Um encontro de sabor (e cebolas). [Conto + receita de pão de cebola vegano]

Chovia. O feriado prolongado prometera dias de descanso, praia e sol e entregara dias cinzentos e muita água. Letícia olhou para a geladeira: Precisava urgentemente ir ao supermercado, mas sentia sono e muita preguiça ao imaginar as filas. Pegou uma maçã e começou a morder, desinteressadamente, sem saber se o que sentia ao certo era fome ou tédio. Um som leve interrompeu-lhe os pensamentos. Mensagem de texto de um número desconhecido: Gostei do teu tempero. Vamos cozinhar? Estou planejando fazer pão e assistir um filme aqui em casa, topa? Não havia assinatura na mensagem, mas Letícia sabia qual o único remetente possível. Há dois anos ela havia recusado uma sopa – Dezoito anos, sozinha pela primeira vez em uma grande cidade e pensando o pior de qualquer pessoa – Ainda sentia vergonha da pouca cordialidade que tivera na época. Agora, estava disposta a conhecê-lo melhor e ter ao menos um amigo no prédio. Respondeu a mensagem e tomou uma ducha antes de subir e bater na porta do apartamento 805.

            Berilo abriu a porta com um sorriso largo e o cabelo despenteado, com as pontas um pouco queimadas de Sol. Ele parecia estar sempre chegando da praia, tinha olhos de maresia e um peitoral largo “- Entra. Cozinhar no corredor é impossível”. Letícia deu um sorriso tímido e entrou. O apartamento era completamente diferente do que ela imaginava: Uma grande estante repleta de livros, alguns enfeites, uma mesa e quadrinhos com fotos de família. Ela corou ao pensar no próprio apartamento onde dormia num colchonete jogado a um canto e revirava caixas para encontrar qualquer livro que desejasse ler. Ele entregou uma touca – Vista isso – Aqui em casa cozinha é uma coisa séria. Letícia nunca imaginou que fazer pães pudesse ser uma experiência quase libidinosa – A cozinha pequena da kitnet mantinha os corpos juntos e, em alguns momentos ela encostava-se nele de maneira provocativa. Fizeram pães de cebola e ervas e a inevitável piada surgiu: Com tantas lágrimas, seriam eles dois ciumentos incorrigíveis? Como provocação ela respondeu que não era ciumenta, mas que tanta cebola certamente seria para deixar explícita a intenção de não beijar.  Quando colocaram os pães no forno, ele tirou a camisa – Estava calor apesar da chuva, e o forno ligado só contribuía para deixar o ambiente ainda mais quente. Alegando calor, ela ergueu a camiseta acima do umbigo e amarrou com um nó. Olharam-se com tensão. Berilo arrumou a mesa: Caponata de berinjela, hommus de grão de bico, patê de tofu e um litro de suco de laranja – Exceto o suco, tudo caseiro e vegano. Vamos ver como estão estes pães? Berilo surgia na sala com os pães. Letícia nunca havia imaginado que comida vegana poderia ser tão boa, então, lembrou-se do dia em que trocaram porções de caril e perguntou se ele acaso era vegano. Ele riu e respondeu que sim. “-Então, o que fez com o Caril que deixei na tua porta aquele dia?”. Berilo corou ao confessar que havia levado para o José da portaria. Letícia fingiu estar seriamente ofendida, mas não conseguiu segurar o riso por muito tempo, principalmente quando ele pediu licença e retornou com um vidro de enxaguante bucal “para quebrar os efeitos da cebola”. Não precisaram do enxaguante nem de outras palavras: Seus lábios e corpos se colaram. Letícia retirou a camiseta, deixando os seios à mostra. Berilo a puxou para mais perto, deixando-a sentir o volume por baixo da bermuda e sentando-se no sofá com ela no colo. Ofegavam em uma mistura de corpos e línguas e peles arrepiadas. Mãos se misturavam com coxas e ventre. Eles não ouviram quando alguém colocou a chave na fechadura e abriu a porta “- Desculpa interromper.”. Um rapaz branquelo e sardento olhava atônito para o casal. Era Caio, o ex-namorado de Berilo que, lembrando-se que não havia devolvido a chave e não tendo sido barrado na portaria, subira direto e acabara interrompendo o encontro – O que aconteceu entre eles depois que Letícia foi embora é assunto para outra receita – por agora, basta dizer que ela voltou para casa com mais calor do que estava e sentindo uma fome diferente, insaciável: Fome do cheiro e do corpo do vizinho do 805.

Receita do Pão de Cebola e Ervas

1 xícara de óleo de girassol

2 colheres rasas de açúcar

1 xícara de água quente

3 colheres de chia deixada de molho em ¼ de xícara de água

2 dentes de alho

Ervas: ½ maço de cheiro verde, 2 colheres de orégano, 2 colheres de erva doce, ½ maço de manjericão ou manjerona

1 colher (sopa) de sal

4 cebolas média

2 colheres (sopa) de fermento biológico

2 kg de farinha de trigo

No liquidificador bater as cebolas e a água quente. Colocar a chia hidratada com a água e bater mais. Em seguida, óleo, sal, açúcar, ervas e alho. Continuar batendo e acrescentar o fermento por último, com a mistura já fria. Ir acrescentando a farinha aos poucos, sovando até a massa não grudar nas mãos e ficar homogênea. Deixar crescer até dobrar de volume e fazer os pães, formando bolas que devem ser colocadas em assadeira untada e descansar até que colocando o dedo, a massa permaneça afundada. Assar em forno baixo, pré-aquecido, aumentando quando começar a dourar.

Essa história é a continuação da história da Letícia. Os primeiros capítulos estão aqui: 1 Cebolas e Ciúmes; 2 Letícia, o vizinho e o limoeiro – Ou como tudo começou, na versão dela.; 3 Letícia, a nova vizinha – Ou o prato de sopa onde Berilo acredita que tudo deveria ter começado.

Fotos dos pratos? Dá uma olhadinha lá no Instagram @poetisa_darlene

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Brasil – Conto de fadas ou império de sangue?

Geralmente aos domingos eu costumo escrever um texto sobre os rumos que o país e o mundo estão tomando e a cada semana penso que não pode piorar, mas piora – Por exemplo, descobri que nosso presidente não é um mito e que estamos todos e todas vivendo um conto de fadas neste país! Sim, contos de fadas existem e nós somos governados por uma célebre personagem – Ao mentir na ONU sobre o valor do auxílio emergencial e sobre a origem das queimadas que vem devastando nosso país, Jair provou que é o verdadeiro Pinóquio – E que diferente do filme fofinho da Disney, na vida real nosso Pinóquio esmagou o grilo falante, que deveria servir de consciência e se transformou no pior dos vilões!  E é bom lembrarmos que em suas versões originais, os contos de fadas não eram cor-de-rosa nem tinham finais felizes – Ou seja: Nada, absolutamente nada, garante que no último suspiro de nossas vidas, uma fada azul irá chegar e salvar o dia. Não há magia que possa nos tirar deste caminho perverso – Nada, além de nossa união enquanto classe trabalhadora poderá nos salvar. Agora que falei brevemente sobre a realidade brasileira neste momento, gostaria de fazer um pequeno desvio neste texto para falar sobre outro assunto – Roma: Império de Sangue. Vocês que me lêem devem estar se questionando “-ela enlouqueceu? Começa a falar sobre o Brasil e, repentinamente desvia o assunto e vai parar em Roma?”. Calma, irei explicar o meu ponto. Roma: Império de Sangue, é o nome de uma série da Netflix que comecei a assistir essa semana, ontem terminei a primeira temporada, sobre o Imperador Cômodo. O que me deixa pasma é que passamos um verniz de modernidade em nossas relações com o poder, mas no fundo quase nada mudou. Na série, Cômodo é mimado, incompetente e egocêntrico, mas se importa com a cidade de Roma. Na verdade, não é sobre o imperador que pretendo falar e sim sobre as traições que permeiam os espaços de poder – Assistindo, percebe-se o quanto os conselheiros e Senadores jogam, conspiram e traem uns aos outros o tempo todo. Cômodo poderia ter sido um excelente imperador e isso não mudaria seu destino. A disputa do poder pelo poder nos mostra que o assassinato continua sendo uma realidade – Opositores ainda matam! Que o digam Marielle e Anderson, que o digam todos os ativistas pelos direitos humanos, contra a violência policial ou contra a degradação do meio ambiente – Assassinados! Que o diga o Padre Julio Lancelotti, constantemente ameaçado. O Brasil, a exemplo de Roma, é também um império de Sangue, com a diferença que por aqui, não é necessário ser nobre, Senador, Cônsul ou Imperador – Por aqui, morre-se por ser sensato e lutar pelo bem comum. E sinceramente? Duvido que esses jogos mortais pelo poder ocorram apenas por aqui – certamente se esquadrinharmos as realidades de outros lugares, iremos encontrar sujeira e veneno suficientes para destruir três planetas. Eu não sei até quando continuará sendo desta forma – É necessário desmontar as principais garras do capital: Ganância, acumulação de renda, abismo social. É necessário remodelar a sociedade. O problema é que a elite sabe os próprios pontos fracos e se encarrega de esmagar – através da violência – aquelas pessoas que ousam lutar. Ainda bem que o legado dessas pessoas se torna semente e a luta se perpetua. Em Roma, não havia inocentes ou ingênuos e a população pagava com a vida por isso. Aqui, o povo vem pagando com a vida pela incompetência dos poderosos e pela ganância dos empresários, mas ao menos há sementes de luta que brotam e conseguem um espaço nas instituições e na sociedade, buscando mudanças que sabem impossíveis de serem manejadas por uma ou duas pessoas, mas que certamente virão quando o ser humano amadurecer e entender a necessidade de se livrar deste modelo falido de sociedade em que vivemos.

Meus primeiros sonetos clássicos

Meus primeiros sonetos clássicos – Organização Alexandre Carvalho e Silvio J. Estevam

Segundo livro do #desafioliterario2020 #Setembro, o livreto “Meus primeiros sonetos clássicos” reúne sonetos selecionados de William Shakespeare, Luís de Camões e Fernando Pessoa. Na obra foi disponibilizada uma breve (muito breve mesmo) biografia do autor, além de nove sonetos escolhidos – Não se trata de um livro direcionado ao estudo aprofundado da poesia, mas sim a sua difusão entre as camadas mais populares – como bem explicado na contracapa do livro, a editora PAULUS, responsável pela obra, é uma entidade filantrópica formada por Padres com objetivo de doar livros para crianças e adultos em escolas públicas, hospitais, presídios e entidades sociais. É uma leitura agradável e bem leve, adequada para quem deseja iniciar o hábito de ler sonetos.

#desafioliterario2020 #setembro #sonetos #literatura #literaturaclassica

Contos Reunidos – Brás, Bexiga e Barra Funda; Laranja da China e outros contos

 Paulista, nascido em Maio de 1901, Antonio de Alcântara Machado cursou direito, mas nunca perdeu de vista seu dom para a literatura. Em 1926, funda junto com Antonio Carlos Couto de Barros a revista modernista “Terra Roxa… e outras terras” e no mesmo ano publica “Pathé- Baby” seu primeiro livro reunindo contos publicados anteriormente pelo jornal do comércio (onde começou a colaborar em 1921). Em 1927 publicou o livro de contos Brás, Bexiga e Barra Funda – Notícias de São Paulo, onde se ocupou em retratar a São Paulo dos imigrantes italianos, uma camada social que formava considerável parte do proletariado paulistano. Brás, Bexiga e Barra- funda compõe-se de narrativas curtas, escritas com elementos que remetem mais ao jornalismo que a literatura.

A escrita do autor é breve, seca, sem grandes floreios e muitas vezes são utilizadas expressões populares da época – é preciso lembrar que a obra foi escrita sobre as primeiras luzes do modernismo, portanto difere fortemente de obras escritas por outros artistas em momentos pouco anteriores – Afinal, os modernistas propunham uma nacionalização da língua, abandonando as normas léxicas da elite portuguesa para que se adotasse a oralidade das ruas e da zona rural. Em 1928 o autor publica Laranja da China – A exemplo do livro anterior, Laranja da China também apresenta vários contos já publicados em periódicos nos quais o autor colaborava e mantém seu foco principal em retratar a cidade de São Paulo e seus diversos tipos humanos – entretanto, diferente de Brás, Bexiga e Barra Funda, em Laranja da China o autor retrata tipos humanos característicos da São Paulo dos anos 20 de forma irônica e divertida.  Uma curiosidade sobre o título é tratar-se este de um trecho de paródia feita para acompanhar os acordes iniciais do hino nacional (na época, cantava-se “laranja da China, laranja da China, laranja da China, Abacate, cambucá e tangerina” junto aos primeiros acordes do hino – Tente fazer isso e veja que realmente a métrica fica perfeita). A edição de “Contos Reunidos” elaborada pela Editora Ática/Série Bom Livro, conta ainda com mais cinco contos do autor reunindo assim em um único volume todos os contos de Antonio de Alcântara Machado. Tratam-se de cinco contos engraçados, espirituosos e com foco diverso dos primeiros – o autor abandona o imigrante italiano ou a construção dos tipos sociais paulistanos e mergulha na brasilidade com narrativas bem humoradas que envolvem desde política até concursos de miss. O volume é leitura imprescindível para quem ama a cidade de São Paulo e deseja se aventurar por suas ruas através dos tempos.

Nota: Confesso que iniciei esse livro no final do mês passado e tive um pouco de dificuldade na leitura, que achei arrastada de início e por isso deixei de lado várias vezes – Me arrependi desse comportamento quando cheguei nos contos do Laranja da China e nos cinco últimos contos, portanto, o primeiro livro lido no meu #DesafioLiterário202 #Setembro acabou sendo, na verdade, o último livro de Agosto.

E vocês? Já leram essa obra ou alguma do autor?

Prioridades na catástrofe

Há duas semanas quebrei minha rotina de comentar os fatos da semana por aqui – No primeiro domingo, por ter participado do projeto 06 on 06, no segundo, por estar envolvida em projetos particulares, como a divulgação da antologia da qual faço parte. Hoje confesso que me peguei em frente ao computador imaginando qual motivo me leva a escrever esses pequenos textos-relatos irônicos – Aparentemente, estamos presos em um limbo sem possibilidades de boas mudanças – O presidente da câmara permanece sentado em cima de todos os pedidos de Impeachment contra o representante do inferno que tomou de assalto o governo do país, a covid-19 continua ceifando vidas, o fogo se espalha rapidamente devastando nossos biomas e gerando uma nuvem de fumaça escura. Um representante do governo americano em nosso solo faz fala atentatória contra a democracia venezuelana, Trump proíbe aplicativos chineses em território norte americano, a Europa já começa a lidar com novo aumento de casos da covid-19 enquanto no Brasil o lobby das escolas particulares faz pressão pela volta às aulas. O (des)governo brasileiro prepara um novo ataque aos trabalhadores – Dessa vez, buscando retirar a estabilidade dos funcionários públicos – Afinal, funcionário concursado não participa de rachadinha nem tem medo de cumprir seu papel e denunciar más condições de trabalho ou atos de descumprimento da lei, portanto, estabilidade incomoda os poderosos. A bagunça está tão grande que esta semana tivemos até mesmo um marido mordendo a esposa que tentava defender o pitbull da família: Detalhe que o marido tem dezoito anos, a esposa 16 (O que já é assustador, por tratar-se de uma adolescente) e o cachorro com fama de bravo e assassino, não mordeu ninguém, nem mesmo para se defender. Na minha região, teve festa com aglomeração em iates, com direito a uma pessoa rasgando dinheiro e jogando no mar. O quilo do arroz atingiu um preço tão alto que logo vai ter professor desmontando os chocalhos que fizeram com o cereal na sala de aula, para garantir mais uma porção de comida – Mas o importante, o fundamental mesmo é que o Brasil está longe do governo comunista do PT (que de tão comunista fortaleceu os bancos e os lucros das grandes empresas), longe das mamadeiras de (***) e do kit gay, fantasmas que assombraram os delírios coletivos de pessoas com sérios problemas de raciocínio.  Enfim, o mundo está um caos e aparentemente não há muita luz no fim do túnel – Mas, diante de tudo isso, gostaria de propor que adivinhem qual foi o assunto mais comentado nas últimas semanas: Conseguiram lembrar? A suposta traição de uma cantora pop brasileira – Será que ela estava se relacionando com um amigo do casal antes da separação? Eu pergunto, em qual realidade paralela as coisas que pessoas fazem entre quatro paredes sem prejudicar a sociedade ou algum ser indefeso, é tão importante a ponto de desviar a atenção da catástrofe plena em que estamos mergulhados e mergulhadas?

Diamant – Minha coreografia no Chair Dance

No final do mês de Agosto, escrevi um post intitulado “para se movimentar” aqui no blog comentando sobre minha rotina de atividades físicas na quarentena e o quanto tem sido gratificante me dedicar a algo que amo e havia perdido na correria da vida: A dança.

Domingo passado, gravei um pequeno vídeo com a coreografia que criei, utilizando um pouco das técnicas de burlesco e chair dance que aprendi na internet. Ficou lindo, mas fiquei em dúvida: Postar ou não? Coloquei no youtube (meu canal só tem 8 inscritos, então era quase certeza ser pouco visualizado), ontem acabei publicando no Instagram algumas fotos – Na verdade prints de momentos da dança – tratadas com um app para parecer cartoons. Houve vários comentários e interações que eu não esperava – Afinal, eu não sou profissional na dança! Mas os comentários me deram coragem para mostrar a coreografia para vocês aqui no blog. A música é uma canção da banda alemã Rammstein, que me agrada imensamente e, como não poderia deixar de ser, eu escrevi uma poesia sobre o dançar. Espero que gostem!

Quando dança
A alma alcança
O êxtase dos céus
E a sedução do mundo
Mistério profundo
Quando dança
O corpo aprende
Que o movimento prende
O olhar que assiste
Enquanto insiste
Em libertar energia
Produzindo fantasia.
Quando dança
O corpo é alma
Luz, leveza, encanto
É pureza e sedução
É sussurro e acalanto
É paz e explosão

E, para quem ficou curioso para ver as fotos, é só espiar no Instagram @poetisa_darlene

Convite

Boa noite meus caros e minhas caras! Hoje, exatamente daqui duas horas, acontecerá o lançamento virtual da antologia “Amores Virtuais, Perigo Real” no Instagram da Editora Quimera. Essa antologia é muito especial – E não apenas pelo fato de um conto meu ter sido selecionado para a publicação, mas pelo tema importantíssimo e super atual: Os perigos das relações iniciadas pela internet. Outro fato importantíssimo: A renda obtida pelas vendas do livro será doada a uma instituição que acolhe mulheres vítimas de violência. Bacana né?

O tema é pesado, mas foi tratado com muita sensibilidade pelas autoras e autores selecionados, e, por falar em autores selecionados, lá no Instagram da editora tem as lives que foram feitas diariamente com cada um de nós.

Tá esperando o que para conferir?

Acesse no Instagram @grupoeditorialquimera e não perca o lançamento hoje, às 21h

06 on 06 – Equinócios

Equinócio é o período do ano em que o Sol corta o equador fazendo com que dia e noite tenha a mesma duração. Isso ocorre no dia 20 de Março, quando se inicia o outono no hemisfério Sul e a primavera no hemisfério norte e em 23 de Setembro, quando a primavera se inicia no hemisfério Sul e o outono se inicia no hemisfério norte. Tais datas são muito importantes para praticantes da wicca ou do neo-paganismo – Dias de energia e rituais deliciosos, por isso essa proposta de 06 on 06 me deixou com muita saudade já que há anos não participo mais de um coven.  Algumas bruxas comemoram os equinócios pela Roda do Norte (Ou seja fazem os rituais de acordo com os equinócios que ocorrem no hemisfério norte), no coven que eu participei, comemorávamos pela Roda Sul, então, dia 23 de Setembro celebramos Eostre ou Ostara – Esse ritual teria originado a páscoa dos cristãos, uma vez que antes do cristianismo já se celebrava Ostara com o uso de ovos coloridos, lebres, flores e fogueiras. A igualdade entre dia e noite marca o equilíbrio entre o Masculino e o Feminino sagrados – O Deus Sol representado como um jovem cheio de esplendor e a Deusa como uma Donzela – Ostara é uma fase de fertilidade latente, época de semear a terra e iniciar novos projetos. Gostaria muito de poder compartilhar algumas fotos de ritos dos quais já participei, mas no momento isso não é possível porque eu não estou encontrando! Então, postei a única que eu tenho em mãos e pensei em algumas imagens que simbolizam coisas simples que trazem uma magia especial para a data

1 – Se tiver um coven, se reúnam para celebrar. É sempre bom repartir rituais, conversas, reflexões e comidinhas típicas, de preferência adaptadas ao veganismo para respeitar a Mãe Natureza e deixar os animais em paz (pães integrais, saladas, bolos de melado, vinho, ovos pintados, leites vegetais e frutas da estação). Foto de 2009, após celebrar Ostara.

2 – Passeie por jardins, bosques ou qualquer área verde e celebre a Natureza e a vida. Lembre-se que a Deusa está em cada cantinho deste mundo. (Não, a foto não é de Ostara, mas senti que ela combinaria com a data)

3 – Faça ovos de chocolate enfeitando-os com frutas secas e castanhas. Evite embrulhar em papéis coloridos para não gerar lixo. Você pode fazer ovos de argila ou madeira e decorar, caso prefira algo que possa ficar no seu altar ou em um local visível. (Créditos da foto: Pixabay/Anncapctures)

4 – Plante – Pode ser um vasinho ou um jardim, mas plante. É tempo de fertilidade – E isso se aplica a todas as áreas da vida, então plante sementes daquilo que deseja colher – Inicie um novo curso, novas amizades, novos hábitos.

5 – Em silêncio, beba uma xícara de chá de uma das ervas relacionadas aos ritos de Ostara – Tanchagem, alecrim, limão, açafrão ou cravo (Outras ervas deste equinócio são lavanda, manjerona, lilás, violetas, balsamo, madressilva, musgo de carvalho, rosas, sabugueiro, narciso, junquilho, tulipa e verbena, mas eu desconheço se elas podem ou não ser utilizadas como chá)  e medite sobre as coisas que deseja semear. (Créditos da imagem: Pixabay e Pexels)

6 – Visite uma nascente, se preferir, leve um buquê ou guirlanda de flores em oferenda ao espírito da primavera – Mas lembrem-se, sem deixar papéis, plásticos ou fitilhos, apenas as flores presas com fibras naturais como folhas resistentes

E vocês, ritualizam ou conhecem alguém que ritualize os equinócios? Comentem!

(Geralmente domingo é dia de falar sobre política e sociedade, mas excepcionalmente hoje não haverá postagem, uma vez que o projeto 06 on 06 é uma proposição da qual adoro participar e diferente das besteiras do presidente, que são diárias, o 06 on 06 ocorre apenas uma vez por mês)

Este post faz parte do 06 on 06. Participam também:

Lunna – Lucas – Obduliono