Chuvas

O homem construiu.

Para construir,

Cavou e desmatou

Aterrou, modificou

O homem se espalhou

Para se espalhar

Destruiu.

O homem lucrou

E para lucrar mais

Destruiu sem pestanejar.

Não foi só para morar

Nem só para comer.

Foi para acumular.

A chuva, choveu

O rio encheu

Encheu

Vazou

O que o homem construiu

A água encheu,a água levou.

Levou a casa grande e o barraco

Levou de quem se acha rico 

Levou do trabalhador

Levou de quem nem pensou em lucrar

Levou de quem destruiu e de quem preservou

Pois a natureza é cega em seu sofrimento

Sua fúria desconhece fronteiras

Chove aqui, seca acolá

Inunda aqui, incendeia ali.

Morre gente, morre bicho, morre planta.

O lucro de uns poucos 

É garantido pela tragédia de tantos. 

A culpa não é da água, da chuva

A culpa não é do Rio.

A culpa é de quem permitiu 

Que o progresso ferisse a Terra

De quem em nome do lucro

Do dividendo, da propina 

Disse amém aos desmandos

ao ecogenocídio

Passando boiada

Na canetada.

Na hora da tragédia

A bancada do boi

Nem dá um oi

A bancada da bala

Muda o assuntou ou se cala

E a bancada da Bíblia

Põe a culpa no imaginário pecado.

Pois a culpa é deles e eles colocam

Em quem quiserem.

Respiram impunidade. Transpiram maldade.

Sem arrependimentos, esquecem o povo

Hipócritas, eles seguem orando: 

Em nome do dinheiro, amém. 

Até o dia em que a natureza os atinja também. 

Samhain

Cubra a noite o céu soturno

Caia sobre nós o brilho noturno

Samhain traz o novo ciclo de luz

Que o argênteo brilho da lua traduz!

Abra-se sobre a Terra o portal dos mundos

Revelando o futuro e os desejos profundos

Unindo por fugaz momento o passado e o presente

Antepassados nos visitam neste momento veemente

Celebremos a última colheita!

Rigoroso o inverno nos espreita

Círculo aberto, alma pura

Os dons mágicos iluminam a noite escura

Sob o luar esperem o sol nascer

Entoem e cantem a alegria de viver

A luz já vai a madrugada romper

O Deus Sol morre, mas logo vai renascer!

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Nunca antes na vida

Nunca antes na vida

 O amanhecer fora tão luminoso

 Nunca houvera uma paixão a ser vivida

 Um olhar, um beijo pecaminoso

Uma trilha estreita a percorrer

 Uma única palavra, um único sentimento

De amor viver

Um último momento

O coração é virgem floresta

 Onde o pequenino arqueiro faz festa

E brincando nos fere

Quando suas setas de amor ele desfere

E o que a aurora diz?

Se um só nome pode me fazer feliz

E a luz do sol? E o calor do dia?

Ah, quando se ama, tudo é poesia!

A alma em ruínas

O corpo que arde de desejo

Lembranças de coisas pequeninas

 Saudades daquele beijo

Parece que até o pássaro a voar

Está seu nome a cantar

Parece que o vento está a sussurrar

 Lembrando-te que eu estou a te esperar.

(Poema sem data, escrito por volta de 2009)

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Sob a nascente aurora

Sob a nascente aurora

Mais uma vez ela chora

Após a longa noite não dormida

Recitando o nome dele como cantiga

Os pés descalços na areia macia

A face orvalhada por uma lágrima fria

O olhar distante de quem ama

E amando esquece que a vida é tênue chama

Ela traz  a lembrança dele no olhar

Ela traz a imagem dele no coração

Ela conhece o amor e a paixão

E só para ele se faz rosa a desabrochar

Ela não sabe para onde o vento a guiará

Ela não sabe se de amor morrerá

Mas ela sabe que sempre o amará

E quase morta de amor viverá

Ela não sabe onde ele está agora

Mas sonha vê-lo chegar a qualquer hora

E assim solitária caminha

E assim caminhando sonha

Ela sonha, ela espera, ela o chama.

E ele? Onde anda? Será que a ama?

Ela não esquece o dia em que o conheceu

Mas às vezes, pensa que ele a esqueceu.

(Poema antigo)

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meu coração magoado

Meu coração magoado,

Perguntou ao mar

Por que estou em lágrimas afogado?

Por que amar?

E o mar respondeu cantando:

O amor é como as ondas

Elas batem nas rochas, brincam na areia onde andas

São lindas, mas ferem de vez em quando

O mar sem ondas, não seria o mar

O coração sem amor

Não teria porque não teria calor

Esse é,minha jovem, o motivo do amor

Meu coração inconformado

Perguntou ao céu estrelado:

Por que amamos?

As estrelas responderam: Sem amor, sozinhos estamos

O Amor é o céu cintilante

É na vida o maior tesouro e sorte

É da alma um diamante

E se verdadeiro for, nos acompanha até a morte

Meu pobre coração partido

Perguntou ao lírio florido:

Ó bela flor, qual a cura para essa dor

Que chamamos Amor?

A linda flor assim disse:

O amo é belo e insondável

E traz muitas vezes dor inevitável

Que não se aplaca ou cura, apenas vive-se

Já sem esperança

O coração falou a uma criança:

Ah, lindo anjo que ainda pouco viveu

Não siga esse caminho meu

Do amor, mantenha distância segura

Pois sua dor não se cura

Seu brilho rapidamente se ofusca

E nos lança numa eterna busca

A bela criatura assim falou:

Nas trilhas do amor, há muito estou

Sigo seus passos, sigo seus rastros

O busco nas flores, no mar e nos astros

Pois do amor nós surgimos

E dele não adianta fugirmos

O amor está em tudo

E recusar-se a vivê-lo é recusar a vida, o mundo

Inconformada, perguntei ainda:

Mas não o temes? Não receias sofrer?

Ao que me respondeu: Receio não viver.

Cada lágrima de amor colore a vida, fazendo-a linda

O amor é arte, é aquarela

A vida é branca tela

Com ele, desenhamos paisagens

Ainda que chovam lágrimas nessas viagens.

(Poema antigo de minha autoria- sem data)

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o primeiro beijo

 O enlevo da alma

Se espelha

Nos olhares trocados

Se espalha

Pela pele, nos dedos entrelaçados

O coração pulsa, quase para

Dispara

Quando os lábios se tocam

E os olhos se cerram

Breves minutos de um sonho real

Ah, pudesse o tempo parar

Naquele momento em que você levou meu ar…

E agora sei: meu coração nunca mais será igual!

(E enquanto escrevo, posso sentir teu toque, teu olhar…Intensa ternura… Me sinto flutuar…E sei que ao dormir, com você irei sonhar…)

  31/10/2013

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Encubra o noturno manto

Encubra o noturno manto

Os mistérios que n’alma moram

As lágrimas que do olhar afloram

A tristeza que cala meu canto

Minha alcova é da tristeza recanto

De minha harpa só ressoaram

Breves notas de alegria que ficaram

Num passado distante, doce encanto

Jazem a um canto as partituras

Da canção que teu falar cantava

Que afugentava d’alma noites escuras

Registros de quem te amava

Sem sonhar as tristes agruras

Do silêncio pior que palavras duras

(Poesia sem data, suponho que 2015/2016)

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Poesia não é

Poesia não é apenas

Um amontoado de palavras

Letras habilmente rabiscadas

Escritas com palavras rebuscadas

Poesia também se cria

Em tantos detalhes do dia a dia

São coisas às vezes pequenas

Que no coração causam tempestades amenas

Poesia é o brilho do Sol refletido

Nas águas do mar e no brilho do olhar

Que me transborda em sentimento colorido

Quando vejo o teu cabelo ao vento balançar

Poesia é o teu sorriso

Que consegue parar o tempo

Que me inebria e encanta num eterno momento

(E eu queria poder morar no teu riso)

(21 – 09- 2016)

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Mariana Gouveia.

Carnaval

Na festa e no batuque

Há quem ainda escute

O palpitar dos corações

E o estilhaçar das almas partidas?

Festejos de alegrias vazias

Fingidas paixões frias

Cores artificiais, sonhos em fumaça

Pelas ruas, bem ali, na praça

Corpos, apenas

Sonhos? Guardados para outros dias

Algumas horas e alegrias

Sem sentido ou poemas

Guardei em seguro rincão

Os caquinhos do meu coração

Já estilhaçado pelo arqueiro

E pra noite fui a passo ligeiro

Deixei em casa minha poesia

Tentei cair na folia

Enquanto a música perdurou

Meu corpo apenas dançou

Mas a saudade foi mais forte

E quando o dia amanheceu

E a música esmaeceu

Fiquei a lembrar os dias de amor e sorte

Peguei a poeira multicor da minha alma

E com ela fiz as tintas com que traço

Esse trecho, poema sem calma

Onde a ilusão, despedaço

E dias depois da primeira noite festiva

Finalmente do dia amanhece cinza

Quarta feira – cansada, talvez ranzinza

Após uma semana de ilusão viva

 (2017)

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Em tua voz ressoam cançoes

Em tua voz ressoam canções

Onde minh’alma se deleita

E em suaves embalos se deita

Em doces jardins a sonhar ilusões

Pois são ternos e inocentes os corações

Que como o meu sem lutar aceita

O bem querer qu’invade d’uma só feita

Sem resistência ou racionais reflexões

E em teus silêncios, observo-te distante

Igualmente deleitada e silenciosa

Tomada por um encantamento constante

E se faz a manhã fria em luminosa

Quando num qualquer instante

Cruzo meus olhos c’o teu olhar brilhante

(13-10-2016)

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