O pacto final

O ano é 2050.
Um homem ruivo com a pele cheia de sardas abre os olhos. O céu está escuro. Ele pergunta as horas para o dispositivo eletrônico que coordena e executa diversas funções na casa. Levanta e veste um macacão que protege contra a radiação e as altas temperaturas e um capacete que mais parece um aquário virado ao contrário. Acopla o capacete a um pequeno filtro cilíndrico que coloca nas costas.
Sente saudades da infância – A época em que o mundo começou a mudar, com a pandemia da covid-19 varrendo do mundo quase um terço da população humana. Ir até a escola de máscara era cansativo e não impediu um genocídio quando novas variantes se espalharam. Por isso já não haviam escolas e a maioria dos trabalhos tornou-se remota. Ele não conhece a vida adulta no mesmo mundo que os pais e avós, mas sabe foram essas gerações que destruíram aquele planeta tão bonito que hoje existe apenas nos livros.
Sobraram poucos humanos e vigora um pacto de não-reprodução. A espécie não tem mais nada para acrescentar ao mundo.
Ele olha uma última vez para o céu vermelho e segue para o lado externo da casa. No quintal está construindo uma pequena fortificação com informações que considera importantes – Se algum dia o planeta se recuperar e outro animal evoluir a ponto de entender, talvez evite cometer os mesmos erros do quase extinto ser humano.

Este post faz parte do BEDA (Blog Every Day August). Acompanhe também os posts de: Lunna, Claudia, Adriana, Obdulio, Mariana e Roseli.

Publicidade