Amor expresso – Adriana Aneli

Amor expresso é um livro saboroso como um bom café expresso moído na hora, servido quente, forte e sem açúcar – Só quem ama café sabe como é gostoso sorver uma xícara da bebida.

A obra, escrita por Adriana Aneli, publicada pela editora Scenarium e ilustrada por Cristina Arruda chega a sua décima primeira edição e presenteia o leitor com micro-contos repletos de amor e café!

Como sempre, a Scenarium capricha na confecção do livro totalmente artesanal, uma verdadeira obra de arte capaz de encantar os olhos. O tipo de livro perfeito para presentear alguém especial.

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Equação Infinda

Três mulheres, três diferentes momentos históricos: 1931, 1958 e 1983. Em comum, os sonhos da juventude e a realidade imposta como uma prisão pela família e pela sociedade. Não é fácil ser mulher. Ser mulher e ser livre é ainda mais difícil, mas o que fazer se a alma feminina é um oceano inteiro?  Navegar. Esse é o convite que Roseli Pedroso nos entrega em Equação Infinda: Navegar pelas águas de Carminha, Lígia e Verônica.  Vidas contadas em quatro capítulos nomeados pelas estações do ano. Relatos de esperança, sofrimento e sede de liberdade – água historicamente negada às mulheres.

O livro é curtinho e pode ser lido de um só fôlego. Os ecos das vozes dessas mulheres ficam na memória por tempo indeterminado.

Para além do prazer de ler, há o prazer de tocar o livro, sentir a texturas das páginas firmes entre os dedos, tocar a fita utilizada na costura artesanal das páginas. Apreciar o objeto livro com o tato, com os olhos e com o olfato antes de abrir e iniciar a leitura é um tira gosto que antecede a leitura, prepara a alma e proporciona um enorme prazer.

Lembrando que a editora Scenarium está com inscrições abertas para o Clube do Livro!

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Este post faz parte do BEDA (Blog Every Day August). Participam também:

Adriana Aneli Ale Helga- Claudia Lunna Mariana GouveiaObdulioRoseli

Feliz Ano Velho

“(…) O aroma do chocotone no forno interrompeu os pensamentos trazendo lembranças de outros Natais mais felizes. Em um deles, a cozinha havia sido dividida com o dono de seu coração. Mãos grudentas de massa, chocolate picado. Ela tinha uma receita especial: Não perdia tempo decidindo entre as passas ou o chocolate. Colocava logo um pouco de cada coisa! Passas, frutas cristalizadas, gotas de chocolate. Os corpos próximos, as mãos se tocando, o sorriso dele misturado ao dela. Ingredientes secretos daqueles preciosos pães natalinos. (…)”.

            O trecho acima faz parte da crônica “Um chá com a solidão”, minha contribuição para o livro “Feliz Ano Velho”, organizado e editado pela escritora Lunna Guedes e publicado pela Scenarium Plural. A obra, dividida em Crônicas ao Passado e Cartas ao Futuro reúne autores e autoras que conseguiram transformar em arte os medos, dissabores e esperanças do ano de 2020. Não se trata de um relato da pandemia que nos assola, embora a realidade inevitavelmente se reflita nos textos. Feliz Ano Velho é um livro intimista, delicioso de ler e reler, talvez com a companhia de uma boa xícara de chá.

Alice, uma voz nas pedras (Lunna Guedes)

            Como falar sobre Alice sem sentir um nó no fundo da alma? Alice poderia ser qualquer menina-mulher revivendo seus lugares, seus sonhos desfeitos, seus traumas e esperanças perdidas. Criada com recato acreditou no “(…) e foram felizes para sempre”, no príncipe encantado, fez tudo certo: Casou pura, submissa, doméstica. Infelizmente para ela e para tantas outras mulheres, a violência se esconde atrás de rostos bondosos e sorriso e até mesmo nos pedidos de desculpas após um momento de descontrole – Um penoso processo de desconstrução da auto-estima e da personalidade nem sempre percebido pela vítima, que vai se afundando – Afinal, de tanto ouvir que não sabe fazer nada direito, ela acredita. Acredita que é sorte ter um homem ao lado. O mais dolorido é perceber que todo esse processo muitas vezes começa na infância, na relação com o pai e vai se estendendo ao namoro, ao casamento. E vai se tornando normal quando os sorrisos começam a faltar, substituídos por explosões de raiva, socos na mesa, humilhação e agressões, acompanhadas de isolamento e muitas vezes, impossibilidade de contar com a família para sair da situação de perigo. Essa é Alice – Uma mulher que existe nas assustadoras estatísticas de brasileiras, poderia ser você,  ou sua amiga ou uma mulher da sua família. Quem sabe?  O que chama a atenção em Alice é acima de tudo a escrita da autora Lunna Guedes, que nos leva a um longo passeio por dentro da alma partida da personagem e, ao mesmo tempo, por recantos da cidade de Teodoro e pelas vidas de outras personagens que, ao final se entrelaçam na trama. Apesar do tema denso, Lunna Guedes consegue utilizar-se das palavras com a etérea leveza de uma prosa poética – E provavelmente seja esse o motivo de tantas vezes ser necessário parar a leitura e beber água para desfazer o nó na garganta, a vontade de amparar e dizer que vai ficar tudo bem enquanto a personagem nos conduz ao longo de sua história até culminar em um final surpreendente.

Receituário de uma expectadora

O Clube do Livro da Editora Scenarium se reúne toda primeira segunda feira do mês para conversar sobre um livro determinado no mês anterior. Para este primeiro mês do ano foi escolhido o livro Receituário de uma expectadora, da autora Roseli Pedroso.

            Trata-se de um delicioso livro de crônicas em que a autora consegue olhar ao mesmo tempo para dentro e para fora de si, expressando o mundo que nos cerca com muito bom humor e algumas matizes de melancolia. Roseli escreve com um ritmo fluido, encarrilhando as palavras uma na outra sem deixar vazios indesejáveis e sem atropelar as ideias.

            Se alguém me perguntasse eu diria que é impossível escolher apenas uma das crônicas – Todas são de uma qualidade literária incrível. Por outro lado, eu não estaria sendo junta com vocês ou com a autora caso terminasse esta postagem sem dizer quais são as minhas crônicas favoritas, então destaco três delas: Falar é bom, saber escutar é melhor ainda; Pequenas Feras e Em franca expansão. A primeira é uma crônica e um desabafo sobre um assunto cotidiano: Saber escutar quando alguém precisa conversar. Acredito que não é por maldade, mas boa parte de nós temos o hábito de falar sobre nossos problemas e objetivos, mas quando a conversa é sobre o outro, não há tempo. Outra crônica que gostei bastante foi Pequenas Feras – Quem trabalha com crianças irá entender o motivo e perceber que a autora foi assustadoramente realista e, para fechar preciso dizer que AMEI a crônica  “Em franca expansão” – Em algum momento da vida todas as mulheres (e muitos homens) irão se identificar com a situação descrita com muito humor pela autora e até mesmo perder o medo ou dar risada ao se reconhecer nos escritos. Sobre as outras (maravilhosas) crônicas eu não vou falar nada: Entrem no site da Scenarium e comprem o livro –  Que é uma obra de arte costurada artesanalmente! Vocês também podem conhecer um pouco mais os textos da autora acessando o blog Sacudindo as ideias.

Antologia Quimeras de Natal: Sonhos no Gelo

Quero compartilhar com vocês duas alegrias que tive essa semana:

A primeira foi ter sido selecionada para a Antologia Quimeras de Natal: Sonhos no Gelo que será lançado dia 23-12. Quem me conhece sabe que escrever significa muito para mim, então ser selecionada é um motivo de enorme alegria – Ainda mais considerando que o meu texto estará ao lado de textos de autores e autoras incríveis!

A segunda alegria foi saber que haverá um evento on line que contará com a presença dos autores selecionados e de outros autores da Editora e terá bate papo, leituras, sorteios e muito mais e que parte do valor arrecadado com a venda dos ingressos e da Antologia será revertida em donativos para a OAIB Obra de Assistência a Infância de Bangu. É muito bom publicar textos em uma editora comprometida com causas sociais! (Lembrando que a Antologia Amores Virtuais, Perigo Real tem suas vendas revertidas em prol de duas instituições que acolhem vítimas de violência doméstica e pessoas LGBTQ+ e que outras obras tiveram lucros revertidos para a causa animal/meio ambiente)

Ou seja: Além da alegria de ser selecionada fazendo algo que amo, ainda saberei que cada volume e cada ingresso que vocês, amigos e leitores queridos, adquirirem, irá beneficiar crianças. Não é maravilhoso?

Então adquiram já seus ingressos para o Meet & Geet no site do Grupo Editorial Quimera e depois adquiram seus exemplares! A gente se vê dia 23/12!

Hilda Furacão

Primeiro livro do #DesafioLiterário2020 #Novembro, Hilda Furação é um romance publicado em 1991 pelo autor mineiro Roberto Drummond. Adaptado para a televisão, Hilda Furacão é baseado na história de uma prostituta que ficou célebre na Zona Boemia da cidade.

            O livro não é fiel a todos os acontecimentos – Nem todas as personagens existiram no mundo real embora muitos tenham sido baseados em pessoas com as quais o autor se relacionava. O romance caminha lado a lado com a realidade brasileira já a um passo do golpe militar de 1964, retratando o eterno medo do “fantasma do comunismo” em uma sociedade onde impera a beatice católica e o mexerico sobre a vida alheia e onde jovens ainda sonham em fazer a revolução, inspirados em Marx, Che e Fidel. Interessante inclusive retratar as diferenças históricas da esquerda presente no Brasil naquela época em relação aos militantes de hoje: Enquanto hoje há uma forte tendência da esquerda brigar pela liberdade das pessoas, contestando posturas machistas ou conservadoras, o autor nos traça uma esquerda que, nos anos 60, postulava que seus militantes mais jovens mantivessem a castidade.

            A história ganha uma mística especial quando conhecemos a profecia que envolve o sapato da protagonista – que passa então a ser vista como uma “gata borralheira” – É inevitável que se torça pela realização de um conto de fadas na vida de Hilda, mesmo com o narrador – o próprio Roberto Drummond – protelando o desenvolvimento da história e ao mesmo tempo envolvendo o leitor em outras histórias paralelas: Drummond faz com que a pessoa que lê se apegue e deseje saber o desdobramento dos fatos na vida das personagens: Torcemos para Aramel cumprir sua promessa e fazer chover dólares, ficamos de coração partido por Emecê que não consegue coragem de encontrar a bela Gabriela e angustiados pelo “Santo” perdido em tentações.

            Um ponto que me chamou atenção é que, no livro, não há uma exploração sensual da beleza de Hilda – Em alguns momentos, até o contrário: A protagonista tem a aparência de um anjo. Já na série de televisão as câmeras não poupam a exposição do corpo de Ana Paula Arósio, atriz que interpretou Hilda – Não com vulgaridade, mas como uma volúpia que as letras não transmitem.

Lobo Mau – Resenha

Lobo Mau é o conto – prólogo da antologia “Amores virtuais, perigo real”, publicada pelo Grupo Editorial Quimera. De autoria do organizador da antologia, o escritor Humberto Lima, Lobo Mau é um conto policial onde se entrelaçam diferentes histórias sobrepostas habilidosamente causando uma agradável teia que prende e surpreende o leitor.

            Humberto abordou um tema muito importante: A pedofilia e os perigos da internet para crianças. Diante de um cenário onde os dados sobre abuso sexual de crianças e adolescentes são assustadores e considerando os riscos que a internet pode representar para homens e mulheres adultos, é importantíssimo comentar sobre como tais riscos são ampliados quando pensamos nas crianças acessando redes sociais ou sites de jogos com possibilidade de interação entre os jogadores, mesmo que se digam apropriados ao público infantil.

            Em Lobo Mau, o pedófilo é um homem acima de qualquer suspeita e, ao mesmo tempo, um insaciável caçador em busca de menininhas inocentes. Quantos lobos-maus andam pela sociedade? O conto nos deixa, além da leitura agradável, um recado escrito em vermelho nas entrelinhas: Converse com suas crianças, não poste fotos que permitam encontrar o seu bairro ou a escola onde seus filhos estudam e orienta as crianças a nunca enviar fotos ou marcar encontros com pessoas pela internet e principalmente a reportar a você qualquer conversa suspeita. O diálogo pode ser a diferença entre a vida e a morte – Afinal, nunca sabemos se há um lobo-mau do outro lado da tela.

            O autor foi bastante habilidoso na criação da trama e das personagens e carregando na medida certa as tintas na descrição dos ambientes, pessoas e situações – Esse é, aliás, um dos encantos na escrita do Humberto Lima: Ele consegue ser sombrio sem exageros e manter a atenção (e a respiração) dos leitores presos do início ao final da leitura.

            Adquira seu exemplar físico de Amores Virtuais Perigo Real no site do Grupo Editorial Quimera, assim você estará contribuindo para uma causa social (a renda das vendas do livro físico serão doadas para a Casa Nem, que acolhe a população LGBTQ+) e ainda tem a oportunidade de colaborar com a difusão da literatura nacional – Aliás, o Natal está chegando! Pense em presentear as amigas com esta obra inesquecível.

Para adquirir o livro físico e ajudar a CASA NEM, clique aqui

Para adquirir o e-book e ajudar a Associação de Apoio à Mulher Vítima de Violência (AAMV) clique aqui

O Guarani – José de Alencar

O primeiro livro do #desafioliterário2020 #Outubro é uma obra clássica da literatura brasileira que me trás muitas recordações da infância – Por isso fiquei bastante feliz por este título ter sido sorteado para leitura justamente no mês da criança. Você que me lê, que é professor ou professora vai dar algumas boas risadas nesta postagem. Quando eu estava na minha quarta série, após as férias de julho, recebi a tarefa clássica de escrever uma redação “Como foram as suas férias”. Ora, como poderiam ter sido? Lendo muito. Porém, dizer para a professora que “li muito” não iria ocupar as linhas pedidas, certo? Então, o que eu fiz? Falei que havia lido, comentei brevemente os títulos e salientei que, de todos, o que havia me tomado mais tempo fora o livro “O Guarani”. Na minha visão infantil, era estranho que o índio (calma! Eu sei que o certo é falar indígena, mas lembre-se, eu tinha uns dez anos) se comportasse em seus diálogos de forma tão semelhante ao colonizador branco português. O Guarani me exigiu muito uso do dicionário e enciclopédias na época, foi um livro que me prendeu, me instigou a continuar apesar das dificuldades naturais da idade. Na redação, comentei que esperava alguma demonstração da fé do índio em seus deuses e não esse comportamento copiado dos portugueses e também falei sobre o incômodo com a personagem Isabel, que em certos momentos compara Peri a um animal e o fato da religião cristã ser colocada em um patamar tão superior aos costumes nativos. Enfim, não foi uma resenha com a profundidade que a obra merece, mas ainda assim, eu gostaria imensamente de ter guardado para compartilhar com vocês! A parte mais engraçada foi: Minha redação, com comentários sobre os livros, ocupou um pequeno calhamaço de folhas – Eu não sabia que seria necessário ler para a sala, quando a professora solicitou a leitura, eu fiquei gelada – Morria de vergonha de ler em público! Então, mostrei a ela o tamanho da redação e expliquei todas as dúvidas sobre o Peri e seu relacionamento estranho com a família de Ceci. É óbvio que não precisei ler a redação para a sala. É óbvio que a minha mãe foi chamada na escola por me permitir leituras “impróprias” e é óbvio que eu continuei lendo tudo o que quis e um pouco mais. Poucos meses depois, outra professora, amiga da família, me explicou resumidamente sobre o período histórico e a forma romantizada que José de Alencar utilizou para descrever os índios, iniciando um novo ciclo literário no país, o romance indianista, que buscava enaltecer a nossa terra. Na época, fiquei chateada: Toda essa explicação poderia ter sido dada pela minha professora da quarta série! Hoje, imagino que ela tenha ficado chocada por não esperar uma leitura espontânea. De toda forma, é uma lembrança divertida! Anos depois precisei reler o livro que era obrigatório para o vestibular, cheguei a ler por prazer em outro momento e li mais uma vez para falar sobre aqui no blog, porém, não deixarei uma resenha aprofundada dele – Um romance bastante longo e descritivo, de leitura obrigatória e enredo cativante, O Guarani se passa na primeira metade do século XVII e se passa numa propriedade localizada na Serra dos Órgãos, onde o português D. Antonio Mariz decidiu morar com a família e outros companheiros após as derrotas que os portugueses sofreram no Marrocos, estabelecendo um sistema semelhante ao sistema medieval de vassalagem. Durante a trama há romance, amores não correspondidos, ciúmes – tudo tendo como pano de fundo nossas matas e uma iminente guerra entre a família Mariz e os índios Aimorés, que buscavam vingança após o filho de D. Antonio matar acidentalmente uma índia de sua tribo. Há também traidores, como Loredano, um mercenário que abusa da hospitalidade oferecida pela família Mariz. Peri, durante todo o romance, apresenta a força e habilidade de andar pelas matas características dos indígenas e um código de conduta moral que se assemelha muito ao idealizado pelo cristianismo. É um herói corajoso e inesquecível! E vocês, já leram essa obra prima?

Contos Reunidos – Brás, Bexiga e Barra Funda; Laranja da China e outros contos

 Paulista, nascido em Maio de 1901, Antonio de Alcântara Machado cursou direito, mas nunca perdeu de vista seu dom para a literatura. Em 1926, funda junto com Antonio Carlos Couto de Barros a revista modernista “Terra Roxa… e outras terras” e no mesmo ano publica “Pathé- Baby” seu primeiro livro reunindo contos publicados anteriormente pelo jornal do comércio (onde começou a colaborar em 1921). Em 1927 publicou o livro de contos Brás, Bexiga e Barra Funda – Notícias de São Paulo, onde se ocupou em retratar a São Paulo dos imigrantes italianos, uma camada social que formava considerável parte do proletariado paulistano. Brás, Bexiga e Barra- funda compõe-se de narrativas curtas, escritas com elementos que remetem mais ao jornalismo que a literatura.

A escrita do autor é breve, seca, sem grandes floreios e muitas vezes são utilizadas expressões populares da época – é preciso lembrar que a obra foi escrita sobre as primeiras luzes do modernismo, portanto difere fortemente de obras escritas por outros artistas em momentos pouco anteriores – Afinal, os modernistas propunham uma nacionalização da língua, abandonando as normas léxicas da elite portuguesa para que se adotasse a oralidade das ruas e da zona rural. Em 1928 o autor publica Laranja da China – A exemplo do livro anterior, Laranja da China também apresenta vários contos já publicados em periódicos nos quais o autor colaborava e mantém seu foco principal em retratar a cidade de São Paulo e seus diversos tipos humanos – entretanto, diferente de Brás, Bexiga e Barra Funda, em Laranja da China o autor retrata tipos humanos característicos da São Paulo dos anos 20 de forma irônica e divertida.  Uma curiosidade sobre o título é tratar-se este de um trecho de paródia feita para acompanhar os acordes iniciais do hino nacional (na época, cantava-se “laranja da China, laranja da China, laranja da China, Abacate, cambucá e tangerina” junto aos primeiros acordes do hino – Tente fazer isso e veja que realmente a métrica fica perfeita). A edição de “Contos Reunidos” elaborada pela Editora Ática/Série Bom Livro, conta ainda com mais cinco contos do autor reunindo assim em um único volume todos os contos de Antonio de Alcântara Machado. Tratam-se de cinco contos engraçados, espirituosos e com foco diverso dos primeiros – o autor abandona o imigrante italiano ou a construção dos tipos sociais paulistanos e mergulha na brasilidade com narrativas bem humoradas que envolvem desde política até concursos de miss. O volume é leitura imprescindível para quem ama a cidade de São Paulo e deseja se aventurar por suas ruas através dos tempos.

Nota: Confesso que iniciei esse livro no final do mês passado e tive um pouco de dificuldade na leitura, que achei arrastada de início e por isso deixei de lado várias vezes – Me arrependi desse comportamento quando cheguei nos contos do Laranja da China e nos cinco últimos contos, portanto, o primeiro livro lido no meu #DesafioLiterário202 #Setembro acabou sendo, na verdade, o último livro de Agosto.

E vocês? Já leram essa obra ou alguma do autor?