Dica literária: O príncipe fantasma(Ganymédes José e Tereza Noronha)

Uma família vai passar os dias na fazenda que pretende comprar – a casa é linda e o espaço enorme, entretanto, como na vida nem tudo pode ser perfeito, histórias estranhas rondam o lugar. O clima de mistério e suspense aumenta na medida em que chegam visitantes curiosos ao mesmo tempo em que fatos estranhos e assustadores começam a acontecer. Será que há mesmo um (ou dois) fantasmas rondando a fazenda Santa Odília? Só lendo para descobrir! Vale muito a pena embarcar nesta aventura fantástica!

O Príncipe Fantasma é um livro curto, divertido, cheio de suspense e mistério, ideal para incentivar nos pré-adolescentes o gosto pela leitura. Os autores conseguiram criar uma história que dosa na medida certa elementos como convivência familiar, suspense, romance e humor, utilizando um vocabulário rico porém não muito rebuscado favorecendo uma descoberta saudável e natural das belezas da língua portuguesa.

Exemplar em bom estado de conservação disponível para venda (valor simbólico R$15,00) ou troca – Somente para quem mora na Baixada Santista ou tem condições de vir até aqui buscar.

 

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Oitenta tiros

Tiros de advertência? Acidente?
Dá um tempo, não mente!
Gatilho puxado, sangue frio, execução
Se você acha normal, também tem sangue na mão

Eles vêem o povo como inimigo, entende?
E querem manipular nossa mente:
Pra eles você é mais um pra dar lucro pro patrão
E não vai se dar conta disso enquanto vê o próximo como vilão

Olha o noticiário – Não é medo o que sente?
Derramamento de sangue diário enquanto você vende
Seus minutos mais preciosos por um pedaço de pão
A desigualdade é advertência – Um tiro de canhão

Pelas ruas as batalhas de uma guerra latente
o Estado assassino matando gente:
Gente que trabalhava coma furadeira na mão
Ou já estava no ponto, esperando a chegada do busão

Você não pode sentir segurança onde quer que ande
Quando quem deveria te proteger é quem mais mente
E tenta te fazer acreditar que oitenta tiros não é execução
Depois silencia como se o assassinato não fosse motivo de comoção

Você que é da periferia, mulher, indígena,LGBTQ, negro, negra – você sente
O peso deste alvo nas costas,  medo permanente
De se tornar mais uma poça de sangue no chão
Uma história interrompida, dormindo pra sempre no caixão

O imposto que você paga se torna bala no pente
E você segue pelas ruas com medo e impotente
Depois de um dia de suor e exploração
Sonhando com saúde, comida e educação

O imposto que você paga se torna bala no pente
E com sangue nos olhos te ameaça caso você tente
Questionar o sistema que te mata com tiro ou exclusão
Ou te silencia. Ou te leva num camburão

Há uma guerra que tenta dizer que é paz e ela é inclemente
E as minorias precisam se lembrar que juntas são maioria e seguir enfrente
Pensando dá pra ver que quem espalha o ódio é o verdadeiro vilão
E usa a máquina do Estado pra semear destruição

Há uma guerra aí fora matando gente boa e inocente
E você precisa tomar um lado antes de ir adiante:
Quer lutar ao lado do explorador? Vender a alma e o coração?
Ou do lado de quem quer o direito de não ter seu sangue regando o chão?

09-04-2019