A praça

Quando foi que a cidade se tornou um lugar hostil? Já reparou na pressa das pessoas? Ninguém olha pro céu, nem pras árvores na pracinha – Aliás, praticamente ninguém para na praça pra conversar, ler um livro, namorar ou apenas observar o movimento. Dias atrás parei na praça pra tomar um lanche – os bancos estavam vazios – exceto pelo ponto de ônibus do outro lado, repleto de pessoas com rostos cansados. Vi os carros passando, farol abrindo e fechando. Fiquei imaginando como seria bom um encontro no final do dia, sentar ali naquele banco pra bater um papo rápido com aquele alguém especial pelo simples prazer da conversa, sem intenção nenhuma além de ficar alguns minutos de mãos dadas antes num lugar perdido no coração da cidade e pensando nisso me senti tão solitária quanto aquele espaço vazio onde havia me instalado pra descansar antes de seguir viagem. Terminei o lanche, fechei a bolsa, atravessei a rua e tomei meu lugar em meio aos rostos cansados no ponto de ônibus. Não resisti e fotografei a praça. Guardei o celular e subi no primeiro ônibus super lotado – só mais uma “sardinha” naquela lata de sardinhas sobre rodas. O corpo apertado pelo descaso com o transporte público, o coração apertado pela saudade das coisas que tendem a não acontecer.

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