Quando lemos um livro pela primeira vez algo mágico acontece: Somos tragados para um novo universo – são muitas informações, acontecimentos, personagens, descrições – tudo a ser memorizado e utilizado para dar sentido ao texto que se desdobra diante do olhar, não é mesmo? Foi assim comigo quando li Harry Potter pela primeira vez – estava no final da oitava série e minha maior diversão era matar aulas e ir até a biblioteca municipal para pegar livros – na época lia dois ou três livros por semana, nas férias esse número subia para pelo menos quatro, era um vício (e ainda é). Como toda adolescente, fiquei encantada! Recentemente, ganhei os quatro primeiros volumes da saga e decidi ler novamente – terminei hoje o primeiro volume, Harry Potter e a Pedra Filosofal e percebi coisas que na época da primeira leitura não haviam me chamado a atenção (Calma! Não vou contar o enredo do livro mesmo acreditando que a maioria das pessoas já leu o livro ou assistiu o filme). Em primeiro lugar – A autora utiliza um bom vocabulário, e quando digo bom, percebo que conhecemos a maioria das palavras, mas algumas são pouco utilizadas no dia a dia – isso amplia o vocabulário. Ela também capricha na narrativa e nos diálogos, fugindo da narração em primeira pessoa – que em geral é um recurso que facilita muito a leitura. J.K. Rowling escreve para crianças e adolescentes, então, eu e você, leitores adultos, podemos achar os livros fáceis – mas será que são tão fáceis para uma criança de oito ou nove anos, principalmente para as acostumadas a um mundo de jogos eletrônicos e pouca leitura? Isso leva ao ponto seguinte: Os livros não são exatamente pequenos – outro ponto para Rowling, que conseguiu criar um mundo novo e escrevê-lo com a complexidade suficiente para manter a atenção de jovens leitores ao redor do mundo sem deixar tudo muito fácil e sem graça, mas sem desestimular a continuação da leitura. Outra sacada interessante: O enredo vai se tornando mais complexo conforme a saga vai avançando – talvez não tenha sido proposital, mas o último livro da saga é mais complexo que o primeiro,e, como os livros foram lançados com uma grande diferença de tempo, acabaram acompanhando o crescimento dos jovens que começaram a ler ainda na infância o primeiro livro. Passadas essas observações técnicas, há outros pontos interessantes: Harry Potter não é apenas a história de um menino órfão criado por tios incompreensivos (e malvados) que descobre ser bruxo. O livro, em suas entrelinhas, trata de temas como amizade, lealdade, morte, preconceito e a importância de se manter os amigos por perto e combater as injustiças – surgem conflitos, algumas brigas (que criança nunca brigou na escola) e nem sempre quem tinha as melhores intenções se livra das penalidades por ter infringido alguma regra – outra lição que levamos para a vida: Nem sempre o que está certo vence, mas o importante é nunca deixar de lutar. Harry, Rony e Hermione são personagens cheias de vida, então é fácil que estas boas lições passem agradavelmente, sem parecer um tedioso discurso do tipo “a vida é assim mesmo”.
Sobre aquele confronto “livro vs filme”: Leiam o livro antes de assistir o filme. O cinema bem que tentou (e em alguns pontos conseguiu) ser fiel, mas há detalhes muito legais no livro que o filme deixou passar – algo completamente esperado, pois para reproduzir fielmente cada detalhe do livro seriam necessárias muitas horas de filme.
Definitivamente, o bruxinho marcou toda uma geração – foi um fenômeno editorial e fez nascerem muitos leitores e leitoras – aquele tipo de livro que, saudosos e já adultos, daremos de presente para filhos, sobrinhos, afilhados – afinal, vamos querer compartilhar com a próxima geração todos os sorrisos e lágrimas, todos os momentos de ódio e tensão, todas as emoções que esta incrível autora britânica nos proporcionou. E você? Já sentiu que ao reler um livro, percebeu detalhes que haviam passado despercebido?