Antologia poética – Augusto dos Anjos

O primeiro livro concluído do #DesafioLiterário2020 #Julho foi uma obra bastante controversa e uma leitura bastante difícil e cansativa, que me fez sentir vontade de desistir pelo caminho e buscar outra leitura – Coisa que não fiz para não carregar comigo aquela frustração ou sensação de não ter valorizado devidamente um grande autor nacional. E posso dizer uma coisa, com muita sinceridade? Ainda bem que continuei, pois o universo de Augusto dos Anjos não é, na minha visão, esteticamente belo, mas sem dúvida é muito rico, então, quando você começar a ler, não desista, apenas siga em frente, pare quando necessário, mas volte a ler!

Augusto dos Anjos foi um poeta paraibano que viveu entre 1884 e 1914; autor de uma única obra, “Eu” (posteriormente republicada com o título “Eu e outras poesias”, Augusto não foi bem recebido pela crítica de sua época – O poeta tece seus versos com grande morbidez, fixando-se na ideia da morte e da incompletude: É comum encontrarmos em seus versos citações do término abrupto e cruel das vidas não nascidas ou ainda infantes: Fetos, óvulos, bezerros. O poeta aparentemente teve fixação pela angustia acerca de tudo que “poderia ter sido”, foi um poeta dos potenciais inconclusos, cuja obra carrega em seus impecáveis versos, o peso do desanimo e do pessimismo. Augusto morreu jovem, aos trinta anos de idade, porém deixou como legado uma obra madura onde tece críticas à sociedade sem perder de vista o rigor formal dos versos e a riqueza de vocabulário onde utilizou copiosamente metáforas, termos científicos e filosóficos. A leitura é por si só bastante complexa e não se esgota com o término da obra, exigindo que o leitor se dedique também a leituras de apoio, como estudos e artigos. Por outro lado, talvez ao leitor que busque apenas um conhecimento básico sobre a obra, numa leitura pelo puro e simples prazer de ler, bastaria adquirir uma versão do livro com um excelente prefácio e boas notas de rodapé – Como é, por exemplo, a Antologia Poética organizada por Ivan Cavalcanti Proença para a coleção Biblioteca Folha, volume cuja leitura eu iniciei no primeiro dia deste mês e concluí hoje, dia dezoito. Confesso que, para mim, apenas a leitura dos excelentes estudos e dos poemas, não bastou, motivo pelo qual, como em outras ocasiões, deixarei as indicações de monografias e artigos que estou lendo aos poucos para mergulhar um pouco mais aprofundadamente no universo do autor.

Bibliografia indicada

DOS ANJOS. Augusto. Antologia Poética de Augusto dos Anjos/Augusto dos Anjos estudos e notas de Ivan Cavalcanti Proença – Rio de Janeiro Ediouro; São Paulo: Publifolha, 1997. – (Biblioteca Folha;24)

FERREIRA. Renan Mendonça. Conteúdos temáticos e ideológicos em Augusto dos Anjos.  Disponível em http://dspace3.ufes.br/bitstream/10/3240/1/tese_4543_.pdf

FONSECA; Deize Mara Ferreira. Sentir com a imaginação: Edgar Allan Poe, Augusto dos Anjos e um gótico moderno. Artigo publicado na revista Letras de Hoje, Porto Alegre, v. 44, n. 2, p. 40-48, abr./jun. 2009, disponível no site revistaseletronicas.pucrs.br

SABINO. Márcia Peters. Augusto dos Anjos e a poesia científica. Disponível em http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/LinguaPortuguesa/marciapeterssabino.pdf

3 comentários sobre “Antologia poética – Augusto dos Anjos

  1. Conheço o poeta, mas não li nada dele ainda, gostei de saber um pouco mais sobre ele e fico aflito em saber que sofreu um pouco para ler sua antologia, já fiz isso várias vezes com outros livros e sei somo se sente.

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  2. Menina, que trabalho bonito e completo de divulgação você nos trouxe! Sinceramente, tenho que lhe dar os parabéns! Uau! Um dos seus posts mais ricos, em minha humilde e singela opinião! Eu quero conhecer! Gosto dessas possibilidades de leitura voltadas ao histórico-cultural. Me instigou!

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  3. Nossa, lendo seu post, me veio toda uma lembrança da época da minha graduação (até mesmo da monografia de uma amiga, que na época estava pensando em escrever sobre a obra desse poeta incrível!). Ele era alguém à frente de seu tempo, e sua escrita chocava (e ainda choca!) pela forma quase visceral de seu texto. E aliando a leitura dos poemas dele á leitura de artigos, nossa… deve estar sendo uma experiência e tanto!
    Parabéns pelo post e que venham ótimas leituras e análises daqui em diante *-*

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