O misterioso Sr. Noah (Conto BDSM, +18)

O conto a seguir foi escrito para um concurso literário com temática erótica/BDSM. Infelizmente, perdi o prazo de envio e, para que ele não fique parado em uma gaveta, estou publicando aqui. Se você tem menos de dezoito anos de idade ou não gosta deste tipo de leitura, peço que não continue a ler este post e procure outro – afinal, aqui tem conteúdo para todos os gostos. Se aprecia literatura erótica e é maior de idade, continue lendo e deixe um comentário.

Camila estava sentada sobre os calcanhares – Havia perdido a noção do tempo, mas os músculos de suas pernas já começavam a causar desconforto. As palmas das mãos viradas para cima, postura ereta, olhos baixos. Seguira todas as instruções enviadas por ele na mensagem de texto: O quarto escuro, exceto por uma vela lilás colocada em um suporte alguns metros atrás dela, o corpo nu, adornado apenas por uma coleira, a cama arrumada e, sobre a cômoda, os objetos que havia recebido pelo correio naquela manhã: Cordas de juta, um chicote de hipismo, um flogger, uma chibata, alguns braceletes com pesadas argolas de metal, uma mordaça, pequenos grampos e um dildo. Tudo organizado exatamente como na foto que acompanhara a caixa. A ansiedade a fazia ficar excitada – Em silêncio absoluto, ela tentava identificar passos pelo corredor ou o som da chave na fechadura – Era torturante estar de costas para a porta. Tudo havia começado com uma sacola plástica que rompeu na porta do elevador espalhando latas e outras embalagens pelo hall do prédio. Ela estava com pressa, mas ajudou o novo vizinho a recolher suas compras do chão. No dia seguinte, encontrou um cartão agradecendo pela gentileza. Depois disso, esbarravam-se diariamente todas as noites: Cultivavam o mesmo hábito de correr e fazer exercícios na praia. Não falavam, mas trocavam alguns olhares – O corpo dela respondia intensamente quando reparava na bunda dele espremida na sunga ou quando, ao sair ou retornar, sentia o cheiro dele naquele pequeno elevador – Inúmeras vezes fora dormir pensando nele, desenhando com as próprias mãos os caminhos que gostaria de senti-lo percorrer com dedos, lábios e falo, e só dormia depois de chegar ao orgasmo. Precisava tirá-lo da cabeça – Baixou um aplicativo para conhecer homens e, para sua surpresa, a primeira solicitação foi justamente a dele: Senhor Noah. Ela tinha certeza de ter ouvido o porteiro chamá-lo Francisco, ou estaria maluca? Aceitou a solicitação e começaram uma conversa que se arrastou pela noite. Falaram o suficiente, nem muito, nem pouco, apenas o suficiente para estabelecerem algumas regras – estranhas para ela em um primeiro momento – sobre como seria uma relação entre eles. Ela estava presa por um estranho e arrebatador desejo, pesquisou tudo o que pode sobre as palavras que ele sugeriu e, após um choque inicial, gostou do que leu e viu. Então, chegou a mensagem de texto e a caixa. Naquele dia ela deu uma cópia da chave do apartamento para ele. “- Pensativa, cadela?” – A voz firme ocupou o quarto de Camila, que não havia ouvido nenhum ruído que indicasse a chegada dele. “-Sim”, ela respondeu. Um tapa lhe acertou o rosto “- Sim, o que?”. “- Sim Senhor”. Ele a tratava como uma cadela, mandou que ficasse de quatro e caminhasse pelo apartamento, que beijasse seus pés e retirasse seus sapatos. E ela se sentia molhada, excitada. Tentou falar, mas ele lhe deu outro tapa, desta vez na bunda “Cadelas não falam”. Amordaçou-a e colocou em seus braços e tornozelos as algemas e tornozeleiras de couro, unindo-as com uma corrente, mas deixando espaço para que ela pudesse caminhar de quatro. Ela estava exatamente do jeito que ele desejava: Entregue, sem possibilidade de fugir ou gritar. “Lembra dos gestos de segurança, cadela?”. Ela levantou a pata direita, sinalizando que lembrava, fazendo-o sorrir por perceber que ela havia lido até o final as instruções. Então, ele se desnudou, caminhou em direção a ela, passando propositalmente o pênis ereto de encontro bem perto do rosto dela. Sentou-se na beirada da cama e sinalizou para que se aproximasse e o tocasse com o rosto – Ele estava extasiado ao perceber que em nenhum momento ela se afastava ou demorava a cumprir uma ordem, apesar de ser a primeira sessão deles e, em especial, a primeira experiência dela no mundo da submissão. Sem avisar, ele levantou e colocou o dedo dentro da gruta dela, úmida e inchada. Pegou o dildo e introduziu nela, fazendo-a gemer. “Agora, cadela, eu vou retirar a sua mordaça e a corrente que está prendendo seus tornozelos e seus pulsos, e você ficará de pé, com as pernas ligeiramente abertas e os braços apoiados na parede. Quero essa bunda bem empinada e quero que você lata a cada golpe que sentir”. Camila sentia o dildo entre as pernas, desejava poder tocar o próprio clitóris, sua respiração ofegava. Em seus quase quarenta anos de vida, jamais havia pensado que um dia iria se submeter, física ou moralmente, a um homem – E, de repente, lá estava ela, latindo feito uma cadelinha e quase gozando a cada golpe. Sentia sua pele arder, mas não queria dizer a palavra de segurança – Desejava explorar os limites do corpo que, por tanto tempo, só conhecera o prazer de suas próprias mãos. Então, repentinamente ele parou e ordenou-lhe que deitasse no chão, de barriga para cima. Retirou o dildo de dentro dela, trocando-o por um pequeno e potente vibrador. Se ela queria explorar o próprio corpo, ele desejava saber até onde ela seria capaz de ir – Prendeu os grampos em seus mamilos, ouvindo-a dar um gritinho de dor. Vendou-a para que não conseguisse enxergar e ordenou que se tocasse, mas não gozasse. Ele a via contorcer-se e diminuir o ritmo. Seu falo desejava introduzir-se naquela gruta úmida e, ela não sabe, mas, por um momento, ele quase cedeu ao impulso de possuí-la. Começou a se masturbar, e ordenou que ela gozasse para ele ver. Ela se entregou completamente ao êxtase e ele, enquanto ela ainda arfava, atingiu o ápice, derramando seu leite pelo corpo dela. Então, ele ordenou que ela se sentasse exatamente da maneira em que o havia recebido no inicio da noite, afagou os cabelos dela e ordenou que tomasse um banho. Foi até a cozinha e preparou uma pequena porção de legumes e macarrão, colocou em uma vasilha de cachorro e ordenou que ela se alimentasse. Depois, observou-a organizar dentro da caixa todas as coisas que havia enviado, deixou-a novamente sentada sobre os joelhos, desta vez com o despertador programado para que ela se levantasse dentro de quinze minutos. Observou-a por mais um tempo – Uma mulher deliciosa, sem dúvidas. Saiu, fechando a porta e empurrando a chave reserva por baixo da porta. Nos dias seguintes, Camila não o viu. Aguardou uma mensagem de texto ou notícia, em vão. O perfil na rede social de paqueras havia sido desativado. Recebeu uma carta “Cadela, eu ordeno que escreva cada uma das fantasias que imagina realizar. Você deve criar um pequeno blog e postar no mínimo três vezes por semana, quero revirar cada um dos seus pensamentos devassos. Você está proibida de se masturbar ou de manter qualquer contato sexual com outros homens ou mulheres. Comece relatando aquela nossa primeira noite e depois solte a imaginação. Não se esqueça de manter o anonimato: Ao criar o blog, utilize a assinatura “Cadela do Sr. Noah”. Até um dia”. Camila sabia que entre as regras estabelecidas naquelas longas conversas, estava a de jamais perguntar aonde ele iria ou quando iriam se encontrar. Foi até o computador e criou o blog. Dois meses após a primeira noite, ela recebeu outra caixa, desta vez com um par de orelhas e um plug anal que lhe proporcionaria um belo rabo. Uma mensagem de texto dizia: Prepare o apartamento exatamente igual a primeira vez. Tenho lido seus textos e acredito que merece uma nova sessão e, dependendo do seu comportamento, talvez ganhe um nome desta vez. Por hora, fique com um afago do Sr. Noah.

Este post faz parte do BEDA: Blog Every Day August. Também participam:

Lunna Guedes – Mariana Gouveia DricaObdulionoClaudia ChrisViviane – Adriana – Ale Helga

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