Dia Mundial da Água

Hoje é o Dia Mundial da Água – A data foi criada pela Organização das Nações Unidas em 1992 com a intenção de discutir sobre a importância da água para a nossa sobrevivência e a urgência de preservar esse recurso natural. No mesmo dia foi divulgada a Declaração Universal dos Direitos da Água, em dez artigos:

1- A água faz parte do patrimônio do planeta;

2 – A água é a seiva do nosso planeta;

3 – Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados;

4 – O equilíbrio e o futuro de nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos;

5 – A água não é somente herança de nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores;

6 – A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo;

7 – A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada;

8 – A utilização da água implica respeito à lei;

9 – A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social;

10 – O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.

            Infelizmente o planeta está próximo a viver uma crise hídrica. Até 2030 a demanda por água será 40% maior do que a água disponível para consumo e, muito embora a água seja um recurso renovável, a velocidade de consumo e o descarte sem tratamento estão sistematicamente dificultando e impedindo o ciclo natural de “auto-limpeza” das águas.

            A ausência e a ineficiência de políticas públicas para ampliar o tratamento de água e o acesso da população à uma rede de esgotos, somada ao crescimento desordenado das cidades, resultado também da inércia do Estado em garantir moradias à população, coloca o Brasil em uma situação vergonhosa: No ano de 2019  nosso país não garantia o acesso diário à água potável  nos lares de 18,4 milhões de brasileiros, bem como apenas 68,3% dos domicílios do país possuíam acesso à rede de esgoto. Esses preocupantes números demonstram uma catástrofe social e culminam em uma tragédia ambiental – a poluição dos rios brasileiros – Apesar do país deter em seu território 12% do volume da água doce de todo o planeta, isso não significa que essa água esteja em condições de consumo – Dos rios analisados pela Fundação SOS Mata Atlântica, apenas 6,5% tinham boa qualidade da água (dados de 2019).

            Não bastassem os problemas gerados pela poluição oriunda dos esgotos domésticos, há ainda a questão da agroindústria, responsável por 70% do consumo de água do mundo e, ao mesmo tempo pela contaminação de rios e lençóis freáticos com pesticidas. No Brasil, somente em 2020, foram liberados 493 tipos de agrotóxicos, alguns inclusive banidos da União Européia. Esses agrotóxicos contaminam rios e chegam à nossa mesa nos vegetais, nos peixes, carnes e na água que consumimos. Diante desse quadro, torna-se urgente repensar a agroindústria, investir no plantio de orgânicos e na agricultura familiar como forma de estacionar e reverter os danos ambientais causados.

            A questão da pecuária descortina outro absurdo: Um terço da água consumida no planeta destina-se direta ou indiretamente ao mercado de criação de animais de corte. Esse número é composto pela água utilizada na produção dos grãos que alimentam esses animais (No Brasil, 78% da produção de grãos se destinam a alimentar o gado) e pela água necessária para o consumo dos animais. Se pararmos para pensar e somar a isso a água utilizada na higienização de frigoríficos e matadouros, na poluição causada pelo transporte dessa carne e nas toneladas de plástico utilizadas para embalagem, perceberemos que consumir animais mortos é um crime ambiental. É urgente reduzir drasticamente o consumo de carnes como forma de cuidar da água e do planeta. O vegetarianismo é saudável e possível.

            A segunda indústria mais poluente do mundo é a indústria da moda – Só a indústria têxtil consome anualmente 93 trilhões de litros de água! Uma camiseta consome 2kg de combustíveis fósseis e 3 mil litros de água só para fabricação (não levando em conta os impactos da lavar, passar e descartar a peça). Uma calça jeans demanda em sua fabricação 10 mil litros de água e um par de sapatos 8 mil litros de água.

            Outra indústria que consome muita água é a indústria de descartáveis – Sabe aquele copinho descartável? Mesmo que você tente aliviar a consciência encaminhando para a reciclagem, isso não é o suficiente. Para produzir um copo descartável usa-se em média 3 litros de água. Melhor carregar um copo reutilizável e lavar sempre – Uma boa lavagem utiliza menos de meio litro de água. O mesmo vale para outros objetos: reconsidere sua “necessidade” de comprar objetos plásticos – Dá pra reaproveitar muitos potes e embalagens!

            A mineração e o garimpo são vilões que despejam no meio ambiente um grande volume de óleo, graxa e metais pesados. A poluição oriunda dessas atividades vem aniquilando a flora e a fauna, além de contaminar populações ribeirinhas inteiras no norte do Brasil. E, muito embora a mineração seja indiscutivelmente necessária, é importante repensar o consumo e reduzir ao máximo essa necessidade de extrair metais. Afinal, você não precisa de um celular novo anualmente ou de uma jóia de ouro. Mas certamente precisa de água.

            Como ajudar o planeta?

            Quem leu o texto com atenção já percebeu: O primeiro passo é repensar o consumo. Diminuir a necessidade de ter coisas novas, diminuir ou zerar o consumo de carnes, carregar seus próprios copos, garrafinhas, pratos e copos, priorizar o consumo de alimentos frescos preferencialmente comprados de produtores locais e fugir de ultraprocessados. Tudo isso ajuda e muito. Nesse link tem outras dicas bacanas de economia de água que podem parecer assustadoras no início, mas que podem ser colocadas em prática.

            A segunda forma de ajudar o planeta é também muito importante: Votar certo. Pesquisem exaustivamente o posicionamento dos candidatos acerca das questões ambientais. A questão da poluição é intimamente ligada à ausência de políticas públicas para garantir a destinação correta do lixo e do esgoto e à inércia dos em punir infratores ambientais. E quem cuida dessas políticas públicas? O governo (leia-se executivo e legislativo). Quem libera terras para garimpo e extração de minérios, impõe regras para construção de barragens e decide quais agrotóxicos serão liberados no país? Governo. Quando estiverem pesquisando seus candidatos e candidatas em 2022, atentem-se.

Abaixo alguns links interessantes sobre o tema

Origem do dia da água

Números sobre a distribuição de água no Brasil

Qualidade dos rios Brasileiros

Agrotóxicos no prato

Água e pecuária

Quatro bilhões de pessoas enfrentam escassez de água

Indústria têxtil e água

Descartável não é a melhor opção

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