Acompanho os fatos da semana com um silêncio cansado e uma xícara de chá antes de dormir. Não tomo notas, apenas leio e vou digerindo todas as notícias indigestas, aguardando o final da tarde de domingo para prosear sobre o caos, quero dizer, sobre o mundo, e suas notícias. Dentre muitas coisas, uma notícia e suas repercussões me chamaram a atenção: A nuvem de gafanhotos que se aproximou do sul no país. Brasileiro é um povo que realmente precisa ser estudado – E isso é uma constatação e não uma crítica , afinal a mesma imaginação que nos permite zombar de qualquer limite é o que nos faz conseguir estender o salário até o final do mês – A quantidade de “memes” criada sobre os gafanhotos inundou as redes sociais e ironicamente, muitas pessoas que criticaram e acusaram a China de ter espalhado o COVID-19 pelo mundo por consumir carnes exóticas, passaram a postar receitas de como consumir gafanhotos, como se isso fosse comum. Também reparei que muitos deles relacionavam os insetos a certo capítulo bíblico onde dez pragas teriam castigado o povo do Egito. Confesso que não sou uma especial apreciadora de contos e histórias bíblicos, mas fui procurar um pouco e encontrei algumas coisas bem interessantes: Observando bem, o Brasil já está há tempos lidando com pragas, o rompimento da barragem de Brumadinho tingiu nossas águas de sangue inocente, nossa fauna silvestre vem sendo massacrada, chuvas e secas castigam as lavouras, ano passado o céu escureceu com as nuvens de fumaça proveniente das queimadas na Amazônia, nuvens de pernilongos espalharam de norte a sul dengue, chikungunya.e zica (inclusive temos uma nova linhagem da zica circulando, então todo cuidado é pouco), diariamente, filhos e filhas, primogênitos ou não, são assassinados pela violência policial, pela fome e, agora pela COVID. E os sapos? Se no Egito eles castigaram a terra, aqui no Brasil nós engolimos um caminhão deles todos os dias: De ministro mentindo no currículo a advogado da presidência contestando a decisão que obriga o presidente a usar máscara em locais públicos, passamos também por fogo destruindo terras indígenas, mães indígenas desesperadas por notícias sobre seus bebês (ou os corpos deles), cloroquina, funcionários públicos sem aumento até dois mil e vinte e dois, racismo e tantas coisas mais. É tanto sapo engolido que fome nem deveria ser problema por aqui. Aliás, por falar em sapos e políticos, não sei se a maioria já percebeu, mas as pragas do Egito, apesar de atingir todo o povo, resultaram da ira divina contra o Faraó que escravizada os hebreus. No Brasil, não temos Faraó, mas uma parte da população escolheu ser praticamente escravizada (arrastando junto a parte sensata da nação) por um presidente e uma bancada do boi, da bala e da bíblia que, de tão honrados e moralmente ilibados, são dignos receberem uma chuva de fogo e enxofre vinda dos céus, mas este é um outro conto e fica para outro dia – Se não formos atingidos por um dilúvio de suco de laranja até lá.
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