Em 17 de Abril de 2016 votava-se no Congresso o afastamento da Presidenta Dilma, que posteriormente sofreria o impeachment. Foi o início de um período nebuloso que perdura até os dias atuais: O atual presidente aprofunda ainda mais o abismo social já existente no país através de reformas que precarizam o trabalho, o ensino, os serviços públicos e até mesmo a aposentadoria. É uma realidade assustadora, especialmente para as camadas sociais menos favorecidas economicamente e para as minorias. E isso tudo está sendo vendido e maquiado pela mídia de forma a levar uma parcela da população a acreditar que esta é a única maneira de sair da atual crise é a implementação de tais medidas que trarão resultados desastrosos para o futuro do país. É impressionante o silencio ou mesmo a fala em negação da grande maioria dos legisladores quando o assunto é taxar as grandes fortunas, exigir que as propriedades cumpram sua função social, priorizar o meio ambiente ao lucro das grandes empresas. É deprimente vermos dívidas de teleoperadoras sendo perdoadas enquanto direitos básicos são massacrados. Mas essas questões não são a parte mais nojenta e indigesta do período em que vivemos! Ao escrever este texto, recordo-me de estar assistindo à votação dia 17/04/16: Inicialmente foi chocante reparar na quantidade de deputados e deputadas que orgulhosamente diziam ter votado a favor do Impeachment do Collor! Eles simplesmente esqueceram que cargos políticos são temporários e se perpetuam no poder (com a ajuda dos votos da população que eles sistematicamente prejudicam)! Além disso, houve tantas citações religiosas (ignorando o fato de vivermos em um país laico), tantas falas “dedicando” o voto ao futuro de filhos e netos (como se o futuro dessas crianças, nascidas em berços regados a dinheiro e corrupção estivesse em risco). Houve também falas imundas e uma funesta homenagem a um torturador. Sim, essa votação deveria envergonhar a todos – até mesmo àqueles que discordam do governo Dilma. Aliás, certas falas deveriam especialmente envergonhar àqueles que se dizem “defensores de um país melhor, com mais igualdade e sem corrupção”. O Impeachment não se baseou em leis – não houve crime comprovado! O impeachment foi um acúmulo de forças corruptas que , em conchavos pretendiam barrar investigações antes que nomes importantes da direita caíssem e foi fortalecido pelo machismo e pela intolerância – dos nossos representantes e, infelizmente, de uma parcela da população que insiste em acreditar no que lhes é vendido por eles.
Fico imaginando como os futuros historiadores conseguirão explicar esse dia histórico para o nosso país: A retirada de uma presidenta do poder por motivos meramente políticos através de um circo de horrores.
Um ano depois, o que nos resta é buscar formas legitimas de organização para lutar pelos direitos que nos estão sendo tirados e pela melhoria geral da qualidade de vida neste continental país, mas isso só será possível quando cada um e cada uma se derem conta que política não é “aquele troço que acontece a cada quatro anos onde decidimos quem irá ocupar o poder” e sim uma atuação constante, diária, de cada um.
E, por falar em direitos e lutas: Dia 28 de Abril é dia de Greve Geral. Independentemente da opinião de cada um sobre o Impeachment (que foi tema inicial deste texto), a participação no movimento de greve é imprescindível para barrar a reforma trabalhista e previdenciária. Se houver protestos na minha cidade, estarei na rua! E vocês?
#nenhumdireitoamenos #ForaTemer #PrevidênciaFicaTemerSai #DiretasJá
Temos de “fechar” a fábrica de bandidos: o Estado Brasileiro. Mudar sua estrutura é a única solução. Se o Brasil não for reinventado, continuará subdesenvolvido, porque assim é mais fácil controlar e roubar a sociedade.
Há que expulsar constitucionalmente e para sempre, todos os políticos corruptos deste Congresso e de todos os cargos públicos e públicos do país. Há que retirar-lhes o Foro Privilegiado, para que fiquem à mercê dos tribunais estaduais. Só então será possível existirem eleições e reformas generalizadas, sem políticos corruptos e rentistas corruptores a controlarem artificialmente a política e a socioeconomia nacional.
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Concordo com a necessidade de uma mudança radical em nosso sistema! E isso definitivamente não se consegue através de uma votação onde corruptos utilizam de seu tempo para conduzir um processo deturpado. Veja bem, o questionamento do texto não é “deveria ou não haver impeachment” e sim: O processo foi conduzido de forma limpa e clara? Não é o que nos diz as gravações onde se deixa claro que seria mais fácil estancar a sangria (da lava jato) colocando o Temer antes que políticos conhecidos acabassem caindo. Como eu disse no final: Construir uma nova política é conscientizar a população da necessidade de realizar atos políticos (não necessáriamente partidários) diariamente, através de coletivos, auto-organizações e participação popular. E, principalmente, lutar para manter direitos conquistados – como os direitos garantidos na CLT que vem sendo suprimidos em reformas absurdas!
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Falando de política e de políticos, que há de legal e limpo neste país?
A Dilma foi um peão que eles, os donos da corrupção, quiseram pôr fora do tabuleiro político, assim como Lula, Eduardo Cunha e outros mais.
A questão não está no político x ou y, mas sim na corrupção generalizada que corrompe e faliu socioeconomicamente este país. Todos os políticos sabem e sabiam de tudo e de todos. Todos os rentistas, incluindo a mídia, sabem e sabiam de tudo e de todos. Há muito anos que todos sabem de tudo e de todos. Mas a corrupção está institucionalizada… pois ela sempre fez e continua fazendo parte do aparelho de Estado. Enquanto a Constituição permitir políticos suspeitos confirmados de corrupção na gestão do Brasil, a pobreza e a miséria tomarão conta deste país e de nada servirá termos eleições sem uma limpeza da sujeira que está no seu leme.
Entretanto este Congresso e Executivo querem sacrificar toda a sociedade civil com reformas mega-antipáticas que simplesmente não tocam em nada no desenvolvimento da Nação. O Brasil precisa ser passado a limpo, e a única solução efetiva e eficaz é através de uma Intervenção Institucional que promova uma repactuação legal, desde a Carta Magna até às outras quase 200 mil leis em vigor. Só então serão possíveis eleições gerais.
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Então. Um historiador famoso por seus conhecimentos profundos foi abordado por alguém, depois de uma palestra. A pergunta era simples: o que ele achava da revolução industrial. “Isso foi há um século. Ainda é cedo pra saber”. Sempre bom te ler, Darlene. Sempre bom.
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Belo comentário! Abraços! Sempre bom vê-lo por aqui!
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Sempre bom vir
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Oi Darlene, ótimo texto e concordo com você: para mim o processo de impeachment não foi conduzido de forma clara (por isso e outras configura GOLPE), além de ser uma das maiores vergonhas deste país. Mas, apesar de tudo, depois que passarmos por essa turbulência, ainda tenho esperança que o Brasil volte a ter um equilibrio e uma democracia de fato, que mantenha e institua novos direitos para o povo (e não somente para a elite). Pode me chamar de iludida se quiser, mas tenho esperança de ver isso, mesmo que até lá eu esteja velhinha… Beijos.
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Também tenho essa esperança, por isso milito em um partido de esquerda onde a minha corrente acredita que somente incentivando a participação popular efetiva conseguiremos construir um sistema diferente! Espero mesmo que um dia o país consiga tornar-se um lugar digno para todos e todas e, ao mesmo tempo, preserve seu meio ambiente!
(PS: Mesmo que eu também esteja velhinha até lá)
Abraços!
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Esse dia está chegando lol lol
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