Brasil: Entre o gado, a COVID e a ignorância. Sobrará pedra sobre pedra por aqui?

Entre os fatos da semana, assisto sem muito espanto o presidente da república discursando contra o uso de máscaras – Não tenho palavras educadas para descrever o que sinto. Nos ônibus, algumas pessoas insistem em tirar a máscara – Além de enviar reclamações freqüentes e detalhadas – Que em nada tem adiantado – aos responsáveis pela viação, agora apelo para outro “truque”: Forço uma tosse contínua, algumas vezes “atendo” o celular e comento sobre a preocupação acerca do meu ambiente de trabalho que já conta com alguns casos confirmados (nenhuma inverdade nesta parte). Está cada vez mais difícil sobreviver no Brasil e, em alguns momentos eu me pergunto: O que é que ainda estou fazendo aqui? Aí me lembro que fiz direito e não informática ou ciências, carreiras que me tirariam daqui com maior facilidade. Arrependo-me da faculdade feita pela milionésima vez. Será que brasileiros são bem vindos como inspetores de alunos em outras partes do mundo? (Pesquisa Google) E nesse ritmo a semana segue entre más notícias, trancos e barrancos. O fato engraçado é que até mesmo Israel, país que o atual presidente tanto busca como parceiro, está vacinando em grande escala, fazendo inclusive propagandas bem incisivas contra os “palhaços” que negam a ciência. Palhaços, Bozo, Bozonaro… Seria mera coincidência?

            O fato, amigas e amigos, é que um ano após o primeiro caso de COVID no Brasil, temos um país em colapso, sem leitos de UTI, com a vacinação caminhando a passos de formiga, escolas reabertas, leis de isolamento em horários sem sentido e um presidente ameaçando não ajudar os Estados que decretarem lockdown. Ao mesmo tempo, observo ainda agora a reportagem sobre Whuan, cidade chinesa onde surgiu o surto de COVID – Impressionante o respeito humano, o uso de máscaras – Inclusive em crianças que ainda usam carrinho de bebê – mesmo já não sendo obrigatório, permanece. A medição de temperatura exposta em telas em cada lugar, os aplicativos que rastreiam as pessoas para avisá-las de que estiveram em lugares com suspeita de casos para que permaneçam em casa, de quarentena, caso haja a mínima chance de contaminação. A China provou que a tese brasileira de “Ou salva a economia ou salva vidas” não funciona – Por lá, com respeito, educação, união e um governo rigoroso e pautado na ciência, foi possível salvar vidas e economia, tendo em vista o crescimento econômico do país durante a pandemia. Invejável – Deve ser bom ter um presidente, não é mesmo?

            Nas últimas semanas, tirei férias desses meus textos de domingo – mas como um breve resumo do que aconteceu posso dizer que: O presidente deve pensar que militares que comem leite condensado se tornam Brigadeiros – Só isso para justificar os milhões gastos em leite condensado no ano anterior. Ou será que estamos desenvolvendo uma vacina à base de leite condensado? Seria a brigadeirovac? Tudo bem que o escândalo presidencial acabou abafado pelo início do “Big Brother Brasil” e suas polêmicas (nada contra quem assiste inclusive qualquer falarei sobre isso aqui) e em seguida pela prisão de Daniel Silveira – Deputado do PSL que fez um vídeo contra o STF. Se a prisão foi uma notícia boa, a reação dos congressistas foi bizarra: Tentaram votar, a toque de caixa, uma lei que blindaria ainda mais os parlamentares, tornando praticamente impossível prendê-los em flagrante – Essa foi por pouco! Vitória temporária do bom senso, a lei foi retirada de pauta. Outra notícia interessante: Brasileiros criaram geladeira e fogão solares – Acho que vai ser necessário, com o preço que vai o gás só temos duas opções: Cozinhar com o calor do Sol ou comer tudo cru. Por fim, o nada excelentíssimo finalmente dá sinais de retomar o auxílio emergencial – Em valor insuficiente e com a condição de retirar a obrigatoriedade dos investimentos mínimos em saúde e educação (soube que já houve alteração do texto e a saúde foi “salva” ou ao menos remediada) – Tudo bem que, no caminhar que as coisas vão, em alguns meses talvez já não haja mais necessidade de saúde, educação, previdência ou segurança – Afinal, mortos não precisam de nada disso. O importante é que voltamos a ter futebol e que a Karol Conka saiu do Big Brother Brasil com a mais alta rejeição – Só espero que este número se repita em 2022 na eleição que realmente importa – Então por favor, até lá, tentem vacinar o gado bolsonarista contra febre aftosa e deixem para nós, seres sensatos, a vacina da COVID. Enquanto isso, as músicas da Karol Conka seguem fazendo parte da minha trilha sonora  enquanto leio e observo os caminhos bizarros que o país vai tomando, com o desgoverno e seus militares – neste ponto, fico corroendo o desgosto de pensar que já cogitei seguir carreira militar – Ainda bem que em um lampejo de bom senso desisti da prova. Eu certamente não gostaria de estar neste lugar vergonhoso da nossa história. Apesar da vontade de jogar a toalha, sigo tentando sobreviver as duas epidemias que nos assolam: A de COVID e a de ignorância, sabendo inclusive que a segunda está colaborando ativamente para o sucesso da primeira.

Negacionismo mata! Vacina para todas, todos e todes. Auxílio emergencial já e #ForaBolsonaro

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10 fatos literários sobre mim- Blogagem coletiva

1 – Hábito de infância
A leitura fez parte da minha formação desde que me conheço por gente. Minha mãe me ensinou a ler em casa e aos 7 anos eu já tinha vários livros, com 8 comecei abandonar os livros cheios de figuras, buscando textos mais longos.

2 – Gibi? Não, obrigada!
Que me perdoem os fãs de revistas em quadrinhos, mas eu nunca curti a ideia de ler uma história com um monte de desenho e cores no meio. Não tinha e não tenho paciência. Tirinhas curtas e irônicas são uma exceção.

3 – Clássicos, clássicos e clássicos…
Acostumei desde cedo com a leitura de livros considerados clássicos. Acredito que mesmo sem encontrar o pleno sentido do que o autor/autora quis dizer, é importante que haja um esforço em torno da leitura desses livros, seja pelos enredos excelentes, seja pelo vocabulário rebuscado.

4 – … Mas nada contra os livros da moda
Crespusculo? Li. Cinquenta tons de cinza? Li. Harry Potter? Li. Pois é. O fato de amar livros mais rebuscados não me impede de gostar das últimas modinhas literárias. Dá para gostar dos clássicos e do último besteirol teen ou hot. O que não dá é pra ser chato e julgar a leitura do amiguinho.

5 – Não toque no meu livro!
Quer me irritar? É só pegar um livro meu e dobrar as páginas, amassar, ler com as mãos sujas… Sério! Livros merecem cuidados.

6 – Desapegos
Gosto de ter livros em casa, mas também curto desapegar de alguns exemplares – trocar, vender, doar. Só não faço mais ações do tipo “esqueça um livro” por temer que ele seja exposto a chuva ou a maldade humana.

7 – Pra todo lugar
Antes da pandemia eu sempre carregava um livro na bolsa. Sempre. Agora que tudo o que chega da rua precisa ser higienizado, esse hábito acabou perdido…

8 – Tradicional
Sei de todas as facilidades trazidas pelo e-book, mas sinceramente? Ainda prefiro os livros de papel.

9 – Três livros que eu gostaria de ter escrito
Como água para chocolate
Lira dos vinte anos
Amos e Masmorras

10 – Um livro que eu indicaria para quem está lendo
A bicicleta azul e os subsequentes.

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06 on 06 – Vitrines

Vitrines
Intransponíveis divisões
Entre o ser e o ter
Fúteis diversões
Atrações
Venham ver
Deixem aqui seu suor
Seu tempo salário
Sua vida de trabalho
Vitrines...
Fotografadas às pressas
Entre um ônibus e outro
Sob o perplexo olhar dos seguranças
Dos passantes
Dos excluídos
Das lojistas, vendedores
Balconistas
Com seus sorrisos convidativos
E seus preços nem sempre atrativos
Vitrines imorais
Num país onde tantos pés não tem sapatos
Tantos corpos veste trapos
Tantas bocas sem comida
E tanta cegueira por conveniência ou ignorância - que nenhum óculos seria capaz de corrigir.