Alguns vão dizer Dia da Consciência Negra? Pra quê? Não recusa o feriadão prolongado Mas se é patrão, pra que dar folga pra empregada e pro empregado? Paga o salário – Chorado, minguado, às vezes atrasado. Viaja no feriado, praia lotada, casa de campo Mas insiste em dizer: Consciência Negra? Isso nem deveria existir! E postam na internet qualquer baboseira “Tinha que ser dia da Consciência Humana” Tá de zoeira? A consciência humana falhou Quando o primeiro cercou Um pedaço de terreno e reivindicou A propriedade e o direito de viver sem produzir: Assim surgiu a divisão de classe social Nobres e servos Uns tudo recebiam e outros tudo produziam Daí por diante, vou te contar Só ladeira abaixo: Servidão, guerras, escravidão Nazismo, fascismo, bolsonarismo Racismo Negacionismo científico Negacionismo histórico Mundo dominado Pelo capital acumulado Pirâmide social: Pequeno topo com peso de chumbo Esmaga a base que lhe carrega no ombro Ainda tem coragem em falar em consciência humana? Numa sociedade tão desumana? Dá um tempo, senta ali no cantinho do pensamento Cala a boca um só momento, ok? Aliás, me deixa te lembrar: Sobre a consciência negra, deixa o povo negro falar Que eu também tenho muito que aprender, escutar Minha parte hoje foi só rememorar Que a tal “consciência humana” falhou há muito tempo E se você não enxerga isso, só lamento.
Categoria: Poesias
#TBT – A Fada (Minha primeira poesia)
Outubro. O “Mês da criança” vai chegando ao fim e com ele a maratona de compartilhamento de memórias da infância – A maioria em fotos postadas no Instagram (Me sigam por lá @poetisa_Darlene). Entretanto, guardei para hoje, última quinta feira de Outubro, uma memória muito especial: A primeira poesia que escrevi, no auge dos meus doze anos. Por sorte, estava em uma aula de digitação e por isso a poesia foi impressa com data (sim, eu fiz curso de informática no final da infância, e não, quem me vê utilizando atrapalhadamente um computador hoje não consegue nem imaginar que aos doze anos eu estudava informática em uma dessas escolas populares). Enfim, vamos ao meu primeiro poema?
A Fada
Entrou num velho jardim
Plantou várias flores:
Amor perfeito
Cravo vermelho
Dálias e orquídeas
Rosas azuis
Vermelhas
Amarelas e
Finalmente rosas brancas
❤
Então com sua linda magia
Fez as flores florescerem em um instante
Depois entrou na casa abandonada
E limpou-a, pintou-a e organizou-a
Pintou a casa pelo lado de fora
Mas com a magia da fada
Não há lugar monstruoso
Que não se torne um lugar bonito
18/03/1998
_______
Como vocês podem perceber, esse meu primeiro poema não é exatamente um poema em suas estruturas – E eu não me orgulho muito disso pois acredito que uma leitora voraz de doze anos deveria produzir algo bem melhor – mas ainda assim, conservo como uma lembrança fofa da infância. Gostaram?
O dia em que te conheci
Nas primeiras horas da manhã te conheci
E no brilho do teu olhar eu vivi
Um amor que eu jamais tentei existir
E meu coração nem tentou resistir
*
Que loucura…Nem teu nome eu sabia e já te amava
E a cada momento te buscava
Querendo de ti me aproximar
Querendo em tua alma com meu amor navegar
*
E quando você me beijou, que doce magia
Pela primeira vez meu coração disparava
Meu corpo eu não sentia
Pelas nuvens flutuava
*
Quando separados fomos, que agonia
Aquelas breves horas tornaram-se tristes
Aquela noite foi então a mais escura e fria
E, em certa parte do caminho, ao teu lar chegastes
*
Ah, cavaleiro menino que hoje conheci
Com você pela primeira vez vivi
Um amor que jamais pensei existir
Lindo anjo… De te reencontrar jamais vou desistir
*
Pois sei que para sempre vou te amar
E muitas vezes juntos, desse doce dia vamos nos lembrar
Será eterno e puro esse amor
Que entre nós nasceu como delicada flor
Poema antigo, escrito em Setembro de 2009. É muito gostoso revirar papéis antigos e encontrar escritos dos tempos em que o amor romântico parecia ser a coisa mais importante do mundo.
Este post faz parte do BEDA (Blog Every Day August). Participam também:
Viviane – Chris – Claudia – Obduliono – Drica – Mariana Gouveia– Lunna Guedes – Ale Helga – Adriana
Poderia
O rádio toca a canção
Que poderia ser a nossa canção
São sombras d’um mundo
Que poderia ter sido o nosso mundo
E o ígneo céu neste fim de tarde
Tinge com o sangue que derrama
Este coração que solitário ama
Esta alma que no fogo da paixão arde
Sombras me invadem e eu não sei
Porque tanta tristeza? Pensei
Que fosse uma longa avenida
Mas o amor foi rua sem saída
E como dói não conversar
Você me fez sorrir e agora o vazio
Veio minha alma tomar
Oh, lágrimas sem estio
(08-11-11)
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Fuga
A inspiração foge e se esconde
Corre sabe-se lá para onde
Brinca, baila, canta, corre
Diverte-se nessa alma que sem amor, morre
As palavras por vezes desaparecem
De me consolar, esquecem
Afogam-se nas lágrimas que descem
Perdem-se nos sonhos que esmorecem
E onde poderei a inspiração encontrar?
Como viver sem poder falar?
Sem conseguir expressar
Incapaz de escrever a dor de amar
Peço às musas inspiração
Tento e tento descrever a paixão
Mas esquecer dos teus olhos brilhantes
Impossível! Um coração quebrado jamais será como antes
Em sonhos te encontro e me perco
O amor que traz inspiração fecha o cerco
Trazendo também a dor
E pouco a pouco morro de amor
(07-07-2011)
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Parasse o vento de soprar
Parasse o vento de soprar
Desaparecessem as ondas do mar
Secasse a chuva e todo pranto
Apagassem as estrelas, calassem meu canto
Morresse meu corpo consumido pela dor
Na fogueira da saudade meu coração queimasse
Olhos cerrados pela eternidade, sem temor
Uma alma livre para viver de amor
Quisera poder flutuar em tua direção
Como quem tudo e nada quer
Como quem deseja ser apenas mulher
Como se fosse possível afogar-me em tua paixão
Mas, não sei por que o destino insiste
Talvez goste de fazer-me sempre triste
Os deuses me negam tua presença
Fazendo-me sofrer esta dor intensa
Será que teu coração está selado?
Para tanto amor fechado?
Não gostaria de viver pelo amor embriagado
Deitando-se comigo ao luar, lado a lado?
Será muito o que peço, oh, vida cruel?
Livrar-me deste amor amargo como fel
Tê-lo ao meu lado para amar eternamente
Ou fechar meus olhos e esquecê-lo simplesmente
06-07-2011
(Escrito para uma concorrer a vaga em uma antologia de poemas sobre amor)
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Meu Amor (Acróstico/2010)
Minha vida sem você é uma luz que
Está sempre apagada
Um barco perdido em
Alto Mar
Mirante sem paisagem
Onde ninguém gosta de ficar, é flor sem
Raiz, pois seu amor é a raiz que me faz florescer
(Poema escrito em 2010 para o romance Valeska)
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O Vampiro
Sou andarilho solitário
Domino cada madrugada
Em cada obscuro atalho
Deixo minha marca registrada
Em cada corpo sem vida
Uma única ferida
Duas presas perfuraram
Todo o teu sangue drenaram
Não temo o chumbo ou a espada
Não é tão fácil minha vida ceifar
Sou criatura desalmada
Da tua alma posso me alimentar
Não apareço no espelho
Encho-me de desejo
Pelo teu sangue vermelho
Teu futuro prevejo
Desejo animal
Instinto
Um copo de sangue tinto
Refeição frugal
(04-04-12)
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Trabalhador
Quem produz a riqueza desse mundão?
Quem faz com que não falte o pão
O arroz, o feijão, o legume, o macarrão?
Quem constrói o prédio que arranha o céu?
Quem desafia o perigo e coleta o mel?
Quem fia a linha, costura a vestimenta
Quem vende aquela bala de menta?
É ele, o patrão. Sim ou não?
O patrão, imponente em sua sala
Ele manda, ordena, fala
Nada produz apenas goza o fruto da labuta
Do trabalhador que vive na luta
Da trabalhadora que morre na luta
Da trabalhadora que no fim do dia, cansada
Ainda encara pela frente outra jornada
Do trabalhador que no fim do dia, cansado
Não consegue um prato balanceado
O patrão usurpa o império
Que o sangue do trabalhador constrói
E na televisão, com semblante sério
Diz que é difícil empreender:
Que seu Zé tem muitos direitos
Que torna seus lucros rarefeitos
Que Dona Maria tem que ganhar menos
Que não aguenta lucros tão pequenos
Que é difícil a empresa sobreviver
Sem aumentar a jornada
Sem deixar quem trabalha sem direito a nada
E em lobby obscuro desconstrói
As já minguadas garantias de quem carrega
A economia do mundo nas costas
E mesmo doente, cansado, não arrega
Não desiste, persiste, ainda que triste
Ainda que faminto, ainda que sem estudo
Ainda que lhes falte tudo.
O patrão bate no peito, orgulhoso
Diz que é rico porque merece
Até parece que esquece
Do dinheiro que herdou
Do imposto que sonegou
Das pequenas corrupções
Das grandes devastações
Não pense em crise, trabalhe
Com a fome batendo na porta
Com a aposentadoria tão distante
Não pense em crise, trabalhe
Em meio a uma pandemia
Pro bem maior – Salvar a economia
Patrão em sua casa confortável
Tenta defender, incansável
A necropolítica genocida
Sangue derramado na pátria amada
Adormecida, devastada, vilipendiada
E daí se houver morte, se faltar caixão
Não pode é prejudicar o capital
Que moveu a campanha do capetão
Não pode faltar o dízimo do pastor falastrão
A rachadinha, a compra de votos, a sonegação
Primeiro de Maio, dia do trabalhador
Trabalhador é quem trabalha
Trabalhador que sente a dor
Que trabalha a dor, com dor
Trabalhador – E trabalhadora
Esquecida até título da comemoração
Que sequer tem o que comemorar
Mas que deve servir para lembrar
A frase dita no Manifesto
“Trabalhadores do mundo, uni-vos”
(Nota da poesia: Trabalhadoras, também)
Lembrem-se sempre da lição:
Sem o trabalhador fica vazia a mão do patrão
Sem trabalhadora, fica vazia a conta da patroa.
Mulher Deusa
“Seu corpo é um templo” eles dizem
Enquanto te vendem uma imagem ideal. Ou irreal?
Perfeição- Magra, alta, peitos durinhos bunda empinada. Depilada. Maquiada.
Eles dizem enquanto te sufocam numa tripla jornada
Casa limpa? Obrigação dela
Filhos? Quem cuida? Ela!
Sem filhos? Como ela é malvada, individualista
Julgamentos sem final
Se não trabalha? Vigarista, folgada
Trabalha demais? Egoísta, mal amada.
Sem opinião. Te querem explorada, vítima.
Tantas vezes humilhada, noutras assassinada.
Mas fica tranquila! No dia 08 de Março tem flores, algumas vezes vinho e bombom
Vocês acham que tá bom?
Mulher deixa eu te contar:
Seu corpo é seu templo e seu altar. E você ? Você é uma Deusa poderosa
Sua vida não é cor de rosa
Você tem que ser forte
E pode se quiser ser vaidosa
Seu corpo é seu templo e você pode escolher
Quando, quantos e quais visitas deseja receber
Pois sexo é uma oferenda de afeto e prazer
Não é obrigação de entregar seu coração
Nem te faz fácil, devassa e outras coisas que falam esses sem noção
Sacerdotisa de si mesma, use a roupa que quiser
Calça comprida e cabelo curto não te faz menos mulher e roupa curta não te faz puta
Levanta a cabeça e vai a luta
Segue
Você é sacerdotisa do seu corpo-templo-altar
Antes de escolher cuidar de alguém, escolha se cuidar. Antes de escolher amar alguém, escolha se amar! Você é uma Deusa, não se esqueça! Coloca isso na cabeça! Ninguém pode te julgar! Use seus poderes e se una com outras Deusas
Vocês podem ir pra rua passear, mas também devem ir pras ruas mostrar pro povo as verdades cruas do sistema que insiste em oprimir
Vocês podem aproveitar os frutos do trabalho de vocês, mas devem lutar por direitos iguais e justiça social
Vocês podem amar a família e também devem denunciar o machismo de cada dia escondido naquela piada, naquela música ou na frase presidencial
Mulher de lugar é na cozinha? Se ela quiser!
Cozinhar, amar, cuidar, nada disso te faz menos feminista!
Assim como saber que tem todo o direito de escolher não te faz menos mulher
Querem te dar o papel da princesa que come a maçã, mas você sabe como recusar. Pra que ser princesa se você pode ser Deusa?
#08M #DiaInternacionaldaMulher
