Dica literária: Extraordinário

NORMAL. NORMALIDADE. Quantas personalidades maravilhosas não são completamente esmagadas para se enquadrar neste conceito? A normalidade oprime. A normalidade deixa à margem dos agrupamentos sociais os indivíduos cujas características se afastam do conceito de “normal”, rotulando-as.  Discutir o efeito dos tais rótulos na vida das pessoas é abordar uma temática sensível, permeadas por preconceitos e tabus. No livro “Extraordinário”, R.J Palácio aborda a temática da normalidade física através da visão inocente de um menino de dez anos que nasceu com o rosto deformado devido a uma síndrome genética. Acompanhar o primeiro ano escolar de August é sentir, através da leitura, os medos naturais de qualquer pré-adolescente que vai para a escola e lembrar que, no caso de August, tais temores são ampliados pelo desconhecimento do ambiente que o aguarda, uma vez que foi educado em casa devido a sua saúde frágil, e pela deformidade que o faz ter dificuldade de se integrar com a turma. A autora consegue encantar o leitor ao narrar à jornada de August em busca de seu próprio lugar na escola e, porque não dizer, na vida.

Opinião: Comecei a ler por indicação de amigos e não esperava muito da história, mas me surpreendi bastante e pretendo assistir ao filme assim que possível. A autora consegue manter a  história caminhando com um vocabulário acessível e uma estrutura narrativa bastante interessante, subdividida em capítulos narrados do ponto de vista das personagens – ou seja, August e seus amigos e familiares. Se por um lado a história não decepcionou, a edição do livro que eu adquiri me chateou bastante pela revisão e diagramação ruins, com frases e nomes próprios se iniciando em letra minúscula em vários trechos – Como não possuo a nota fiscal do livro, não posso reclamar, mas ainda assim enviei uma mensagem para a editora, avisando sobre o problema e aguardo o resultado pelos próximos dias (prometo contar para vocês).

Extraordinário

O dia em que levei minha arte para a rua

As pessoas sempre caminham tão apressadas, não é mesmo? Entre idas e vindas, celulares e compromissos inadiáveis, parece que o tempo para a poesia está cada vez mais escasso – Diante deste cenário, surgiu uma ideia: Fazer arte de rua! Uma cestinha cheia de poesias em um lugar movimentado da cidade. Qual seria a reação das pessoas? Iriam parar? Pegariam algum poema? Conversariam com a autora? Com o coração batendo forte e a mente cheia dessas dúvidas eu fui para a rua hoje. A primeira surpresa foi no instante em que parei para “montar” a cesta – Enquanto colava a plaquinha com durex, um senhor parou e pediu uma poesia. Posteriormente, outras pessoas, dentre elas um antigo professor muito querido, vieram, pararam, conversaram – muitas inclusive deram uma contribuição financeira (que irá custear as xérox para as próximas edições). Foram horas muito agradáveis e surpreendentes! Espero realmente ter feito o domingo de muita gente um pouco mais poético e feliz com as minhas singelas cartas e poesias.

Amanhã é segunda e eu estarei com o coração quentinho de tantos sorrisos que recebi hoje.

arte na rua

Sobre #Elenão, nós sim e a necessidade de lutar

 Temos no Brasil um certo candidato à presidência que acabou se tornando uma espécie de “Voldemort” (vide Harry Potter) – inominável, o coiso, o eterno #elenão. Um ser abjeto que exala racismo, homofobia, misoginia – E, para minha surpresa, ele tem um considerável número de seguidores, inclusive mulheres, muito embora ele diga absurdos como “mulher tem que ganhar menos pois engravida”!
A boa notícia é que neste sábado, o Brasil foi tomado por uma onda lilás :O ato “Mulheres contra o Bolsonaro” lotou as ruas e mostrou que ainda temos pessoas com fibra e coragem para lutar por um país melhor para todos e todas! Estive na manifestação em Santos (SP) e nunca vi um ato tão bonito! Mulheres e homens de todas as idades, etnias e credos unidos por um objetivo fundamental: Derrotar nas urnas o candidato que simboliza o retrocesso político, social e econômico. E no dia seguinte, aconteceu a Primeira Parada LGBT de Santos – E novamente os protestos #EleNão se fizeram presentes! A comunidade LGBT existindo e resistindo!
É importante que as pessoas entendam, de uma vez por todas, que, além do fundamental #elenão, temos que dizer #NósSim – lutar contra o conservadorismo, contra o racismo, contra o capitalismo que nos explora e rouba nossos sonhos e qualidade de vida, contra a violência, contra leis arcaicas, lutar contra o medo que estão tentando nos enfiar goela abaixo – nosso corpo, nossa vida, nossas regras – e sem uma construção coletiva e diária, isso não se tornará realidade. Dentro desta lógica, o “turno” mais importante destas eleições não será o primeiro ou o segundo, mas sim o “terceiro turno”: A organização popular em torno de objetivos comuns e, esse “terceiro turno” é o fazer político diário, é a organização da luta estudantil, feminista, ambientalista, LGBT – é um objetivo por vezes difícil num país com uma jornada de trabalho exaustiva e horas perdidas no precário transporte público onde os poderosos agem de forma a fazer com que a população odeie a política? Difícil, mas não impossível – A luta contra o valor das passagens em 2013 nos mostrou isso. As manifestações feministas nos mostram isso. As manifestações pelo #ForaTemer nos mostraram isso. As manifestações contra o “coiso” nos mostraram isso ontem, A parada LGBT, as greves, as ocupações que lutam por moradia, os movimentos por demarcação de terras indígenas ou contra o embarque de bois vivos nos mostram isso: Há muita gente disposta a arregaçar as mangas e lutar, muita gente que entende que viver é um ato político – Então, depois de passado o segundo turno, independente dos eleitos (lembrem-se por favor de renovar os votos para deputados e senadores), inclua a política em sua vida, escolha suas pautas e lute por elas. Pelo bem do país, pelo bem do mundo, pelo seu bem. E antes que me perguntem o que tem este texto a ver com um blog de poesia, eu digo: Não há mais bela poesia do que ver uma multidão de corações unidos pelo objetivo de construir uma sociedade sem ódio, sem violência, com igualdade e dignidade para todos e todas. A luta tem em si a poesia e os espinhos de uma rosa – vamos juntos plantar e colher um roseiral?