No último sábado, 21/05, ocorreu na cidade de Santos (SP/Brasil) a Segunda Marcha da Maconha. Saindo da Praça da Independência com direção ao Parque Municipal Roberto Mário Santini, mais conhecido como Emissário Submarino, os manifestantes entoavam palavras de ordem pedindo a liberação do uso medicinal e recreativo da planta, bem como do plantio doméstico que daria ao usuário a autonomia de obter seu próprio produto, sem toda a carga negativa ligada ao tráfico de entorpecentes . Pelas ruas e janelas dos prédios, algumas pessoas observavam com desaprovação, enquanto outras cumprimentavam com sorrisos e acenos – afinal, o uso da Cannabis ainda é uma prática polêmica. Ao final do ato, os participantes aproveitaram para curtir a noite, fazer novas amizades e andar de skate sob um por do Sol que parecia feito sob encomenda e, posteriormente, sob o luar de uma noite amena.
O uso da maconha é conhecido pela humanidade desde a descoberta da agricultura – no correr dos séculos a planta foi utilizada para fins recreativos, medicinais e religiosos (Quer saber mais? Acesse o site da Sociedade Albert Einstein clicando aqui. Atualmente, a legislação brasileira não prevê prisão para o usuário de drogas, entretanto, o fornecedor ou a pessoa que decide plantar para consumo são enquadrados pela lei como traficantes. Tal redação causa alguns problemas, como a discussão acerca da quantidade (qual quantidade de drogas caracteriza o usuário? A partir de qual quantidade enquadra-se como traficante?), bem como torna difícil a vida do usuário que quer ver-se livre do tráfico, pois o plantio leva à prisão – embora haja farta jurisprudência absolvendo cultivadores que possuam poucas plantas (novamente chegamos àquela discussão: Quantos pés de maconha caracterizam o usuário e quantos caracterizam o traficante?). Recentemente houve também uma pressão popular pela liberação do uso do canabidiol, substancia derivada da Cannabis, útil em tratamentos de doenças neurodegenerativas.
Muito embora o uso medicinal seja pouco a pouco assimilado e aceito, o uso recreativo permanece alvo de críticas por parte de um alto número de pessoas. Numa sociedade em que o uso (e abuso) de bebida alcoólica é praticamente cultuado em músicas famosas (basta digitar as palavras música e álcool no google e surgem algumas reportagens sobre o assunto), chega a ser incompreensível estigmatizar o usuário de Cannabis – Principalmente quando há estudos que relatam o álcool como sendo 144 vezes mais letal que a maconha (Quer saber mais? Clique aqui!). O corpo humano é complexo e qualquer substância ingerida causa alterações – benéficas ou maléficas – no organismo e, algumas substâncias causam também alterações no comportamento do indivíduo. Se formos defender a proibição do uso recreativo da maconha alegando possíveis danos à saúde do usuário, seria uma medida coerente proibir dentre outras coisas o consumo de carne (há estudos associando o alto consumo de proteína animal ao câncer), o fast food (obesidade mata, sabiam? E, não, não quero ser gordofóbica), o álcool, o tabaco, a pílula anticoncepcional, dentre outras coisas. Se expandirmos o argumento alegando que cada um é responsável pela própria saúde mas não tem o direito de utilizar substâncias que coloquem em risco a saúde de outros, poderíamos sem dúvida dizer adeus àquela caipirinha ou à cervejinha no final de semana – Afinal, sabemos que o álcool, mesmo em pequenas quantidades, causa acidentes de trânsito fatais bem como pode alterar o comportamento de alguns indivíduos deixando-os bastante agressivos. Diante de tantas informações, já está mais do que na hora do Brasil seguir o exemplo de outros países e legalizar o uso da cannabis, medicinal e recreativa, pois, somente com a liberação será possível retirar o estigma que persegue o usuário e pautar campanhas acerca do uso consciente e da redução de danos.
Eu e minha mãe no início da Marcha
Uma pequena foto do caminho! A organização foi tão atenciosa que disponibilizou até garrafas de água para distribuir! Coletivo Marcha da Maconha está de parabéns pelo trabalho lindo! Ano que vem quero participar da organização também.
Final de tarde lindo, não? E olha bem o formato das nuvens no céu: Parecia uma baseado gigante (Quem teve o “olho” de notar isso foi a minha mãe)
E a lua? Se algum de vocês vier até Santos um dia e puder parar na praia para observar a Lua, vai ver o quando é bom apreciar as coisas mais simples da vida!
Ah: Uma cena que vale a pena assistir: Sabe esse baseado gigante que aparece na foto da Marcha? Então, a galera que anda de skate usou ele como obstáculo para pular! Eu não consigo mais carregar vídeos aqui no blog, mas o tem a filmagem no canal do youtube, é só clicar aqui. E se vocês quiserem me ver tentando aprender a andar de Skate, é só clicar aqui e conferir!
Sobre a camiseta: Foi feita em casa com todo carinho especialmente para a Marcha! E foi bem fácil de fazer: Bastou podar algumas folhas de ipê e colar em um papelão dando o formato da folha de cannabis, como na imagem. Depois, é só aplicar tinta para tecido e carimbar em uma camiseta (no meu caso, escolhi uma camiseta bem larga que eu adorava e que já havia sofrido um acidente ficando manchada de gordura e carimbei as folhas em cima das manchas). É bom colocar uma camada grossa de papel dentro da camiseta para evitar que a tinta passe de um lado para outro do tecido! Cada vez que “carimbar”, tem que passar a tinta novamente na folha, sem exagerar para não ficar manchado! Depois é só colocar para secar!