Ode a memória

Ah, Liberdade! Como és fugidia!
O som maldito dos coturnos 
Pisoteando a frágil democracia
Iniciando vinte e um anos soturnos

Nossa terra diuturnamente vilipendiada
Diziam ser para o bem da Nação
Enquanto torturavam inocentes no porão
Rindo da dignidade humana violada

Aos abutres da ditadura: O lixo da história
O eterno o repúdio aos ignóbeis atos
Às vítimas o direito à verdade e à memória
Que nunca sejam esquecidos os tristes fatos

Que o terror desses anos nunca seja esquecido
Pois o passado nunca é apenas o tempo ido
Que reverbere pelos ares o brado: Foi golpe
Que persista a luta: 1964 nunca mais! 
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Brasil. Para a dívida das igrejas, o perdão. Para o trabalhador, o extermínio.

Em uma rápida busca, encontrei mais de cinqüenta municípios brasileiros com menos de 3500 habitantes. Não aprofundei a pesquisa para encontrar mais. Na última semana vivemos dias de terror, como se diariamente um município inteiro desaparecesse do mapa. Enquanto isso ainda há quem promova aglomerações, bata continência para caixas de cloroquina e defenda a política genocida do “a vida tem que seguir normalmente, mesmo que haja mortes”. Cobrar auxilio digno, vacinação ampla e que o dinheiro usado para perdoar a bilionária dívida das Igrejas seja destinado ao combate à doença essa galera não cobra. Gado não pode ver uma CORONAFEST que já quer participar.  Mesmo diante de toda essa tragédia, tive esperança de escrever um texto curto e senão feliz ao menos esperançoso – Afinal, tivemos sim uma boa notícia: O anúncio de uma vacina 100% nacional, a Butanvac, desenvolvida pelo Instituto Butantã em parceria com o hospital norte-americano Sinai seguido de um segundo anúncio, de outra vacina desenvolvida pela USP de Ribeirão Preto também com parceria internacional. Eu poderia parar este texto aqui comemorando o fato de que apesar dos cortes e da falta de incentivo, nossos cientistas trabalham incansavelmente. Mas infelizmente estamos no Brasil e a torneira de estrume vive aberta por aqui:

            Um funcionário da base governista fez um símbolo ligado aos supremacistas brancos durante a fala de um Senador. Ainda não houve punição. Circula um vídeo onde um homem cumprimenta o (des)governante do país e ao pousar para a foto faz exatamente o mesmo gesto – A reação de Bolsonaro? Repreender o homem, não pelo gesto descrito como “um gesto bacana”, mas “pega mal para mim”. O presidente considera um gesto ligado a grupos supremacistas como UM GESTO BACANA. Depois reclama de ser chamado genocida.

            A ex-apresentadora infantil Xuxa também mereceu repúdio ao sugerir que medicamentos sejam testados em presidiários “para que eles sejam úteis em alguma coisa”, evitando os testes em animais. Como vegetariana, também sou contra os testes em animais, mas acredito que a cobrança seja para que a ciência desenvolva métodos para depender cada vez menos desse tipo de teste, não para que usem seres humanos privados de liberdade como cobaias. A ideia defendida por Xuxa foi eugenista e merece repúdio, especialmente se considerarmos o sistema carcerário brasileiro como realmente é: Um sistema falido, que amontoa pessoas sem condições mínimas de garantia de seus direitos como seres humanos, onde muitos esperam anos até o julgamento, mesmo sendo inocentes – Inclusive recentemente o Fantástico e o Profissão Repórter falaram sobre isso: Pessoas presas injustamente, confundidas por características como “cor de pele” – Aliás, essa é mais uma prova do racismo: Todas as pessoas “confundidas” eram negras. É em um sistema desses que a ex-rainha dos baixinhos acredita ser ético testar produtos? Ela até pediu desculpas, mas não convenceu.

            Notícia mais ou menos boa é a vacinação de funcionários da educação e policiais. Infelizmente, ao primeiro grupo será exigida a idade mínima de 47 anos enquanto aos policiais será garantida a vacina para qualquer idade. Injusto, pois apenas aumentará a pressão pela volta às aulas presenciais em um momento delicado em que a COVID vem matando pessoas cada vez mais jovens. Espero que o movimento “volta às aulas só com vacina” se mantenha forte.

            Também tive conhecimento de que novamente tentam empurrar para as mulheres vítimas de violência sexual o projeto apelidado como “Bolsa estupro”: Uma proibição para o aborto em casos de estupro, com previsão de que o estuprador assuma o bebê ou caso isso seja impossível, que a mulher receba um auxilio financeiro para manter a criança. Lindo país onde a vida do feto vale mais que a vida da mulher. Uma verdadeira vergonha que nem deveria ser cogitada.

            Por fim, uma última noticia para fazê-los refletir: Nossos produtos viajam mais do que nós. Conseguem achar realmente normal que um navio encalhado no canal de Suez possa causar uma crise econômica tão grande? Pois é. A globalização está cobrando seu preço. A troca de conhecimentos entre países é fundamental, mas realmente é necessário que o comércio internacional seja primordial? Não é possível que cada país encontre a maioria das soluções para a vida em seu próprio território? Na semana em que comemoramos o Dia Internacional da Água (leiam minha postagem de segunda feira passada sobre o assunto), é interessante pensar na questão ambiental gerada pelos transportes marítimos, não apenas no caos econômico que acidentes assim podem causar.

            Termino o texto recomendando a vocês que usem máscara, se cuidem e usem toda a indignação do momento para cobrar auxílio emergencial digno, ajuda aos pequenos empresários, vacinação para todos e #Fora Bolsonaro.

Feliz Ano Velho

“(…) O aroma do chocotone no forno interrompeu os pensamentos trazendo lembranças de outros Natais mais felizes. Em um deles, a cozinha havia sido dividida com o dono de seu coração. Mãos grudentas de massa, chocolate picado. Ela tinha uma receita especial: Não perdia tempo decidindo entre as passas ou o chocolate. Colocava logo um pouco de cada coisa! Passas, frutas cristalizadas, gotas de chocolate. Os corpos próximos, as mãos se tocando, o sorriso dele misturado ao dela. Ingredientes secretos daqueles preciosos pães natalinos. (…)”.

            O trecho acima faz parte da crônica “Um chá com a solidão”, minha contribuição para o livro “Feliz Ano Velho”, organizado e editado pela escritora Lunna Guedes e publicado pela Scenarium Plural. A obra, dividida em Crônicas ao Passado e Cartas ao Futuro reúne autores e autoras que conseguiram transformar em arte os medos, dissabores e esperanças do ano de 2020. Não se trata de um relato da pandemia que nos assola, embora a realidade inevitavelmente se reflita nos textos. Feliz Ano Velho é um livro intimista, delicioso de ler e reler, talvez com a companhia de uma boa xícara de chá.

Dia Mundial da Água

Hoje é o Dia Mundial da Água – A data foi criada pela Organização das Nações Unidas em 1992 com a intenção de discutir sobre a importância da água para a nossa sobrevivência e a urgência de preservar esse recurso natural. No mesmo dia foi divulgada a Declaração Universal dos Direitos da Água, em dez artigos:

1- A água faz parte do patrimônio do planeta;

2 – A água é a seiva do nosso planeta;

3 – Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados;

4 – O equilíbrio e o futuro de nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos;

5 – A água não é somente herança de nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores;

6 – A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo;

7 – A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada;

8 – A utilização da água implica respeito à lei;

9 – A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social;

10 – O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.

            Infelizmente o planeta está próximo a viver uma crise hídrica. Até 2030 a demanda por água será 40% maior do que a água disponível para consumo e, muito embora a água seja um recurso renovável, a velocidade de consumo e o descarte sem tratamento estão sistematicamente dificultando e impedindo o ciclo natural de “auto-limpeza” das águas.

            A ausência e a ineficiência de políticas públicas para ampliar o tratamento de água e o acesso da população à uma rede de esgotos, somada ao crescimento desordenado das cidades, resultado também da inércia do Estado em garantir moradias à população, coloca o Brasil em uma situação vergonhosa: No ano de 2019  nosso país não garantia o acesso diário à água potável  nos lares de 18,4 milhões de brasileiros, bem como apenas 68,3% dos domicílios do país possuíam acesso à rede de esgoto. Esses preocupantes números demonstram uma catástrofe social e culminam em uma tragédia ambiental – a poluição dos rios brasileiros – Apesar do país deter em seu território 12% do volume da água doce de todo o planeta, isso não significa que essa água esteja em condições de consumo – Dos rios analisados pela Fundação SOS Mata Atlântica, apenas 6,5% tinham boa qualidade da água (dados de 2019).

            Não bastassem os problemas gerados pela poluição oriunda dos esgotos domésticos, há ainda a questão da agroindústria, responsável por 70% do consumo de água do mundo e, ao mesmo tempo pela contaminação de rios e lençóis freáticos com pesticidas. No Brasil, somente em 2020, foram liberados 493 tipos de agrotóxicos, alguns inclusive banidos da União Européia. Esses agrotóxicos contaminam rios e chegam à nossa mesa nos vegetais, nos peixes, carnes e na água que consumimos. Diante desse quadro, torna-se urgente repensar a agroindústria, investir no plantio de orgânicos e na agricultura familiar como forma de estacionar e reverter os danos ambientais causados.

            A questão da pecuária descortina outro absurdo: Um terço da água consumida no planeta destina-se direta ou indiretamente ao mercado de criação de animais de corte. Esse número é composto pela água utilizada na produção dos grãos que alimentam esses animais (No Brasil, 78% da produção de grãos se destinam a alimentar o gado) e pela água necessária para o consumo dos animais. Se pararmos para pensar e somar a isso a água utilizada na higienização de frigoríficos e matadouros, na poluição causada pelo transporte dessa carne e nas toneladas de plástico utilizadas para embalagem, perceberemos que consumir animais mortos é um crime ambiental. É urgente reduzir drasticamente o consumo de carnes como forma de cuidar da água e do planeta. O vegetarianismo é saudável e possível.

            A segunda indústria mais poluente do mundo é a indústria da moda – Só a indústria têxtil consome anualmente 93 trilhões de litros de água! Uma camiseta consome 2kg de combustíveis fósseis e 3 mil litros de água só para fabricação (não levando em conta os impactos da lavar, passar e descartar a peça). Uma calça jeans demanda em sua fabricação 10 mil litros de água e um par de sapatos 8 mil litros de água.

            Outra indústria que consome muita água é a indústria de descartáveis – Sabe aquele copinho descartável? Mesmo que você tente aliviar a consciência encaminhando para a reciclagem, isso não é o suficiente. Para produzir um copo descartável usa-se em média 3 litros de água. Melhor carregar um copo reutilizável e lavar sempre – Uma boa lavagem utiliza menos de meio litro de água. O mesmo vale para outros objetos: reconsidere sua “necessidade” de comprar objetos plásticos – Dá pra reaproveitar muitos potes e embalagens!

            A mineração e o garimpo são vilões que despejam no meio ambiente um grande volume de óleo, graxa e metais pesados. A poluição oriunda dessas atividades vem aniquilando a flora e a fauna, além de contaminar populações ribeirinhas inteiras no norte do Brasil. E, muito embora a mineração seja indiscutivelmente necessária, é importante repensar o consumo e reduzir ao máximo essa necessidade de extrair metais. Afinal, você não precisa de um celular novo anualmente ou de uma jóia de ouro. Mas certamente precisa de água.

            Como ajudar o planeta?

            Quem leu o texto com atenção já percebeu: O primeiro passo é repensar o consumo. Diminuir a necessidade de ter coisas novas, diminuir ou zerar o consumo de carnes, carregar seus próprios copos, garrafinhas, pratos e copos, priorizar o consumo de alimentos frescos preferencialmente comprados de produtores locais e fugir de ultraprocessados. Tudo isso ajuda e muito. Nesse link tem outras dicas bacanas de economia de água que podem parecer assustadoras no início, mas que podem ser colocadas em prática.

            A segunda forma de ajudar o planeta é também muito importante: Votar certo. Pesquisem exaustivamente o posicionamento dos candidatos acerca das questões ambientais. A questão da poluição é intimamente ligada à ausência de políticas públicas para garantir a destinação correta do lixo e do esgoto e à inércia dos em punir infratores ambientais. E quem cuida dessas políticas públicas? O governo (leia-se executivo e legislativo). Quem libera terras para garimpo e extração de minérios, impõe regras para construção de barragens e decide quais agrotóxicos serão liberados no país? Governo. Quando estiverem pesquisando seus candidatos e candidatas em 2022, atentem-se.

Abaixo alguns links interessantes sobre o tema

Origem do dia da água

Números sobre a distribuição de água no Brasil

Qualidade dos rios Brasileiros

Agrotóxicos no prato

Água e pecuária

Quatro bilhões de pessoas enfrentam escassez de água

Indústria têxtil e água

Descartável não é a melhor opção

Blogagem coletiva Março: Minha Playlist

O ano de 2021 chegou como um novo ano-rascunho. Sinto como se o ano anterior continuasse em uma confusão de dias estranhos. Março me surpreendeu e já está chegando ao final. Entre um copo de água e outro, percebo que chegou o momento de escrever a blogagem coletiva do mês e o tema “Minha Playlist” me agrada. A música é uma constante por aqui e a playlist é infinita. Não gosto da ideia de selecionar “as dez músicas mais tocadas” ou as “preferidas”. Por outro lado, não posso incluir aqui um infinito número de canções. Estipularei dez aleatórias entre as mais ouvidas nos últimos dias. Divirtam-se.

Rammstein é uma das minhas bandas favoritas – Adoro fazer yoga pela manhã ouvindo uma playlist deles. Ano passado criei uma coreografia de Chair Dance com a música Diamant – uma das canções da banda que mais gosto.
Algumas vezes é bom confiar nas indicações do Youtube. Essa cantora apareceu por acaso quando eu estava ouvindo algumas músicas francesas no youtube. Foi paixão instantânea.
Outra música delícia. Será que quando essa pandemia passar eu crio uma coreo para ela no Pole Dance? Ou crio algo no chair dance aqui em casa, com pandemia mesmo?
Eu sei que essa música não é da Iza. Mas não consigo deixar de ouvir a versão gravada por ela. Uma das minhas vozes brasileiras preferidas da “nova geração”.
Estou preparada para eventuais criticas e estranhamentos – Esse Rap romântico e levinho destoa bastante das outras músicas da playlist, mas está entre as minhas favoritas.
Vocês podem ter mil críticas ao filme/livro 50 Tons de Cinza. Mas é impossível não se apaixonar pela trilha sonora. Boa pra dançar, para ouvir enquanto lê, para descansar em ócio criativo.

Mais uma música aleatória, essa indicada por uma colega de trabalho. Está na playlist desde o ano retrasado.
Uma canção do nosso grande Chico Buarque, na voz impecável da Letícia Sabatela.
Essa letra… Emicida é um cantor que merece ser ouvido.
Outra indicação do youtube! Que voz potente e que ritmo delicioso (Além de ser um cantor sexy pra caramba, mas esse é um outro departamento que não tem nada a ver com a música).

Gostaram da minha playlist? Comentem!

Outras playlists para conhecer: Roseli Mariana GouveiaObdulio Lunna

Ah! Hoje é domingo, dia de falar mal do Bolsonaro, ops, quer dizer, dia de análise das notícias da semana. O texto dessa semana estará publicado no Instagram e no meu Facebook daqui alguns minutos – Visitem! Hoje é aniversário do genocida e tem um espacinho especial para deixarem sus melhores piores votos por lá!

Alice, uma voz nas pedras (Lunna Guedes)

            Como falar sobre Alice sem sentir um nó no fundo da alma? Alice poderia ser qualquer menina-mulher revivendo seus lugares, seus sonhos desfeitos, seus traumas e esperanças perdidas. Criada com recato acreditou no “(…) e foram felizes para sempre”, no príncipe encantado, fez tudo certo: Casou pura, submissa, doméstica. Infelizmente para ela e para tantas outras mulheres, a violência se esconde atrás de rostos bondosos e sorriso e até mesmo nos pedidos de desculpas após um momento de descontrole – Um penoso processo de desconstrução da auto-estima e da personalidade nem sempre percebido pela vítima, que vai se afundando – Afinal, de tanto ouvir que não sabe fazer nada direito, ela acredita. Acredita que é sorte ter um homem ao lado. O mais dolorido é perceber que todo esse processo muitas vezes começa na infância, na relação com o pai e vai se estendendo ao namoro, ao casamento. E vai se tornando normal quando os sorrisos começam a faltar, substituídos por explosões de raiva, socos na mesa, humilhação e agressões, acompanhadas de isolamento e muitas vezes, impossibilidade de contar com a família para sair da situação de perigo. Essa é Alice – Uma mulher que existe nas assustadoras estatísticas de brasileiras, poderia ser você,  ou sua amiga ou uma mulher da sua família. Quem sabe?  O que chama a atenção em Alice é acima de tudo a escrita da autora Lunna Guedes, que nos leva a um longo passeio por dentro da alma partida da personagem e, ao mesmo tempo, por recantos da cidade de Teodoro e pelas vidas de outras personagens que, ao final se entrelaçam na trama. Apesar do tema denso, Lunna Guedes consegue utilizar-se das palavras com a etérea leveza de uma prosa poética – E provavelmente seja esse o motivo de tantas vezes ser necessário parar a leitura e beber água para desfazer o nó na garganta, a vontade de amparar e dizer que vai ficar tudo bem enquanto a personagem nos conduz ao longo de sua história até culminar em um final surpreendente.

Não percam! Coronafest neste domingo! Afinal, o cidadão pró-vida gosta mesmo é de participar das carreatas da morte!

Estamos novamente sem Ministro da Saúde. Na verdade há tempos o país não sabe o que é ter um Ministro. Esse que pediu para sair era especialista em logística e mesmo assim assistimos um lote de vacina ser enviado por engano para o Amapá em lugar de ir para o destino – Amazonas. É uma confusão. Tudo bem, esse foi o pior Ministro da Saúde que o Brasil já teve. O próximo virá para quebrar o recorde e ser no novo pior Ministro da Saúde. Espero que o nome seja adequado para trocadilhos – Já tivemos um Rich, um Pezadelo, já tivemos o ministro das alucinações exteriores – Epa! Esse continua. E temos também a Ministra Damares Jesus na Goiabeira que inclusive vem causando mal-estar com seus posicionamentos acerca dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres. Tudo bem Ministra, mortos não reproduzem – Talvez por isso tanta negligencia no combate ao COVID: Uma população morta é uma população que segue a abstinência sexual que você tanto quer impor desde o início dessa tragédia que insistem em chamar governo.

            Ok, confesso que talvez eu esteja sendo pessimista: Depois que o ex-presidente Lula foi solto, Bolsonaro já utilizou máscara e tentou parecer favorável ao uso de imunizantes. Faltou ensinar o filho zero-alguma-coisa a utilizar o acessório – O garoto disse que era para colocar a máscara no (me recuso a escrever essa palavra). O cheiro deve ter ficado bem ruim, já que ele apareceu com o nariz para fora na foto subseqüente à declaração. O que eu quero dizer é que, se a soltura do ex-presidente já fez o Bozo usar máscara, talvez o ministério da saúde ganhe um ser competente-pensante – Difícil, mas pode acontecer.

            Outro filho do (des)governante da nação, o zero-qualquer-coisa posta uma imagem do Zé Gotinha com uma seringa em forma de fuzil. Acho que foi mal interpretado! Não era fuzil! Era vacina de aftosa, adequada ao gado e costumeiramente aplicada com revolver de pressão.

            Uma velha novidade tomou as ruas do país neste domingo: O cidadão de bem, pró-vida gosta mesmo é de carreatas da morte. VA-GA-BUN-DOS. Criticam qualquer manifestação que tenha por objetivo defender os serviços públicos ou os direitos dos trabalhadores. Mas é só ter uma pandemia que eles decidem invadir as ruas – Inclusive com o pedido de “Liberdade acima da vida”. É preciso traduzir: Eles querem a liberdade de sacrificar trabalhadores e trabalhadoras. E se tem gente doente o melhor é protestar buzinando na porta do hospital! Varrem para baixo do tapete a ineficiência do governo, a ausência de um plano rígido de combate ao vírus, as sucessivas trapalhadas que nos afastaram das vacinas. Aliás, nas manifestações verde e amarela, pedir vacina ou auxílio emergencial digno para que a população não morra de fome nem de vírus sequer é cogitado. Cadê a polícia que não parte para cima deles com o mesmo ímpeto violento presente nas ações contra professores ou contra os bailes de periferia (Não esqueci ainda as vítimas do baile da dezessete). Seria um sonho, mas o Brasil é lugar de pesadelo. E a coronafest rola solta na paulista e em tantas outras cidades – Inclusive a minha. Talvez comemorando a marca de duas mil mortes ao dia.

            Os olhos do mundo se voltam para o Brasil com medo – não pela nossa potência bélica ou capacidade intelectual, mas pelo celeiro de novas cepas que nos tornamos, pela nossa ignorância. Seremos cada vez mais os párias do mundo. Um barco afundando sem que haja coletes para todos – E quem se afoga primeiro muitas vezes sequer concorda com o rumo tomado. Mas vamos congelar os salários dos servidores públicos pelos próximos quinze anos para fornecer um auxílio-miséria!  Nem sei se faz tanta diferença – Daqui quinze anos pode ser que a gente nem esteja mais por aqui, tamanho colapso que o país se encontra.

            Hoje completamos outra marca triste: Três anos sem saber quem matou Marielle Franco e Anderson. Quem mandou o vizinho do presidente matar Marielle? Eu ainda quero saber, mesmo em meio ao caos. Quero justiça por Marielle, por Anderson, pelos jovens assassinados pelo Estado, quero justiça pelos quase trezentos mil brasileiros que já morreram sem ar por negligência do governo. Mesmo sabendo que Brasil e Justiça parecem palavras cada vez mais distantes, ainda tenho esperança. E você?