Mais um dos livros sugeridos para o #desafioliterário2020, Memorial de Aires é um livro que já li ano passado e estava procrastinando para escrever o resumo. Muito embora Machado de Assis seja um dos meus autores favoritos dentre os considerados clássicos em nossa literatura brasileira, essa obra em específico não figura entre as minhas favoritas – Um ritmo lento, narrado em na forma de diário que começa a ser escrito por um velho e aparentemente imperturbável diplomata aposentado. A narrativa inicia-se em janeiro de 1888, data em que o narrador completa um ano da sua aposentadoria e de seu retorno ao Rio de Janeiro. A narrativa segue imperturbável, com algumas observações sobre a sociedade, sem a acidez típica das obras machadianas, sem todo aquele emaranhado de descrições psicológicas. O Conselheiro Aires escreve sobre as pessoas que lhe são próximas, criando assim um texto intimista – Fala principalmente de sua irmã Rita, da viúva Fidélia e do casal Aguiar e sua solidão devida a ausência de filhos e ao afastamento do afilhado Tristão a quem amam como um filho. Aires, por uma conversa com sua irmã, decide conquistar Fidélia, viúva que se retirou das diversões da sociedade após a morte do marido, entretanto, o retorno de Tristão e o interesse do moço por Fidélia vão fazendo com que a decisão inicial de Aires vá se apagando aos poucos e ele passa a narrar os acontecimentos relativos a esse pequeno círculo social, composto por personagens da elite brasileira da época.
Mais tarde, pesquisando sobre o livro e a época em que foi escrito, descobri a existência de elementos autobiográficos do autor, que teria retratado a si e a esposa Carolina através do casal Aguiar. Também descobri que foi o último romance do autor. Entretanto, lendo e relendo aqui e ali, outro dado me caiu em mãos: O livro se passa entre 1888 e 1889, sendo 13 de Maio de 1888 o ano da abolição da escravatura no Brasil – E, especificamente sobre esse assunto, ou a aparente ausência dele, em um livro que se dedica a retratar os tipos de uma classe dominante, encontrei um incrível artigo de autoria de Pedro Coelho Fragelli, mestre e doutorando em Literatura Brasileira pela USP e faço questão de deixar o link aqui para vocês darem uma olhada – Aliás, sugiro mesmo que leiam, pois ao menos no meu caso, mudou bastante a percepção inicial que tive da obra.
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Link do artigo citado no texto:
FRAGELLI, Pedro Coelho. O Memorial de Aires e a Abolição. Novos estud. – CEBRAP , São Paulo, n. 79, p. 195-208, novembro de 2007. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-33002007000300010&lng=en&nrm=iso>. acesso em 24 de janeiro de 2020. http://dx.doi.org/10.1590/S0101-33002007000300010.
Opa! Amei trazer conteúdo de fora, de mestres na área. Sério mesmo! Muito bom. Sobre a questão da escravidão, Machado era contra a maneira que ela era feita, por isso, na época, foi considerado anti-abolicionista. Tem mta treta envolvida.
Porém, vou ler o artigo para saber através de um especialista! Obrigada pela indicação. ♥
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Opa!!! Por nada! Vou tentar fazer isso mais vezes ♡
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Gostei demais de ter lido essa obra, a estudei no curso de Letras e apesar de ser uma análise difícil, gostei demais da temática que ela nos passa. Deveria ser uma história que todos deveriam ler.
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Concordo que todos deveriam ler, entretanto, as minhas favoritas do Machado são Helena e o conto “pai contra mãe”.
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Adorei que você trouxe o artigo para podermos conferir também.
Gosto muito quando além da resenha tem esse tipo de curiosidade como o de elementos autobiográficos presentes no livro.
Parabéns pelo post!
Beijos
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Obrigada!!!!
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Me lembro de ter lido esse livro na época do vestibular, mas apenas pelo título porque não me recordo de absolutamente nada da história. E olha que gosto da Machado de Assis, minha obra preferida é O Alienista, mas também gosto muito de Helena e o clássico Dom Casmurro. Talvez esse eu não me lembre por ter lido para por obrigação do que por interesse próprio. Enfim, achei interessante esse ponto que você levantou sobre a abolição, me lembro de durante as aulas de literatura acontecerem discussões sobre a postura do Machado nessa situação, mas não é algo que eu tenha me aprofundado, na verdade.
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Meu preferido do Machado é Helena. Engraçado, nenhum professor havia falado sobre Machado de Assis e a questão da escravidão, só agora, lendo e pesquisando por prazer que acabei vendo essas questões ♡
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Memorial de Aires não está entre os romances mais populares de Machado de Assis. Preferem especular sobre a traição de Capitu ou se divertir com a ironia pessimista de um “defunto autor” que acompanhar o cotidiano tedioso de um narrador fleumático.
Eu o li por ser citado durante o curso de psicologia por um professor. Fleumáticas são pessoas de temperamento indiferente ou apático, impassível ou imperturbável, frio ou tranquilo.
Enfim, eu gosto do narrador da história que parece se divertir com o que vê… adoro as ironias bem pontuadas. Mas, a leitura já tem anos, creio eu que precise voltar ao livro (quando é a questão). rs
bacio
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Nossa, você nos trouxe uma super dica! “Memorial de Aires “, de Machado de Assis. Essa #desafioliterário2020 está começando muito bem, aliás! Não sei se conseguiria acompanhar mais de perto, digo, com as leituras que você nos indica, mas estou adorando conhecer e relembrar algumas obras! Um beijinho no coração!
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Opa!!! Obrigada!!! Essa semana ainda tem postagem da última obra de Janeiro, Clara dos Anjos e o sorteio das indicações pra Fevereiro!
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[…] boy em apuros, Sobre a modernidade, Memorial de Aires eUm tempo para […]
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Como não amar Machado de Assis??? Esse ainda não li…
Abraços
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