetido e emendado um no outro:

mordente 2

Um detalhe importante: O mordente poderá ser grafado sem o sinal gráfico, na forma de apojaturas sucessivas:

mordente 3

3.3 – Grupeto

Grupeto significa pequeno grupo de notas, e compõe-se de três ou quatro notas que precedem ou sucedem a nota real. Sua representação assemelha-se a uma letra “s” deitada e possíveis acidentes ou alterações devem ser grafados acima ou abaixo do sinal gráfico.

O grupeto pode ser superior (começa um grau acima da nota real), ou inferior (começa um grau abaixo da nota real) e pode ser de ataque (executado no início da nota real) ou medial (executado no meio ou no final da nota real), conforme os seguintes exemplos:

3.3.1 – Grupeto de ataque

3.3.1.1 – Grupeto superior

Forma-se por três notas: Um grau acima da nota real, nota real, um grau abaixo da nota real e volta para a nota real. Em relação ao tempo, este grupeto fica com a primeira parte do tempo da nota real, e o acento fica na nota real executada ao final do ornamento, desta forma:

grupeto superior

3.3.1.2 – Grupeto inferior

Assim como o grupeto superior, é formado por três notas, porém, neste caso, a ordem é: Um grau abaixo da nota real, nota real, um grau acima da nota real e volta para a nota real. Em relação ao tempo e ao acento, mantém-se as regras do grupeto superior.

Exemplos:

grupeto inferior

Caso se deseje, pode-se grafar o grupeto como apojaturas sucessivas, sem utilizar o sinal gráfico.

3.3.2 – Grupeto Medial

Executado no meio ou no final da nota real, o sinal gráfico é colocado entre a nota real e a nota seguinte:

grupeto medial

3.3.2.1 – Grupeto medial superior

Quando o ornamento é um grupeto medial, é importante notarmos que as regras irão variar de acordo com a nota real. No caso de nota real sem ponto de aumento, o grupeto será formado por quatro notas, executado na segunda metade ou ultima quarta parte, ou outra fração final da nota real, que receberá o acento em seu início.

gms

Esse tipo de ornamentação evita a repetição de notas iguais, portanto, em caso de notas real e nota seguinte iguais, o ornamento terá apenas três notas:

gms2

No caso de nota real com ponto de aumento, o grupeto a duração do ponto será igual a do grupeto ou o ornamento será executado na fração ternária final da nota real.

No livro da professora Enelruy Lira, são apresentados os seguintes exemplos

gms3

Por sua vez caso a nota pontuada não corresponda a um tempo inteiro, o grupeto deverá ser executado no meio da nota real:

gms4

 3.3.2.2 – Grupeto medial inferior

Não há muito que se explicar, uma vez que as regras deste grupeto são iguais ao do grupeto medial superior, diferenciando-se pela ordem das notas, que no grupeto inferior começará um grau abaixo da nota real.

3.4 – Appoggiatura, apojatura ou apogiatura

É um ornamento que sempre precede a nota real com o intervalo de segunda maior ou menor. Ela pode ser inferior (abaixo da nota) ou superior (acima da nota). Há vários tipos de apojatura.

apj

3.4.1 – Apojatura longa ou expressiva

É o ornamento representado por uma nota pequena um grau acima ou abaixo da nota real – é comum que apareça ligada, mas isso não é obrigatório. O acento sempre recairá no ornamento.

apjl

Em relação a execução, a regra é que, se a nota real for simples (não pontuada), a apojatura terá a metade do tempo da nota real, como é possível ver no exemplo acima. Caso a nota real seja pontuada, a apojatura terá dois terços do valor desta. Quando a nota real se repetir, a ela será suprimida pela apojatura, evitando assim a repetição:

apjl2

3.4.2 – Apojatura breve

É uma apojatura representada pela nota pequena (geralmente colcheia) atravessada por um traço oblíquo. A apojatura breve, no momento da execução, ganha a parte mínima do valor da nota real. Diferente da apojatura longa, o acento no caso da apojatura breve, recairá na nota real e não no ornamento.

apjb

3.4.3 – Acicatura

É uma apojatura cujo acento recai na nota real e cuja duração é retirada do final da nota que a antecede e não do início da seguinte. Não há em geral uma diferença de grafia entre acicatura e apojatura, devendo, portanto, o interprete optar entre as duas conforme o estilo e a estética da peça musical executada. Para melhor entendimento, inclui-se o seguinte exemplo:

acicatura

 3.4.4 – Apojatura irregular

A apojatura em geral forma um intervalo de segunda com a nota real, entretanto, há casos em que o ornamento forma outros intervalos diferentes e, por isso, acaba recebendo o nome de apojatura irregular. Vale lembrar que há também a hipótese de acicatura irregular.

3.4.5 – Apojatura Sucessiva ou dupla

Pode ser inferior (quando inicia abaixo da nota real) ou superior (quando se inicia acima da nota real). Esse tipo de apojatura, representado por duas semicolcheias pequenas, ocorre quando na mesma nota real executa-se sucessivamente apojaturas superior e inferior. Neste ornamento o acento recai sobre a nota real, e a apojatura recebe apenas parte do valor da nota real.

3.4.5.1 – Apojatura sucessiva irregular

É a apojatura formada por notas que não são graus conjuntos da nota real. Esse tipo de apojatura pode ter mais de duas notas:

apjsi

A apojatura sucessiva irregular também pode ser lida como acicatura sucessiva irregular, antecipando-se a nota real, tirando sua duração da parte final da nota anterior.

3.5 – Floreio

Esse ornamento é formado por uma ou mais notas intercaladas entre duas notas reais. O floreio é grafado da mesma forma que a apojatura: pequenas notas antecedendo a nota real. Como já vimos a apojadura é o ornamento que forma entre a nota real e o ornamento um intervalo de segunda maior ou menor. Isso não acontece com o floreio. No floreio o intervalo formado é maior do que o de segunda e por isso dizemos que o floreio é uma apojatura ou acicatura irregular. Na imagem abaixo, um exemplo de floreio:

floreio

 3.6 Portamento

Pouco usado é um ornamento representado por uma colcheia que antecipa a nota real. Observa-se que ambos, portamento e nota real, devem ter a mesma entonação (ou seja, devem ser notas iguais). Executa-se dando ao portamento uma pequena parte do final da nota real anterior e recaindo o acento na nota real. Este ornamento não possui nenhuma variação.

portamento

 3.7 Cadenza ou cadência

Esse ornamento é muito usado em improvisações, e também em andamentos lentos, codas e codetas. Caracteriza-se  pela fermata que é sempre colocada na nota real que antecede este ornamento, formado por uma sucessão de pequenas notas que sempre ultrapassam o tempo do compasso mantendo entre si uma relativa a proporção nos valores de seus tempos.

cadenza

3.8 Arpejo

Este ornamento serve para embelezar os acordes com pelo menos duas notas. é representado por uma linha vertical indicando quais notas devem ser  arpejadas. As notas do arpejo devem ser executadas uma de cada vez sem ser descontinuadas. Interessante observar que no caso do piano há uma diferença entre o arpejo cuja linha ocupa as duas pautas, caso em que o arpejo percorrerá todas as notas das duas pautas como se fosse um acorde só, e o a notação onde o arpejo aparece duas vezes, cada um em uma pauta mas ambos com nota no mesmo tempo do compasso, caso em que os acordes serão arpejados separados, porém ao mesmo tempo.

arpejo

3.9 Glissando

Ornamento moderno representado por uma linha ondulada diagonal ligando duas notas de alturas diferentes e indicando que as notas entre elas deverão ser tocadas rapidamente (em alguns casos a linha é substituída pela abreviação gliss.) Na execução o glissando tira seu valor do final da primeira nota real. O acento também recairá na nota real.

Há algumas classificações diferentes de glissando:

3.9.1 Glissando diatônico

É formado pelas notas da escala diatônica, por exemplo, as teclas brancas do piano.

3.9.2 Glissando cromático

É formado pelas notas escala cromática, ou seja, variam de meio em meio tom.

3.9.3 Glissando microtonal

É formado por todas as frequências intermediárias ele não é realizável em instrumentos como piano ou outros instrumentos de tecla esse tipo de ornamento aparece é música vocal ou em instrumentos de corda, além de ser parcialmente realizável no trombone ou no tímpano de pedal.

3.9.4 Glissando da série harmônica

formado por notas da série harmônica.

3.9.5 Glissando superior e inferior

Além destas classificações, o glissando também pode ser classificado em superior ou inferior. No glissando superior, a segunda nota real está acima da primeira. No glissando inferior a segunda nota real está abaixo da primeira. Note-se que essa classificação complementa as outras apresentadas, de modo que podemos ter, por exemplo, um glissando diatônico superior.

glissando

3.10 Trêmulo

Quando o sinal gráfico de trêmulo aparece em uma partitura, a nota real deverá ser repetida em notas de igual entonação, porém com tempos menores executadas rapidamente, até completar o tempo da figura. Pode acontecer também o desdobramento de notas desiguais, neste caso o sinal gráfico de trêmulo aparecerá entre duas notas reais que deverão ser executadas rápido e alternadamente até completar o tempo da figura. Abaixo, dois exemplos, um com notas de igual entonação (sons iguais) e outro com notas diferentes:

Trêmulo com nota real igual ao ornamento:

tremulo com nota real igual ao ornamento

Desdobramento de notas desiguais:

desdobramento de notas desiguais

 

4 – Os ornamentos na música popular

4.1 Slide

É semelhante ao glissando da música erudita e sua representação na partitura também é parecida. Consiste em deslizar os dedos pela corda mantendo-a pressionada.

slide

4.2 Bend

Também chamado técnica de torção. Na execução deste ornamento, levanta-se a corda até a tonalidade desejada. Representa-se por meio de uma seta ascendente, representado a entonação. Já o reverse bend é aquele em que se faz a nota voltar até a posição original.

bend

4.3 Hammer on

Representado pela letra h acima da nota consiste em tocar a nota real e percurtir a nota seguinte com o outro dedo da mão.

hmon

 

4.4 Pull Of

Simbolizado pela letra p, é um movimento inverso ao Hammer on. Nele ataca-se a primeira nota, tocando-se a segunda por meio de um leve puxão para baixo.

pul of

4.5 Vibrato

Efeito produzido pela vibração da nota em repouso. Na execução, movimenta-se a corda para cima e para baixo, sendo o impulso para cima aos poucos e em movimentos constantes, deixando a corda voltar ao ponto de origem, controlando a sua volta. O símbolo usado para representar o Vibrato e parecido com um M em forma de uma linha horizontal.

vibrato

 4.6 Shake    

Nada mais é que um vibrato horizontal. Sua execução se dá pelo  posicionamento dos dedos próximos ao traste da frente retornando ao ponto inicial, em movimentos repetitivos. Esse ornamento pode ser entendido  também como uma espécie de trêmulo, normalmente utilizado como resolução de frase. Graficamente sua representação é o m em linha horizontal porém acrescentando de um tr no início.

shake

4.7 Trill

Esse ornamento cuja representação é o m em linha horizontal com o tr em cima da nota é uma espécie de vibrato executado com o Hammer on e pull off em um intervalo de segunda menor, com velocidade extremamente rápida.

trill

4.8 Legato slide

Esse ornamento funciona como uma base. Na execução, o indicador se move para frente e para trás com os outros dedos formando intervalos. Na figura do exemplo ele é mostrado em intervalos de terça mas pode ser utilizado em outros intervalos.

ls

 

Bibliografia

LIRA, Enelruy Freitas. Apostila de Teoria Musical. Ornamentos, Dinâmica, Expressão e Respiração.  Páginas 3 a 19.

Disponível em:

http://cursos.violinando.com/download/apoio/Enelruy%20Lira%20-%20Apostila%20de%20Teoria.pdf

Acesso em 15-09-2018 Às 23:20

Maestro Virtual – Curso de teoria musical

http://www.maestrovirtual.com.br/v1/curso/tm_36.php

Acesso em: 14-09-2018 às 19:15hs

MARQUES, Jean Ricardo. Ornamentos musicais.

Disponível em:

Clique para acessar o ornamentos-musicais.pdf

Acesso em: 14-09-2018 às 20:25

MELLO, Marcelo. Estruturação e Linguagem Musical. ETE Centro Paula Souza – Curso técnico em regência. Capítulo 1.1 – Ornamentos Musicais

Disponível em

http://marcelomelloweb.net/mmtecnico_estruturacao11.pdf

Acesso em 15-09-2018 às 22:20

 

 

Caminho da vida, estrada da alma

Amor. Caminho da vida, estrada da alma. É flor, é espinho, são lágrimas.
Sorrisos, dor e prazer. Encontro e desencontro, prosa e poesia.
Amor é arte, é música, é gravura, é doçura.
O amor é tudo, é nada, é algo além de sonho e realidade.
Auge da loucura e da razão é um fino véu que separa a alegria e o sofrimento.
Maltrata o coração, ainda assim, sem ele não há sentido em viver.
Buscamos, procuramos, encontramos uma só vez – e então nos guiará para sempre.
Vencendo mares bravios, escalando as cordilheiras, saindo de nossos recantos mais profundos, até chegar ao cume de nossa alma, dominar nosso coração, mente e corpo. E então percebemos o sem sentido da busca, pois o amor não se encontra, ele já está escrito, ele nos encontra. Ele atravessa mundos, dimensões, tempo,espaço! Uma jornada apenas para tocar nosso coração e unir-nos em seus laços, unindo vidas que seguiam separadas, até opostas, em um só caminho que lhes foi traçado, para que se fortaleçam, se completem e acima de tudo, se amem.

(São Vicente, 2007, escrito para o livro Valeska)

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Sangue na floresta – Vera Martín

O livro chegou à minha mão em algum momento de 2018. Não sei de onde veio, mas o fato é que ontem, enquanto organizava meus livros, encontrei-o e comecei a ler – É um livro curto, então li em dois dias, rapidinho. A autora narra a história de dois adolescentes que viajam para a Amazônia, um deles por precisar afastar-se da cidade após se envolver em uma confusão com drogas e FEBEM, o outro, como bom amigo que é apenas acompanha o primeiro. Não se trata de uma viagem qualquer – João e Válter se dirigem a um acampamento nos confins da Amazônia, onde irão ver a vida de uma maneira que suas realidades de meninos de classe média alta jamais havia lhes mostrado. Diante de lendas assustadoras até temáticas densas como corte ilegal de árvores, desmatamento, corrupção, exploração do trabalho e violência no campo, os jovens acabam amadurecendo e mudando seus conceitos de forma positiva, fazendo com que desejem se organizar e lutar por um mundo justo. A autora narrou de forma magistral, capaz de prender a atenção e levar as mentes mais jovens a refletir. Num momento como o atual, tão marcado pelo egocentrismo, por escândalos políticos e por decretos como o que retira da FUNAI a demarcação das terras indígenas, favorecendo o agronegócio em detrimento das populações nativas, levar este tipo de literatura para a juventude é necessário e urgente. Provavelmente se eu houvesse planejado as leituras deste ano, o livro escolhido não teria sido tão adequado ao momento – Ainda bem que ainda não iniciei os projetos de leitura coletiva e pude, já neste terceiro dia do ano, publicar a resenha de um tema importante e, mais do que isso, perceber que falho em cumprir um papel fundamental ao artista: O de questionar as estruturas sociais através de sua arte. Quando olho no espelho, vejo-me como a poetisa do amor perdido, da esperança, do romance, da solidão e, ao gritar tais sentimentos aos quatro cantos, acabo deixando de falar sobre outros sentimentos que me eclodem da alma: Indignação e desejo de lutar. Não fiz lista de metas para este ano mas talvez, escrever mais sobre temas complexos deva ser uma das metas a cumprir… Quem sabe?

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Diários da poetisa 2/365

Segundo dia do ano. Após uma passada de olhos pelas notícias, penso em escrever. A inspiração não aparece. É difícil acreditar nos rumos que o país está tomando em menos de quarenta e oito horas de um novo governo. Penso que preciso aprender a escrever poesia com maior teor social e menor teor romântico – Afinal, que sentido tem sonhar com o amor, quando tantos outros sonhos de tanta gente são jogados por terra? O problema é que poesia não se aprende, poesia se vive e neste momento a inspiração tirou férias e sumiu. Lembro que, quando criança, minha maior diversão era estudar. Olhando o Sol que me tira toda a vontade de sair, leio um livro. Realizo alguns afazeres e mergulho em um aplicativo para aprender idiomas (quem sabe eu consiga asilo em Cuba ou no Uruguai). Horas depois, já cansada, lembro que propus a mim mesma escrever todos os dias um pequeno diário – a poesia não veio, mas os pensamentos não se calam e exigem tornar-se relatos. Pensando bem, há alguma poesia escondida até mesmo na falta de inspiração que ronda o dia de hoje.
#DiáriosdaPoetisa #2de365

Diários da Poetisa 01/365

Era uma vez o primeiro raio de Sol de um novo ano. O mais aguardado por todos – Muitos passaram a noite acordados na praia esperando aquele novo dia. O que esperar de novo afinal? Pensava a poetisa, distraída entre conversas, músicas e o barulho do mar. Seus pensamentos acelerados exigiam um caderno, os olhos vermelhos, cansados pela noite de comemoração já não conseguiam fitar por muito tempo a tela do celular para escrever. Pensava que as palavras se perderiam na brisa suave. Seria uma pena. Precisava escrever. Tirou uma foto, sozinha. Havia ali algumas amigas, mas seu coração gostava de manter certas tradições que ela mesma criara: A primeira foto do alvorecer de um novo ano geralmente era reservada ao melhor amigo ou a melhor amiga. Sempre. E eles não estavam ali por motivos outros que não cabem no texto. Ela poderia ter tirado essa foto após a queima de fogos, mas o costume do alvorecer era maior. De alguma forma, ela sentia que apesar de quebrar sua própria tradição de sorte, o ano novo seria bom caso não tirasse a foto inicial com outra pessoa. Sorriu ao ver o céu ficar cada vez mais cor-de-rosa: A noite fora divertida, bem melhor do que havia imaginado meses antes. Faltaram alguns rostos e abraços importantes, mas por motivos bons. Não choveu. A música foi agradável. Conheceu pessoas, trocaram risadas e conversas, coisa que raramente fazia por ser tímida e acostumada a observar mais e falar pouco. Pulou as sete ondas e fez seus sete desejos. Nunca se realizaram os sete desejos dos anos anteriores, quem sabe nesse ano se realizariam? Despediu-se dos amigos feliz pela companhia. Seguiu caminhando pela praia, perseguindo o amanhecer. Tirou algumas fotos – alguma ilustraria os primeiros pensamentos de um novo ano. E assim o primeiro capítulo de 2019 foi escrito horas depois de acontecer – o sono certamente levou embora parte dos pensamentos agitados da menina-poetisa, parte das sensações e inseguranças, mas deixou bem mais do que ela poderia imaginar naquela manhã em que saudava o Sol e se encarregava de desejar que aquela claridade suave e bem-vinda trouxesse as melhores coisas para as pessoas que vivem em seu coração.