Bambino… Lembra aquele baile? Você me deixou esperando quase duas horas, escondida sob a marquise da faculdade, debaixo de uma chuva torrencial. Tuas mensagens diziam que você estava atrasado, mas já chegaria já. Por fora eu parecia uma bonequinha vestida por alguma garotinha caprichosa, por dentro eu era um mar tempestuoso de ansiedade. Iríamos sair juntos e dançar. Foi tudo perfeito, como aqueles filmes água com açúcar, você lembra? Dividimos o mesmo guarda-chuva, rimos, a música era o pano de fundo perfeito. Só dançamos uma vez e você não sabe, mas para mim foi como se bailássemos entre nuvens com um coral de anjos. Quem nos olhasse poderia dizer que éramos um casal – mas a verdade é que nós nunca seremos e só eu sei o quanto constatar isso faz meu coração doer.
É Bambino, “aquele baile” aconteceu há horas e eu aqui sem dormir traço estas linhas imaginando que daqui alguns anos você vai ler e lembrar-se desta noite que não terminou em um beijo apaixonado, mas ainda sim foi o mais próximo de um clichê doce e romântico que eu pude viver.
(Da série “Devaneios tirados do fundo de uma gaveta” – 2013)