O jogo e as lições da semana.

Duas mulheres, um baralho e um hábito retomado com o início da quarentena: Jogar buraco. Jogo uma carta na mesa e ela diz: Vai jogar isso mesmo? A resposta arranca risos: Quer que eu faça o que? Sente em cima da carta igual o Maia está sentado em cima dos pedidos de Impeachment? Rimos. Nesta semana, aprendemos que não é difícil comparar o governo atual a uma conversa de boteco – Na mesa onde se deveriam discutir soluções para a grande crise sanitária que se abate sobre o país, uma horda de engravatados sisudos senta suas bundas e deixa a conversa correr solta – Entre palavrões, discutem-se as hemorroidas presidenciais e a utilidade da pandemia para mudar leis ambientais sem “os chatos da imprensa”. Pelas ruas, os tais cidadão de bem seguem empunhando suas bandeiras verdes – e – amarelas em defesa do indefensável. O palavrão que a um jovem daria o rótulo de vagabundo mal-educado e poderia até mesmo custar um emprego, na boca suja do abjeto ser, é apenas vocabulário comum – Não importa a eles o ambiente, não importa a eles todo o discurso genocida que acompanha os palavrões. Não choca ao “cidadão de bem” nem mesmo um ministro admitir que não gosta de determinados grupos étnicos.  Também aprendemos que é pra ficar em casa, mas isso não impede uma bala perdida de encontrar rapidamente seu caminho dentro da carne de mais um jovem negro. Mas é o Brasil, povo alegre! Verde e amarelo: O verde sendo devorado pelas madeireiras, pela mineração, pela agropecuária e o amarelo se acumulando nos bolsos imundos de tão poucos homens inescrupulosos. Uma nação dizimada por gafanhotos moralistas, os tais cristãos de bem, para os quais a propriedade está acima da vida, o lucro está acima da vida e o “amai-vos uns aos outro” só vale se o outro for de igual pensamento e torna-se  facilmente “armai-vos contra os outros”. Enquanto isso, valas comuns engolem pequenos universos com suas histórias de luta.

Publicidade