Resenha: O Mandarim (Eça de Queiroz)

“No fundo da China existe um mandarim mais rico que todos os reis de que a fábula ou a história contam. Dele nada conheces, nem o nome, nem o semblante, nem a seda de que se veste. Para que tu herdes os seus cabedais infindáveis, basta que toques essa campainha, posta a teu lado, sobre um livro. Ele soltará apenas um suspiro, nesses confins da Mongólia. Será então um cadáver; e tu verás a teus pés mais ouro do que pode sonhar a ambição de um homem avaro. Tu, que me lês e és um homem mortal, tocarás tu a campainha?’ (Eça de Queiroz em “O Mandarim”).

O romance, com pouco mais de 150 páginas, é o relato da vida de um rapaz português, Teodoro que se vê diante da questão proposta no parágrafo acima. Ele relata sua decisão e as conseqüências a que tal decisão o levou. Trata-se de um livro leve que traz em si uma proposta reflexiva profunda – Se você pudesse ganhar toda a riqueza que almeja tirando a vida de alguém que você não conhece o que faria? Apenas a vida de um idoso desconhecido separa você do dinheiro que deseja e você não irá sujar as mãos, não irá ver sua vítima, apenas sabe que ela irá morrer em um suspiro. Apertaria a campainha?

Em tempos como os que vivemos, onde a vida tem sido cada vez mais banalizada, essa é uma reflexão válida, importante, até mesmo urgente: O dinheiro é mesmo o mais importante? Qual o limite da ambição? Quais as consequências de ceder às tentações?

Título: O Mandarim

Autor: Eça de Queiroz

Ano:1880