O país do futuro virando fumaça
Enquanto nos céus a rota dos helicópteros traça
Mais uma história de dor e luto na cidade maravilhosa
E o silêncio é uma coisa espantosa
Cadê os gritos de protesto do cidadão de bem?
São pró-vida quando a decisão é sobre o feto
Mas a criança da favela? Não querem ver por perto
Na bienal, um gibi escandaliza mais
Do que um povo que não tem mais paz
Nas escolas paulistas
Apostilas recolhidas por pessoas pseudo-puritanas
A milícia ameaça e já temos exilados
Quem entende alguma coisa olha pros lados
E tenta acordar a nação de zumbis
Que aplaudem o sangue pelo chão
Que aplaudem o desmonte da educação
Não é esse o futuro que eu quis
Mas é esse o futuro que tenho agora:
Escrever, gritar, colocar pra fora
A indignação de saber que pra tantos
A violência é motivo de aplausos
E o amor deveria ser contra a lei
Enquanto a ministra pede união contra o feminismo
Outros “ismos” destroem uma nação
Racismo, fundamentalismo
Um verdadeiro tiro no coração
E eu não sei
Se ainda vai sobrar
Alguma história pra contar
Se essa guerra contra a periferia
Um dia vai acabar
Se ainda vai haver alguém por aqui
Quando o tal cidadão de bem acordar
Quando entender que Deus, pátria e família
Deveriam acolher todos os deuses
Todas as pátrias, todas as famílias
E não apenas aquelas das novelas.
Ah! País do futuro… Como tudo ficou tão inseguro?
Republicou isso em REBLOGADOR.
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Perfeito o que escreveu. Em seu texto está explícito tudo o que andou acontecendo semanas atrás e ainda continua. Foi bem um tapa na cara dos governantes com frases poéticas. Parabéns!!!
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Oii! São tantas banalizações que suas considerações me deixam de certa forma triste, porém, também atenta à realidade cotidiana! Assim como o Daniel, também sou de São Gonçalo, embora não more mais lá. Contudo, o crescimento desacelerado anexado ao processo de crescimento contínuo da violência e sua banalização chegam com força, nos causam medo, repulsa, sei lá! Uma realidade nua e crua! E sem perspectivas de melhoras! Parabéns por suas considerações!
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Obrigada! Gostaria de me ater ao romantismo em minhas poesias, mas é impossível pintar o mundo de cor-de-rosa quando a brutalidade do sistema tem tingido nossas ruas de vermelho com o sangue inocente do povo.
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Sou de São Gonçalo e sinto na pele uma porcentagem do seu post. Parabéns por tornar poesia um assunto tão duro e cotidiano, que um dia isso possa gerar reflexão a todos, sem revolta ou tantos “ismos” que só nos dividem e agravam a situação.
Abraço 🙂
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Um olhar poético e dolorido do retrato da violência em nosso país. Violência em todos os sentidos: física, moral e social. Até quando teremos que aguentar? Toŕço para que dias melhores nos encontrem.
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Muito real seu texto, infelizmente. Me lembrei na hora da música “Que país é esse?” e é triste ver que desde que foi escrita as coisas por aqui não mudaram nada e talvez até tenham piorado. É mesmo uma “sujeira para todo lado” e cada vez mais “a violência é motivo de aplausos”. Parabéns pela sensibilidade de retratar isso de forma tão poética.
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Oi, tudo bem? Gostei do seu poema. Me entristece muito que nosso país esteja regredindo tanto. Não que os outros governos anteriores fossem perfeitos, mas o de agora parece que regrediu pra idade média. Cruzes.
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Nossa, quanto expressividade.
Vivendo no Rio vivencio toda essa luta de perto.
Muito triste o que vivemos, não só aqui, mas no país todo.
Às vezes é até difícil enxergar o futuro. Acabamos sendo reféns sem saber se aquele será nosso último dia.
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Sou de São Vicente, litoral paulista, mas acompanho pela TV com muita tristeza as coisas que estão acontecendo no país, especialmente no RJ… Que venham dias melhores!
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Triste! Infelizmente ou talvez felizmente teremos história a serem contadas, resta sabem quem contará…
Abraços
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Oiii! Belas e extremas reflexões! Parabéns! Um tremendo tapa na cara de uma sociedade tão fundamentalista, e ao mesmo tempo tão hipócrita! Que hajam mais pensamentos intensos por aí sendo expostos mas mídias como os seus! Não pare, viu?? A gente chega lá!
Bjs
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Ah, minha cara, me lembrei da música do Chico Buarque, e adapto cá “apenas de tudo isso, amanhã há de ser outro dia”. E respiramos fundo e pensamos “onde foi que tudo deu errado?”. Por que não foi do nada que surgiu tudo isso. Não foi por acaso que todas essas coisas aconteceram. É triste ver que tudo desmoronou e ninguém bate panelas, ninguém faz buzinaço. Estão todos satisfeitos com toda essa miséria-horror.
Bela (triste) narrativa
bacio
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Ah, tento entender também de onde tudo isso surgiu… Realmente, “amanhã vai ser outro dia”, só não sei se alguém irá sobreviver pra ver esse dia..,
Beijos!
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