A pizza, o suco de laranja e a naja presidencial.

Tem um dia de verão no meu inverno e isso me deixa sem vontade de fazer praticamente qualquer coisa, porém, lembro-me que hoje é Domingo, dia de falar sobre o país, o mundo, a pizza e o suco de laranja. Por falar em suco de laranja, com a prisão de Queiroz convertida em prisão domiciliar, aumentam os riscos de que, no final, a laranjada acabe em pizza – Aliás, como bom esposo, Queiroz já está dividindo a pizza e o suco de laranja com a esposa que estava foragida até este sábado, mas voltou para casa após ter sua prisão também convertida em domiciliar – Me recuso a pesquisar fundamentos jurídicos, mas arrisco dizer que é um fenômeno jurídico raro, talvez único, a conversão da prisão de uma foragida para uma condição mais branda. E por falar em laranjas, pizzas e casamentos, o presidente que no início da pandemia precisou ser judicialmente obrigado a mostrar um exame de coronavírus negativo, repentinamente apresentou sintomas e declarou ter contraído a doença – Por coincidência em uma semana sensível diante das investigações sobre as rachadinhas que, ao que tudo indica, aconteciam em seu gabinete desde a época em que foi deputado – A parte curiosa é: Quando a maioria da comitiva presidencial adoeceu, ele foi a exceção, agora, nem mesmo a primeira dama testou positivo apesar do contato com ele, o que levanta suspeitas em muita gente de que a doença seja apenas mais uma desculpa para esquivar-se das respostas que precisam ser dadas. Pelo há algo azedo na laranjada presidencial. Outro destaque da semana é o anúncio do novo ministro da educação – Lembram que domingo passado eu comentei que estamos andando a passos largos em direção a uma nova idade média e que se não tomarmos cuidado, logo haverá fogueiras em praça pública? Pois é! O que me dizem dessa velha novidade que parece ter sido retirada diretamente de um armário perdido nos séculos? Um religioso que não deveria sequer assumir uma Igreja, portador de opiniões antiquadas, defensor até mesmo da aplicação de castigos físicos sob a fala de que crianças precisam sentir dor. Para ser ministro deste (des)governo, aparentemente os requisitos são: Ignorância, pensamentos retrógrados, fascismo e uma exacerbada religiosidade que não passa de falsa moral, também conhecida como hipocrisia, e oportunismo. Possivelmente, a única notícia boa desta semana foi a quase liberdade da cobra escravizada pelo playboy do planalto central! Num ato heróico a serpente mordeu seu raptor e acabou levando a polícia a encontrar as outras espécies criadas clandestinamente, em condições insalubres e degradantes para a vida animal. Espero que as cobras sejam devidamente encaminhadas a um lugar confortável e adequado, afinal, vamos concordar que é muita tristeza ser seqüestrada, traficada e ainda viver no Brasil (des)governado pelo Bolsonaro – Aliás, talvez entregar para a naja nossa faixa presidencial fosse uma boa ideia, afinal ela não fala asneira, não pratica rachadinha, não aprecia suco de laranja e, principalmente, mata uma pessoa por vez, diferente do genocídio promovido pelo atual governo através do péssimo gerenciamento da pandemia e das políticas contínuas de desmonte da saúde pública e retirada de direitos básicos, e o melhor, após empossar a cobra, bastaria colocar um ser humano competente para tutelar o réptil e teríamos um início de recuperação para este país, que está na UTI apesar das manchetes irresponsáveis alardeando um falso novo normal. Sabe de uma coisa? O jeito é comer um bom pedaço de pizza (afinal, dia 10/07 foi o Dia da Pizza, segundo o calendário capitalista) e aguardar pacientemente o desenrolar da próxima semana.

5 comentários sobre “A pizza, o suco de laranja e a naja presidencial.

  1. Que texto formidável, Darlene! Dá uma aliviada nas raivas que a gente passa diante de tantas injustiças causadas neste governo podre de Jair Bolsonaro Corrupto e bandido!

    Tenho FÉ que um dia tudo isso vai passar.
    A justiça está aparentemente corrompida.

    A fé é a nossa única solução para não desistir das lutas tantas.

    Diego.

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  2. Já comentei no outro post desse tipo mas preciso dizer de novo: estou adorando esses seus textos com o apanhado geral dos acontecimentos. Em meio há tantos absurdos ler as coisas do jeito que você escreve dá até uma aliviada momentânea na raiva. Essa história do excelentíssimo presidente apresentar, de livre e espontânea vontade, um exame positivo, me fez pensar exatamente o que você apontou. E digo mais, pensei também que poderia ser um tipo de marketing da tão adorada cloroquina, algo do tipo “peguei, mas tomei esse remédio e me curei. Viram como eu tinha razão?” . Quanto a naja, maravilhosa, como dizem, já fez pelo meio ambiente do país do que todos os ministros juntos.

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    • Fico muito feliz! Tem sido uma experiência diferente e, ao mesmo tempo, ousada. Recebi algumas críticas não tão positivas no privado da minha página no Facebook – Aparentemente, havia alguns defensores do (des)governo por lá e eles sugeriram que eu deveria ir escrever em Cuba – Considerando que lá já zeraram os casos de COVID, sugeri educadamente que me pagassem a passagem e seria um prazer. Não sei o motivo, mas acabaram me bloqueando…

      Abraços!

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