Primeiramente, Fora Temer!
Nos últimos tempos uma considerável parte da população brasileira se desinteressou por assuntos ligados a política. São tantos escândalos, corrupção e sujeiras expostos diariamente no jornal e tanta precariedade, pobreza, insegurança e injustiça presenciadas no dia a dia que tal desinteresse, em um primeiro momento, parece ser algo normal, a solução mais lógica para um país “sem solução”. Mas, e se pensarmos diferente? Quando a nossa casa está bagunçada, o que fazemos? Deixamos continuar uma bagunça ou dedicamos mais tempo a organizar as coisas? Geralmente a segunda opção, correto? Com a sociedade, a lógica é a mesma! Se algo nos incomoda, temos que participar e ajudar a construir uma mudança – e isso não deve ser um comportamento que ocorre apenas a cada dois anos, quando vamos às urnas escolher nossos representantes! Atos políticos são atos diários. As lutas dos movimentos sociais, as organizações de moradores, o movimento estudantil, tudo isso participa da construção da sociedade e cabe a cada cidadão se organizar para propor e cobrar soluções! Ontem, dois de outubro, foi dia de ir às urnas e decidir os candidatos que irão representar a população na esfera municipal pelos próximos quatro anos .Em tempos onde as opções parecem ser apenas “mais do mesmo”, em tempos em que muitas vezes o ódio e seus representantes parecem dominar a cena política, a participação na política partidária vem sendo tratada por algumas pessoas como motivo de vergonha ou descrédito, mas é bom lembrar que a esperança nunca deve morrer.
Estes últimos meses foram bastante intensos. Talvez a maioria dos leitores e leitoras não saiba, mas sou militante do PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) e, este ano pela primeira vez, estive envolvida na construção de uma candidatura – a candidatura do companheiro Héric Moura para a vereança aqui em Santos. Foi uma campanha linda. Acompanhar e participar de cada etapa foi sem dúvida um motivo de alegria e um grande crescimento. Desde a pré-campanha até o último sábado antes da votação, foram horas de trabalho intenso, de companheirismo e de esperança. Não foi uma candidatura qualquer. Foi uma candidatura independente e coletiva, uma nova forma de fazer política, com honestidade e coerência. Percorremos as ruas da cidade batendo de porta em porta, conversando com as pessoas e explicando o projeto de um mandato com participação popular. E a cada rua, a cada casa, a cada conversa, só aumentava a certeza de estar no caminho certo, no lugar certo. E não há sensação melhor no mundo do que fazer o que se acredita! Infelizmente não conseguimos a cadeira na câmara, mas conseguimos conversar com pessoas, entender a cidade de uma forma que jamais seria possível se estivéssemos trancados em frente a livros e computadores. A frase que intitula este texto (confesso desconhecer a autoria) define bem o sentimento pós eleitoral: Nossos sonhos não cabem em suas urnas! As eleições municipais passaram, mas o sonho de ajudar a construir uma sociedade justa permanece. E esse sonho se espalha pelas ruas das cidades e pelos campos, e ainda que nossos pés pareçam lentos ao tentar caminhar em direção ao horizonte sonhado, o importante é que não estamos parados nem sozinhos no caminho!
Escrevo tudo isso para explicar aos que acompanham este espaço o motivo do meu breve desaparecimento (quem acompanha a minha página no facebook ainda recebeu uma ou outra postagem), para dizer que estou de volta com poesias, textos, resenhas, receitas, e com a alma repleta de gratidão por participar de um projeto tão intenso e belo e, principalmente, deixo aqui este relato absolutamente pessoal sobre a campanha e a construção política para convidar a cada um e cada uma a refletir sobre o que tem feito para tentar entender e mudar a situação que vê ao redor de si, pois se você não mudar, ninguém poderá mudar por você!
Um enorme abraço a todos e a todas!