Poema vegano (BEDA 16)

Num tapume qualquer da cidade
Um pedido. Uma ordem. Uma verdade:
Não mate.
Não coma. Não cozinhe.
Não desmate.
Não seja mesquinhe.
Não pare um coração
Não há razão
Pense verde
Pense cores
Alimento de verdade
Sabores
Sem morte
Sem crueldade
Com sorte
Mudando a realidade

Este post faz parte do BEDA (Blog Evert Day August)

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Que teus beijos sejam açoite

Que teus beijos sejam açoite
A ferir meus lábios rosados
Que nossos dias sejam noite
Nossos corpos, desertos cálidos

Que nosso prazer seja tempestade
Nosso amor, longa jornada
Que tu sejas a fonte donde volto saciada
Quando tu me amas com intensidade

Que sobrevenha então a calmaria
Que o ímpeto seja substituído pela ternura
Que a noite torne-se aurora
E sob o Sol nascente adormeçamos envoltos em magia.

2/06/10






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Hoje é dia de #tbt e é o primeiro dia do BEDA (Blog Every Day April), para unir as duas coisas trouxe para vocês uma das minhas poesias antigas... Lá se vão onze anos! Espero que gostem! 

Participam do BEDA

Adriana Aneli  -  Ale Helga - Claudia - Lunna Guedes - Mariana Gouveia - Obdulio -

Roseli Pedroso  

Abraços!

Meus primeiros sonetos clássicos

Meus primeiros sonetos clássicos – Organização Alexandre Carvalho e Silvio J. Estevam

Segundo livro do #desafioliterario2020 #Setembro, o livreto “Meus primeiros sonetos clássicos” reúne sonetos selecionados de William Shakespeare, Luís de Camões e Fernando Pessoa. Na obra foi disponibilizada uma breve (muito breve mesmo) biografia do autor, além de nove sonetos escolhidos – Não se trata de um livro direcionado ao estudo aprofundado da poesia, mas sim a sua difusão entre as camadas mais populares – como bem explicado na contracapa do livro, a editora PAULUS, responsável pela obra, é uma entidade filantrópica formada por Padres com objetivo de doar livros para crianças e adultos em escolas públicas, hospitais, presídios e entidades sociais. É uma leitura agradável e bem leve, adequada para quem deseja iniciar o hábito de ler sonetos.

#desafioliterario2020 #setembro #sonetos #literatura #literaturaclassica

O dia em que te conheci

Nas primeiras horas da manhã te conheci

E no brilho do teu olhar eu vivi

Um amor que eu jamais tentei existir

E meu coração nem tentou resistir

*

Que loucura…Nem teu nome eu sabia e já te amava

E a cada momento te buscava

Querendo de ti me aproximar

Querendo em tua alma com meu amor navegar

*

E quando você me beijou, que doce magia

Pela primeira vez meu coração disparava

Meu corpo eu não sentia

Pelas nuvens flutuava

*

Quando separados fomos, que agonia

Aquelas breves horas tornaram-se tristes

Aquela noite foi então a mais escura e fria

E, em certa parte do caminho, ao teu lar chegastes

*

Ah, cavaleiro menino que hoje conheci

Com você pela primeira vez vivi

Um amor que jamais pensei existir

Lindo anjo… De te reencontrar jamais vou desistir

*

Pois sei que para sempre vou te amar

E muitas vezes juntos, desse doce dia vamos nos lembrar

Será eterno e puro esse amor

Que entre nós nasceu como delicada flor


Poema antigo, escrito em Setembro de 2009. É muito gostoso revirar papéis antigos e encontrar escritos dos tempos em que o amor romântico parecia ser a coisa mais importante do mundo.

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VivianeChrisClaudiaObduliono Drica Mariana Gouveia– Lunna Guedes – Ale Helga – Adriana

Poderia

O rádio toca a canção
Que poderia ser a nossa canção
São sombras d’um mundo
Que poderia ter sido o nosso mundo

E o ígneo céu neste fim de tarde
Tinge com o sangue que derrama
Este coração que solitário ama
Esta alma que no fogo da paixão arde

Sombras me invadem e eu não sei
Porque tanta tristeza? Pensei
Que fosse uma longa avenida
Mas o amor foi rua sem saída

E como dói não conversar
Você me fez sorrir e agora o vazio
Veio minha alma tomar
Oh, lágrimas sem estio

(08-11-11)

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Adriana Claudia Drica – ChrisMariana Gouveia – Lunna Guedes – Obduliono – Ale Helga – Viviane

O Vampiro

Sou andarilho solitário

Domino cada madrugada

Em cada obscuro atalho

Deixo minha marca registrada

Em cada corpo sem vida

Uma única ferida

Duas presas perfuraram

Todo o teu sangue drenaram

Não temo o chumbo ou a espada

Não é tão fácil minha vida ceifar

Sou criatura desalmada

Da tua alma posso me alimentar

Não apareço no espelho

Encho-me de desejo

Pelo teu sangue vermelho

Teu futuro prevejo

Desejo animal

Instinto

Um copo de sangue tinto

Refeição frugal

(04-04-12)

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06 on 06 – A gosto

Pra alguns, desgosto

Como se o azar

Morasse no calendário

Agosto

Mês oito, faltam quatro

Pra mais um Feliz ano novo

De novo

Agosto

A gosto

Ao gosto

Que a vida tem.

06 fotos de alguns Agostos idos…

2014 – Luta pelo elementar direito de existir e demonstrar afeto, “beijaço” LGBTQI+ em Santos, em protesto contra a expulsão de um casal gay de um bar. Noite em que conheci pessoas incríveis ❤

2018 – Mais que amigos, camaradas! Reta final da campanha eleitoral 2018 #PSOL
Agosto/2017: Como diria Chorão “tão natural quanto a luz do dia”
Agosto/2019: Flores no quintal de casa ♡
Agosto/2019: Conhecendo um pouco mais sobre o alfabeto ❤ Exposição maravilhosa, na melhor companhia ♡
Agosto/2019: Te transformo em poesia…

Também participam do 06 on 06

ObdulionoMariana GouveiaLunna Guedes Ale Helga

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Antologia poética – Augusto dos Anjos

O primeiro livro concluído do #DesafioLiterário2020 #Julho foi uma obra bastante controversa e uma leitura bastante difícil e cansativa, que me fez sentir vontade de desistir pelo caminho e buscar outra leitura – Coisa que não fiz para não carregar comigo aquela frustração ou sensação de não ter valorizado devidamente um grande autor nacional. E posso dizer uma coisa, com muita sinceridade? Ainda bem que continuei, pois o universo de Augusto dos Anjos não é, na minha visão, esteticamente belo, mas sem dúvida é muito rico, então, quando você começar a ler, não desista, apenas siga em frente, pare quando necessário, mas volte a ler!

Augusto dos Anjos foi um poeta paraibano que viveu entre 1884 e 1914; autor de uma única obra, “Eu” (posteriormente republicada com o título “Eu e outras poesias”, Augusto não foi bem recebido pela crítica de sua época – O poeta tece seus versos com grande morbidez, fixando-se na ideia da morte e da incompletude: É comum encontrarmos em seus versos citações do término abrupto e cruel das vidas não nascidas ou ainda infantes: Fetos, óvulos, bezerros. O poeta aparentemente teve fixação pela angustia acerca de tudo que “poderia ter sido”, foi um poeta dos potenciais inconclusos, cuja obra carrega em seus impecáveis versos, o peso do desanimo e do pessimismo. Augusto morreu jovem, aos trinta anos de idade, porém deixou como legado uma obra madura onde tece críticas à sociedade sem perder de vista o rigor formal dos versos e a riqueza de vocabulário onde utilizou copiosamente metáforas, termos científicos e filosóficos. A leitura é por si só bastante complexa e não se esgota com o término da obra, exigindo que o leitor se dedique também a leituras de apoio, como estudos e artigos. Por outro lado, talvez ao leitor que busque apenas um conhecimento básico sobre a obra, numa leitura pelo puro e simples prazer de ler, bastaria adquirir uma versão do livro com um excelente prefácio e boas notas de rodapé – Como é, por exemplo, a Antologia Poética organizada por Ivan Cavalcanti Proença para a coleção Biblioteca Folha, volume cuja leitura eu iniciei no primeiro dia deste mês e concluí hoje, dia dezoito. Confesso que, para mim, apenas a leitura dos excelentes estudos e dos poemas, não bastou, motivo pelo qual, como em outras ocasiões, deixarei as indicações de monografias e artigos que estou lendo aos poucos para mergulhar um pouco mais aprofundadamente no universo do autor.

Bibliografia indicada

DOS ANJOS. Augusto. Antologia Poética de Augusto dos Anjos/Augusto dos Anjos estudos e notas de Ivan Cavalcanti Proença – Rio de Janeiro Ediouro; São Paulo: Publifolha, 1997. – (Biblioteca Folha;24)

FERREIRA. Renan Mendonça. Conteúdos temáticos e ideológicos em Augusto dos Anjos.  Disponível em http://dspace3.ufes.br/bitstream/10/3240/1/tese_4543_.pdf

FONSECA; Deize Mara Ferreira. Sentir com a imaginação: Edgar Allan Poe, Augusto dos Anjos e um gótico moderno. Artigo publicado na revista Letras de Hoje, Porto Alegre, v. 44, n. 2, p. 40-48, abr./jun. 2009, disponível no site revistaseletronicas.pucrs.br

SABINO. Márcia Peters. Augusto dos Anjos e a poesia científica. Disponível em http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/LinguaPortuguesa/marciapeterssabino.pdf

Trabalhador

Quem produz a riqueza desse mundão?
Quem faz com que não falte o pão
O arroz, o feijão, o legume, o macarrão?
Quem constrói o prédio que arranha o céu?
Quem desafia o perigo e coleta o mel?
Quem fia a linha, costura a vestimenta
Quem vende aquela bala de menta?
É ele, o patrão. Sim ou não?
O patrão, imponente em sua sala
Ele manda, ordena, fala
Nada produz apenas goza o fruto da labuta
Do trabalhador que vive na luta
Da trabalhadora que morre na luta
Da trabalhadora que no fim do dia, cansada
Ainda encara pela frente outra jornada
Do trabalhador que no fim do dia, cansado
Não consegue um prato balanceado
O patrão usurpa o império
Que o sangue do trabalhador constrói
E na televisão, com semblante sério
Diz que é difícil empreender:
Que seu Zé tem muitos direitos
Que torna seus lucros rarefeitos
Que Dona Maria tem que ganhar menos
Que não aguenta lucros tão pequenos
Que é difícil a empresa sobreviver
Sem aumentar a jornada
Sem deixar quem trabalha sem direito a nada
E em lobby obscuro desconstrói
As já minguadas garantias de quem carrega
A economia do mundo nas costas
E mesmo doente, cansado, não arrega
Não desiste, persiste, ainda que triste
Ainda que faminto, ainda que sem estudo
Ainda que lhes falte tudo.
O patrão bate no peito, orgulhoso
Diz que é rico porque merece
Até parece que esquece
Do dinheiro que herdou
Do imposto que sonegou
Das pequenas corrupções
Das grandes devastações
Não pense em crise, trabalhe
Com a fome batendo na porta
Com a aposentadoria tão distante
Não pense em crise, trabalhe
Em meio a uma pandemia
Pro bem maior – Salvar a economia
Patrão em sua casa confortável
Tenta defender, incansável
A necropolítica genocida
Sangue derramado na pátria amada
Adormecida, devastada, vilipendiada
E daí se houver morte, se faltar caixão
Não pode é prejudicar o capital
Que moveu a campanha do capetão
Não pode faltar o dízimo do pastor falastrão
A rachadinha, a compra de votos, a sonegação
Primeiro de Maio, dia do trabalhador
Trabalhador é quem trabalha
Trabalhador que sente a dor
Que trabalha a dor, com dor
Trabalhador – E trabalhadora
Esquecida até título da comemoração
Que sequer tem o que comemorar
Mas que deve servir para lembrar
A frase dita no Manifesto
“Trabalhadores do mundo, uni-vos”
(Nota da poesia: Trabalhadoras, também)
Lembrem-se sempre da lição:
Sem o trabalhador fica vazia a mão do patrão
Sem trabalhadora, fica vazia a conta da patroa.