Fogo, fumaça e memória
Queimaram a estátua de Borba Gato. Bandeirante, estuprador. Genocida. Embora queimar a estátua não apague os atos horrendos do passado, é necessário pensar o ato como uma correção: A retirada simbólica de uma homenagem que sequer deveria existir.
Fico perplexa ao perceber que inúmeras pessoas defendem a estátua de um genocida, mas se calam diante de agressões perpetradas sistematicamente contra populações negras, indígenas e LGBTQIA+: Uma estátua tem mais valor que a vida?
O silêncio quase palpável se estende diante da queima de nossas florestas, museus e da cinemateca. Mas quando o fogo é em Paris? Ah! Aí temos até mobilização nas redes sociais.
A queima da nossa história não é fato recente, mas, aparentemente, só incomoda quando apaga a memória do colonizador, invasor, agressor. A memória do povo? Essa, parece que pouco importa.
O movimento de apagar as fontes de cultura de um povo não é novidade: Já aconteceu durante a idade média, durante o período nazista e nas mais diversas ditaduras ao redor do mundo.
Agora, o apagamento acontece diante dos nossos olhares atônitos, em nosso país onde membros do governo diversas vezes envolveram-se em polêmicos plágios de simbolismos nazistas.
Diante do quadro catastrófico, fascista e entreguista da política nacional, pouca ou nenhuma solidariedade me resta pela estátua de um genocida.
A estátua do genocida de tempos passados virou fumaça. Que amanhã possa cair e virar fumaça o atual governo. Sem deixar sequer uma estátua que possa ser queimada no futuro.
Este post faz parte do BEDA (Blog Every day August), não deixem de conferir também os posts de outros blogs participantes:
Mariana Gouveia – Claudia –Obdulio– Lunna – Roseli Pedroso – Adriana Aneli