Sobre rotina e cavalos selvagens

            Um pouco mais cedo estava na cozinha e algo me assustou: Já estamos na metade do primeiro mês do ano! O que aconteceu com aquela lista de boas intenções traçada há tão pouco tempo, para quando “dois mil e dezoito finalmente chegasse”? Onde guardei as horas infindáveis de estudos, escritas e exercícios que planejei para este mês de férias escolares?  A vontade é deixar os próximos trezentos e tantos dias apenas para planejar uma rotina perfeita e não cansativa (existe?) e riscar aquele título “Metas 2018”, substituindo para “Metas 2019”. Mas a vida não permite – se eu não estudar em 2018, não vou avançar – e ficar parada não é uma opção, não é verdade? A realidade prova mais uma vez que os dias são cavalos selvagens a correr indomáveis pelos campos infinitos da vida e de nada adianta traçar tantos planos se nada muito do que iremos viver na realidade não depende apenas de nós mesmos – e vendo desta forma, talvez seja possível vislumbrar um motivo real para estarmos aqui: Sobreviver e aproveitar a viagem. Ninguém vem ao mundo com o objetivo de ser “o melhor” em alguma coisa, ou o mais rico, ou o mais feliz como se felicidade pudesse ser medida. A sociedade tenta (e em geral consegue) nos fazer acreditar desde tenra idade, que o objetivo da vida é “chegar na frente”. E assim passamos preciosos momentos tentando domar nossos cavalos selvagens, caindo e levantando, exaustos, buscando um objetivo que nos foi colocado sem ao menos nos perguntar se desejamos que aquele tal objetivo fosse sequer parte da viagem que fazemos por aqui. Quer um conselho? Não tente domar seus cavalos selvagens! Corra com eles. Veja cada dia como uma nova página para escrever seus caminhos, histórias e desejos – trace metas sim, mas trace tantas e tantas metas e planos que, se um ou outro não der certo, você possa sorrir e se contentar com os que foram cumpridos – e ao final de cada dia, reflita: O fez e se isso lhe trouxe algo de bom – não necessariamente se lhe aproximou de seus objetivos pessoais, apenas se pergunte: “As experiências que vivenciei hoje me trouxeram algo de bom sem prejudicar ninguém? Eu tive motivos para sorrir hoje?” Se as respostas para estas perguntas forem “sim”, não se preocupe – você está no caminho certo.

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Entre filmes e receitas: Tomates Verdes Fritos

Tomates Verdes Fritos não é apenas um filme sobre amizade entre mulheres – É um filme sobre opressão, violência, preconceito e abandono afetivo, e, principalmente, é um filme sobre a força feminina e a sobrevivência.

Narrado em dois momentos bastante distintos, o filme narra a história de Idge Threadgoode – que viveu na década de 20, e também da dona de casa Evelyn – obesa e emocionalmente abandonada pelo marido. O filme nos faz pensar na importância da convivência ao mostrar como Evelyn vai modificando seu comportamento e tomando as rédeas da própria vida enquanto acompanha a história que a idosa Ninny Threadgoode lhe conta sobre Idge e Ruth e como elas, unidas aos amigos, venceram o luto, a violência doméstica e ainda contornaram a sociedade racista e a ku klus kan – enquanto gerenciavam uma lanchonete no Alabama.

O título do filme inspira-se no principal prato servido por elas – Tomates Verdes Fritos. Pesquisando, descobri que se trata de um prato típico nos Estados Unidos e, lógico, não pude deixar de preparar (veganizando a receita) e compartilhar com vocês:

Ingredientes:

Tomates bem verdes (se estiverem maduros ou começando a amadurecer é um desastre)

Farinha de trigo

Farinha de rosca (de preferência daquelas mais grossinhas)

Farinha de milho em flocos

Sal e pimenta à gosto

Óleo para fritar

O preparo é bem simples:

Fatie os tomates e tempere com o Sal e a pimenta.

Em uma vasilha misture água e farinha de trigo, acrescentando a elas um pouco de sal e pimenta para reforçar o tempero dos tomates.

Em outra vasinha, misture farinha de milho (quebre um pouco os flocos) e farinha de rosca.

Aqueça o óleo e deixe um guardanapo bem grosso em uma travessa.

Passe as rodelas de tomate na água com farinha, depois nas farinhas misturadas. Tenha certeza de que o tomate está completamente empanado (Se necessário, repita o procedimento). Frite em óleo bem quente e quando estiver dourado, retire e deixe no guardanapo para escorrer a gordura. Sirva ainda quente!

Viram? Às vezes fazer comida de cinema nem é tão difícil assim!

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Sobre o início do ano, as polêmicas, o mar e o cansaço da vida.

Lá fora, a chuva molha lentamente o chão. Há pouco terminei de ler um livro, estudei violão – as aulas logo estarão de volta – almocei. Senti falta dos ensaios dominicais na casa do meu melhor amigo e das caminhadas longas para chegar e sair da casa dele. Pensei em me arrumar e ir caminhar a esmo pela cidade molhada, fria e provavelmente vazia – a chuva certamente forçou os turistas e veranistas a se recolherem neste domingo.  Sentada diante do computador, começo a ler algumas postagens de blogs que sigo – e também olho vez por outra, a timeline do Facebook. E então percebo que o ano nem bem começou e já surgiram motivos para polêmicas desnecessárias – ou talvez reveladoras: Vejo mais um texto, bastante bem escrito e argumentado, sobre a foto do menino negro dentro do mar na virada de ano em Copacabana. Tantas interpretações para uma única imagem – qual a dificuldade das pessoas em enxergar na foto apenas uma criança olhando os fogos, talvez com frio pela água levemente gelada do mar? Válido questionar a exposição de um menor de idade, mas apenas isso – antes de inventar possíveis interpretações, essas pessoas deveriam pensar sobre o constrangimento que este menino irá passar ao ver tantas histórias “criadas” a seu respeito – menor abandonado, ladrão. Qual o motivo de atribuir a uma criança em uma imagem tantos passados e presentes? Quando perdemos a capacidade de apenas admirar uma fotografia bem feita? E a reforma da Educação que o governo propõe? Por qual motivo há tantos textos sobre uma imagem e tão poucos sobre coisas que realmente importam? Será que já desistimos de lutar por escolas públicas de qualidade, saúde, transporte, segurança – não segurança repressiva, chacina, força bruta – mas a segurança da justiça, da educação, dos direitos humanos colocados desde cedo para formar cidadãos que entendam a importância de lutar pelos direitos do seu próximo e não apenas pelos seus.

Francamente, tento parar de pensar em tudo isso – o ano mal começou e um desânimo já me invade. Tenho me sentido velha ultimamente – meus 31 anos que este ano se transformarão em 32 – parecem já 50. Talvez eu devesse ler menos, questionar menos. Mas não consigo! Entre os preços abusivos do supermercado, o transporte caro e lotado, o emprego e o curso, encontro apenas cansaço e perguntas que não se encaixam e, os únicos momentos em que consigo não questionar são aqueles momentos entre amigos, aquelas noites na praia esperando o Sol nascer, os ensaios de domingo, as horinhas roubadas ao turbilhão dos dias em pequenas conversas no Messenger. E por falar em amigos e vida, lembro-me de uma analogia feita por um grande e especial amigo: A vida é como o mar e suas ondas: Puxa, bate, empurra – e sempre te joga em alguma praia. E completo o pensamento dele: Se você for forte, talvez consiga aproveitar a praia. Se apenas se deixar levar, provavelmente não consiga sobreviver até chegar à terra firme.

Passaporte da Leitura – Um documento para documentar leituras e emoções

Há pequenos cuidados e carinhos inesperados que nos marcam com uma alegria intensa. Ano passado um amigo muito querido me surpreendeu com um presente muito fofo: Um “Passaporte da Leitura”. Trata-se da réplica de um passaporte normal, porém destinada a documentar todos os livros lidos no decorrer do ano. Este gesto foi capaz de me arrancar inúmeros sorrisos – não apenas porque eu realmente amo ler, mas também porque esse amigo me conhece tão bem que ao ver o passaporte, lembrou-se de mim. E foi tão especial o presente que eu decidi que iria me dedicar a fazer vídeos no Youtube para falar sobre ele e sobre cada um dos livros que lesse – minha intenção era fazer uma “volta ao mundo” anotando um livro de cada país no passaporte. Entretanto, nestes meses todos, não consegui me estruturar para criar vídeos – falta habilidade de edição, a câmera do celular não é a melhor do mundo e eu também sou um pouco tímida para gravar os vídeos – então, ao menos por algum tempo, o projeto de criar um vlog está suspenso, pois a ansiedade de começar a utilizar meu presente e ler livros de várias partes do mundo é bem maior que a vontade de gravar os vídeos – por outro lado, certamente será uma experiência enriquecedora ler e escrever resenhas de livros de todas as partes do mundo.

O primeiro livro será “Como água para chocolate”, livro mexicano indicado pelo  Carlos, o amigo doce e querido que me deu o passaporte. É um livro lindíssimo e já estou ansiosa para falar sobre ele, mas isso é assunto para outra postagem!

Abraços!

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